sábado, 21 de novembro de 2015

Taqsim Baladi (continuação: Zeinab)

Você nunca verá um grupo coreografando um improviso Baladi, simplesmente não se faz, embora no “SHARQI” haja diversas coreografias de grupos e na verdade, quando o “RAQS SHARQI” começou, usava-se muito a presença de bailarinas de fundo. Então, o que é Baladi?
Venha comigo para um passeio pelas ruazinhas do Cairo. Não exatamente pela rua Mohammed Ali, o local onde viviam e vivem diversos músicos, dançarinas e outros artistas desde o final do século passado, isto é muito óbvio; vamos para Haret Zeinhom, no distrito El Sayeda Zeinab do Cairo. Mas... Quem vive ali? Pessoas que se mudaram para a cidade algumas centenas de anos atrás, ou ainda antes disso. Estas pessoas vieram de outras cidades do Egito como El Mahalla, El Kobra, Alexandria, Luxor, Aswan, Asyout, Quena, Banha, Damanhour, Domiat, Sohag... ou qualquer outra. OK... Por quê? Para conseguir melhores empregos ou comercializar seus produtos.
Agora, estas pessoas são muito especiais, elas não são como o povo da cidade, entretanto, algumas são muito bem educadas e continuam educando suas crianças. Muitos deles são agora doutores, arquitetos, advogados, militares, diretores de grandes companhias ou ainda estão trabalhando no Governo. E mesmo se tornando parte da cidade grande, eles ainda sentem muito orgulho de suas raízes e portanto ainda são muito ligados a elas, e é isso o que eles sempre irão chamar de “CASA”, a cidade ou vilarejo de onde vieram. Eles dizem que um dia ainda irão retornar a “EL BALADI”, ou seja, meu lugar, minha terra natal.
Em árabe, “BALADI” significa meu país, minha terra natal. Mas para o “sofisticado” povo da cidade (uma das definições do dicionário para Sofisticado é irreal, falso) significa algo que cresce do chão, ou seu país, ou caipiras ou mesmo roupas de gosto duvidoso. Eles dizem “Ohh lala, isto é Baladi”. OK. Vamos agora observar a vida deste povo Baladi, e vamos prestar atenção em uma jovem moça imaginária e estudar seu dia a dia, o que se espera dela, o que ela espera da vida, suas ligações com o mundo. Vamos chamá-la......Zeinab.
A família de Zeinab não é rica, eles moram em uma área pobre, em Haret Zeinhom. Seu pai trabalha em uma fábrica e ganha muito pouco, apenas o suficiente para sustentar a família, composta por sua mãe, outras irmãs mais novas e dois irmãos, que têm 25 e 23 anos. Ela é a terceira criança e tem 18 anos, completamente crescida e madura e poderia quebrar seu coração com um sorriso ou um olhar de seus belos olhos. Com seu longo cabelo negro e uma face semelhante à da lua cheia sorrindo para você de alto a baixo, você verá que o respeito das tradições familiares não apenas foram plantados nela mas também floresceram juntamente com seus irmãos protetores, que são muito temerosos, COMO TODOS AQUELES QUE ESTÃO LENDO ESTE TEXTO, cada um com seu próprio grau de reputação, honra e respeito. Isto é TUDO o que o povo BALADI tem, e é TUDO com o que eles se preocupam: SE RESPEITAR E SER RESPEITADO POR TODOS OS OUTROS.

Agora você poderia lançar-me um olhar de censura e dizer que os irmãos, ou os homens controlam a garota, etc... etc... mas antes que você faça isso, por favor pergunte-me esta questão vital:

P) Quem ou o que são as mulheres para um homem egípcio/árabe?
R)Uma mulher para um homem egípcio pode ser: Mãe, irmã, filha, tia, avó, prima, noiva, esposa ou empregada doméstica. Bem, um egípcio não poderá NUNCA dizer não para nenhuma destas damas. Elas controlam completamente sua vida. Aquilo que ele come, aquilo que ele veste, o local onde ele irá dormir, que emprego “ELAS” terão orgulho que ele assuma, e ELAS ESCOLHEM PARA ELE A MULHER COM QUEM ELE IRÁ SE CASAR.
Conheço diversos desastres causados por algum pobre homem que se casou com uma garota que não era a escolhida pelas mulheres da família. Virou um inferno na terra. Acredite em mim, meu irmão fez isso 30 anos atrás, e vive apenas para consertar seu erro. Porém, as senhoras têm suas próprias leis morais de conduta e o que elas consideram ser uma boa mulher ou uma não tão boa. Ela deve ter qualidades e hábitos que as demais aprovem. Veja bem, ela será a porta e um agente especial para o marido, para convencê-lo, à sua maneira, a fazer o que as outras mulheres querem que ele faça.
Eu não estou aqui para julgar nada nem ninguém, eu estou apenas fascinado pela maneira como este jogo de xadrez é jogado. É um jogo da vida, e as mulheres egípcias o jogam apaixonadamente, até o fim.

Lembro-me de quando eu era um jovem no Cairo, eu tinha um grande amigo que também era baterista chamado Tareq, nós dois éramos muito “SOFISTICADOS” (ooops), provenientes de famílias de classe alta. Minha família era Pashas e estava na indústria do cinema e também havia mercadores muito ricos de ouro e diamantes do Khan el Khalili. Um dia, Tareq e eu estávamos em El Hossein, e andávamos atrás de uma moça.
Esta moça Baladi devia ter cerca de 28 anos de idade, e nós tínhamos cerca de 16 ou 17. Ela vestia uma longa Galabeya (túnica) que estava bem folgada, mas onde o Melaya (um lenço muuuuito comprido) estava amarrado, podíamos ver a maravilhosa forma de “Coca Cola” (Tamanho padrão) (brincadeirinha) de seu corpo. Havia uma certa parte de sua traseira que se movia independentemente, como dois gatinhos brincando em um saco, ... Então, ritmicamente, Tareq e eu começamos a cantar um Maqsoum para seu andar: Dom Tak Trrrrak Dom Retitak ... e após algumas barras de compasso nós não aguentamos mais e começamos a rir. Mas eu nunca esqueci aquele dia. Ela andava como se não houvesse nenhuma outra mulher para se olhar neste abençoado planeta além dela. Até onde ela sabia, ela ERA. Orgulhosa, forte, agradável e muito respeitável, e cheia de força feminina. Imagine que esta era Zeinab. Agora, a irmã mais nova de Zeinab, Souaad, está se casando, e este é provavelmente o dia mais feliz da vida de Zeinab, mais feliz ainda que a noite de seu próprio casamento. Para ela, agora o dever de sua família foi cumprido, e seu pai e sua mãe podem começar a ter um pouco de vida para si mesmos também. Não pense que ela não irá dançar nesta noite, pode apostar que sim. E em PÚBLICO também. Como ela irá fazer isso sem quebrar as tradições de nunca expor uma grande porção de sua feminilidade em público de modo a não envergonhar seu esposo, que deve ser respeitado e deve dar a idéia de um “LEÃO” da família, se não de toda a vizinhança, de modo que ele possa ficar quieto e continuar a fazer o que está fazendo, ir trabalhar todos os dias e trazer o dinheiro para a casa, para dar a ela? Ela terá que dançar bem devagar, conquistando seu espaço pouco a pouco.... Um pequeno taqsim ou um Oud, ou como se faz recentemente, um acordeom ou um saxofone ou mesmo um teclado, é uma boa maneira de começar. Ela terá que dançar em um único ponto, com pequenos e contidos movimentos, muito contida mas cheia de sentimento pela música, e expressando a música.
Se a música faz uma nota longa, ela ondula com esta nota como os brotos de bambu ao longo das margens do Nilo, ondulando com a força da brisa. Mas se a música tem pequenos sons acelerados, ou mesmo tremidos, ela faz o shimmie acompanhando. O bambu também é chamado de Oud, de onde vem o nome da introdução do Taqsim assim como também é usado para o instrumento Oud. É por isso que também é chamado de AWWADY. Esta parte é como um Mawwal (canto livre, nostálgico e não-rítmico) de um instrumento.
Mas veja bem, a platéia quer ver toda a dança de Zeinab. Então, quando o gelo começa a ser quebrado, o ritmo é introduzido pouco a pouco novamente. Como isto é feito? O Taqsim dissolve-se e volta à sua escala de abertura (a escala musical volta ao início) então os instrumentalistas fazem um jogo de pergunta e resposta com os percussionistas. Tanto as perguntas quanto as respostas cabem em uma barra do ritmo na mesma velocidade como se e quando elas continuassem, os músicos tocassem juntos, mas em um estilo de pergunta e resposta. A melodia toca em 2 e 3 – então a percussão toca em 4 e 1, POR QUATRO TEMPOS ou por oito tempos, brincando alegremente e incitando Zeinab a dançar com mais e mais ritmo, até que eles sentem que tudo está bem no que se refere especialmente ao Querido (Hubby)... o LEÃO de todos os LEÕES, e então eles iniciam um ritmo Maqsoum contínuo. Esta parte de perguntas e respostas é chamada Me-Attaa. Significa quebrar pequenos pedacinhos da música e do ritmo.
Uma vez que o ritmo esteja estabelecido, e agora Zeinab está dançando, mais ainda de forma conservadora mas com um pouco mais da sensualidade que lhe é reservada e um toque feminino pessoal. Mas, como então os músicos percebem que tudo está bem, após um pouco mais de tempo eles iniciam um tipo diferente de perguntas e respostas – Me-Attaa. É um pouco mais veloz e indica uma possibilidade da chegada de um ritmo ainda mais rápido.
Então eles entram em um Maqsoum acelerado. Neste momento, Zeinab está livre de todas as inibições e, que diabos, é o casamento de sua própria irmã, e ela sabe que está provocando seu marido que fica totalmente frustrado, silencioso e atado loucamente como se nada estivesse acontecendo... Mas ela também conhece a doçura da corda com a qual está atando-o a seus pequenos e delicados dedos... então chega a hora do ÚNICO PASSO DE DANÇA QUE É VERDADEIRO E TRADICIONAL, CONHECIDO POR TODAS AS MULHERES EGÍPCIAS, O BALANÇO DOS QUADRIS (por favor observe o artigo de Hossam na Habibi Magazine, está bem explicado ali). E o casamento se incendeia em um fogo bem-aventurado. Nesta parte, os músicos tocam uma canção saudosa do folclore egípcio, o som dos Mizmar... Isto soa como acentos em 2 e 4:
4/4
1
2
3
4
|
1
2
3
4
Tiit
Toot
Teet
Teit
E assim por diante. Esta parte da música é chamada TET.
Isto pode prosseguir por algum tempo, mas enfim teremos que voltar para o mundo das PESSOAS BALADI, não é? Isso quer dizer voltar para as raízes, o lado caipira, as fazendas e vida no campo, o estilo Fallahy de viver, então voltamos a um outro Me-Atta, mas estas perguntas e respostas diminuem gradualmente de modo que você pode PUXAR o ritmo FALLAHY para um rápido Maqsoum (Puxar, em egípcio, é Magrour) o que é, em essência, o ritmo Fallahy.
Neste ponto, elas normalmente fazem a Andada Egípcia (para os ocidentais, Andada com Shimmy). O TET também pode ser tocado com o Fallahy.
E então chega, agora você já viu tudo, e vamos encarar, o querido está sorrindo tanto e fingindo que ele não está com nenhum ciúme. Como os músicos são os culpados por as coisas terem chegado neste ponto enlouquecido de dança e música (na mente de Zeinab e nas justificativas para seu marido), eles devem acalmar as coisas gradualmente ou as pessoas ficarão muito enlouquecidas se eles pararem de repente, então eles diminuem mais e mais e mais a música até voltar para o Taqsim Awwady original, e um final gentil. É assim que uma mulher BALADI dança o Baladi.

Isto tem sido incorporado e repetido em palcos em quase todas as casas noturnas por causa da necessidade de haver variedade nos programas destas casas. Você pode se perguntar o que, então, é dançado nos CABARÉS. Basicamente, é o RAQS SHARQI. Nas casas noturnas eles fazem um pouco de introdução SOFISTICADA na música, e se dança usando uma roupa de duas peças, como uma mulher Baladi jamais seria vista usando, pois é uma coisa SHARQI. [Muitas pessoas confundem chamando aquilo de roupa estilo clássico, mas não é. Esta é uma ideia relativamente nova que chegou por meio das casas noturnas, e é governada pelas leis do quanto mais pode ser exposto e mostrado pelas assim chamadas “dançarinas de Raqs Sharqi”, que se tivessem chance naquela época, teriam mostrado ainda muito mais do que você pode imaginar] então elas saem do palco para trocar esta roupa pela peça única chamada THOUB (vestido, o que as moças Baladi usam) para fazer um número Baladi ou de algum outro folclore, e então outro Baladi ou Saaidi, e então Baladi, tudo leva ao Baladi. Então o solo de percussão e a saída.
Verifique qualquer gravação de música Baladi, de qualquer músico ou em qualquer CD ou vídeo e veja como isto realmente se aplica, mas agora você sabe a razão do porquê eles inventarem isso e como ficou assim.
Se você me perguntar quem é a melhor dançarina de Baladi em todo o Egito hoje, a resposta é simplesmente LUCY. Antes era a Senhora Nagwa Fouad, e a frase, El Baladi Youkal, é uma coisa que os vendedores ambulantes gritam para vender suas próprias produções, e significa que Baladi é ótimo... e assim também é ZEINAB. Palmas para Zeinab.

Com muito ritmo
Hossam Ramzy.

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/dance/dance_zeinab1.htm
http://www.hossamramzy.com/portuguese/dance/dance_zeinab2.htm
http://www.hossamramzy.com/portuguese/dance/dance_zeinab3.htm

sábado, 14 de novembro de 2015

O que é Baladi?

Baladi 
Arabic: بلدى‎ baladī;  Adjetivo relativo de cidade, local, rural, comparado ao termo folclórico com um toque de classe baixa, existe esta conotação ligada a palavra. Também pode se referir a um estilo musical, o estilo folclórico da dança egípcia (Raqs Baladi) ou o ritmo Masmoudi Sohaiar, que é frequentemente usado em música baladi, muitas vezes podemos encontrar em inglês o termo Beledi. Em Árabe, a palavra baladi não se aplica apenas a música e a dança mas também pode se aplicar a muitas outras coisas, que são consideradas nativas, rurais, rústicas ou tradicionais, como por exemplo "aesh baladi" pão baladi. Também pode aparecer para muitos tipos de comida e a maioria das frutas e vegetais

Música Baladi
A música baladi é um estilo folclórico urbano, que se desenvolveu a partir de estilos musicais egípcios tradicionais, no início do século vinte, quando um largo número de pessoas migrou para o Cairo vindo de áreas rurais. Os sons do acordeom e do saxofone são como um carimbo de legitimidade da música baladi – ambos são instrumentos ocidentais, que foram adotados pelos músicos egípcios e modificados para tocar as escalas musicais árabes. Baladi pode tomar a forma de canções tradicionais, muitas vezes com uma estrutura de estrofe e refrão, com exemplos populares que incluem "Taht il Shibak" e "Hassan ya Koulli".
Há também uma forma musical improvisada dentro do estilo baladi.  A improvisação Baladi é uma forma estruturada de improvisação musical, que envolve usualmente um percussionista e um solista de acordeom ou saxofone, podendo o instrumento melódico também ser Nai, ou Kannoun. Muitas vezes encontramos esta forma estrutural chamada pelo termo "Taqsim Baladi" ou "Ashra Baladi" ou “Progressão Baladi”. Um taqsim Baladi consiste num número distinto de seções dentro da estrutura musical. Cada parte tem uma estrutura tradicional, e a ordem das partes seções segue um padrão solto, mas que pode também não se apresentar da forma esperada.
Há uma certa liberdade na construção e para um ocidental pode até mesmo parecer desorganizado, mas há um caminho a ser seguido. Os músicos não incluem geralmente todas as possíveis partes, mas decidem por algumas delas para a estrutura da peça musical. A maioria das improvisações serão iniciadas com um solo instrumental (taqsim) por um instrumento primário. Seguindo este momento, há usualmente uma sequencia de perguntas e respostas, entre o instrumento e o percussionista, fluindo dentro de uma parte rítmica que é lenta usualmente. Mais para frente, as sessões de pergunta e resposta são mais rápidas e uma parte rítmica mais dinâmica se apresenta. O meio da peça pode apresentar pedaços de canções populares, ou um trecho folclórico no estilo Saidi. A parte final é geralmente o “ TET” que tem um ritmo rápido, com acentos em staccato e fora do normal, ou em lugares inesperados.

padrão assuit - galabiya bordada em prata ou ouro
Dança Baladi
Raqs Baladi é a forma folclórica ou social do que conhecemos como dança do ventre. Ela é mais estacionária se comparada a Dança Oriental propriamente, que usamos para performances de entretenimento, com menor uso de braços, e o foco bem centrado nos movimentos do quadril.
A dança Baladi, tem um sentimento mais "pesado", com a dançarina aparentemente relaxada e muito conectada ao chão. É apresentada com a música no mesmo estilo. A roupa típica para as apresentações desta dança, é um longo vestido que cobre a barriga, podendo ser muito simples e tradicional ou ricamente adornado.
Tradicionalmente, um vestido baladi nos lembraria da versão teatral da roupa tradicional egípcia.  A versão mais comum traz  um vestido que tem uma saia reta com aberturas laterais, longas mangas que podem terminar nos cotovelos e que tem uma gola parecida com uma camisa. Tecidos com listras, ou no padrão Assuit, são populares.
Um lenço pode ser usado ao redor do quadril, e uma echarpe na cabeça também é um acessório comum. Uma performance baladi, pode incluir o uso de snjus (sagat), e também pode acontecer da bailarina utilizar uma "Assaya" (bengala).

Fifi Abdou, uma das lendas da dança Oriental Egípcia, do século vinte, é muitas vezes descrita com uma bailarina de estilo baladi, vide-a abaixo.

Vegetais e Frutas Baladi
Em alguns países árabes, nos mercados algumas frutas e vegetais são vendidos e anunciados como produtos “ baladi” incluindo, tudo que é nativo, natural, fresco, e de certa forma sofrendo uma produção artesanal, em detrimento de outros tipos de frutas e vegetais, que são produzidos de forma industrial e em larga escala, por exemplo.

Fonte:
http://www.lulufrombrazil.com.br/pt/baladi-voce-sabe-o-que-e/

domingo, 8 de novembro de 2015

Ritmos: Baladi

É um dos ritmos mais executados no Egito e no Líbano, assim como o Said. Possui marcações fortes e retoma a cultura popular, as origens familiares e o significado da terra natal. A própria palavra baladi, traduzida, significa “minha terra”. Desta forma, também representa aquilo que é simples, comum, do dia a dia. Também é conhecido como beledi ou balady.
Composição
Assim como o Said, possui compasso 4/4. Derivado do Maksoum, que tem um DUM a menos na chamada forma anotada ou cifrada. Isso por que é comum que o Maksoum também seja executado com dois DUMs. Assim, a frase fica desta forma:
DUM DUM TAKATA DUM TAKATA
Características
Com esta marcação dupla no início da frase (DUM DUM), o ritmo precisa ser tocado de forma mais lenta, apesar de existir com outras variações, a exemplo do Masmoudi Saghir. Não confunda com o Masmoudi, que é um ritmo de oito tempos. É utilizado em músicas modernas, clássicas, em derbakes e também na dança folclórica homônima. É comum ser tocado em músicas com trechos de taksim (solos instrumentais) e cantadas.
Como treinar
Comece a tocar os snjus pela frase simples: DUM DUM TAKATA DUM TAKATA. Quando conseguir agilidade, coloque um TAKA no final, para fazer a emenda com o início do ritmo novamente: DUM DUM TAKATA DUM TAKATA TAKA DUM DUM TAKATA DUM TAKATA. Treine o ritmo puro, com a ajuda de um CD (ouça a faixa selecionada abaixo), e depois tente encontrá-lo nas músicas. Repare que nem sempre ele aparecerá da forma simples e poderá receber variações e ficar floreado.

 
Dicas de passos
Como é um ritmo muito forte, os acentos (DUMs) precisam ser bem marcados na dança com básicos egípcios, deslocamentos e batidas de quadril. Atenção: na sua versão folclórica e tradicional da dança baladi, não há passos influenciados pelo balé e pelo jazz, afinal retoma aspectos tradicionais da cultura. Neste caso, é sempre dançado com o pé no chão e com roupas mais simples, nunca com o conjunto saia-cinturão-top.
Em outras músicas em que o ritmo apareça, não valem estas características. O percussionista Hossam Ramzy, em um texto sobre o Baladi, no seu site, afirma que “Se você me perguntar quem é a melhor dançarina de Baladi em todo o Egito hoje, a resposta é simplesmente LUCY”. (tradução livre)
Lembre-se: Você pode tocar os DUMs, TAKs e TAs com a sua mão principal (varia para destros ou canhotos) e os e KAs com a outra. Ou então marcar os DUMs com as duas mãos, enfatizando que são mais fortes.

Fonte:
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/06/14/o-baladi/