sábado, 29 de agosto de 2015

Ritmos: Jerk

É muito difícil encontrar a origem do ritmo jerk, também conhecido como jark ou sherk. Se você souber, comente abaixo para aprendermos mais sobre esse ritmo que tem a estrutura familiar ao samba brasileiro.

Composição
É um ritmo de compasso 4/4 com três DUM e dois TA. Fica assim: DUM TA DUMDUM TA.
Características
É muito comum encontrar o jerk em músicas modernas, mas nada impede que a gente o escute em algumas clássicas e até mesmo em músicas populares. Costuma também ser tocado em solos de derbake com o ritmo puro, como demonstrado acima, ou floreado: DUM KAKATA TAKA DUM DUM TAKATA TAKA, o que pode modificar a velocidade dele para permanecer um ritmo 4/4.

Como treinar
Este ritmo pode ser tocado com snujs enquanto a bailarina dança. O DUM pode ser tocado com as duas mãos para que o som saia com mais intensidade ou com a mão direita. Pode ser a esquerda, se preferir. Depois, só tocar com a outra mão os TA. O jerk floreado costuma ser tocado pelos derbakistas, quase nunca por nós, bailarinas, tamanha a sua velocidade.

Dica de passos 
O jerk apresenta característica de músicas pop, mesmo aparecendo em arranjos clássicos, mas quando é tocado é legal explorar movimentos modernos e mesclar com passos tradicionais. Uma dica é brincar com o básico egípcio sem ser da forma tradicional, parada e batendo o quadril com uma das pernas levemente colocada na frente da outra. Brinque com batidas para os lados, frente e trás, sendo que o seu pé acompanha a direção do quadril. Se preferir, use os passos para se deslocar enquanto dança. Movimentos do jazz são bastante incorporados a este ritmo e, se você souber, dá até para sambar. Você pode marcar o ritmo inteiro, ou só os DUM ou TAs, com ombros, peito, cabeça etc., mas também é possível brincar com ondulações. Tudo depende da sua inspiração.

Selecionamos uma faixa do CD Jalilah’s Raks Sharki Vol 4 para mostrar o ritmo floreado e como ele aparece em duas músicas clássicas.

Fonte:
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/07/19/jerk/

sábado, 22 de agosto de 2015

Ritmos: Chiftetelli

A palavra Chiftetelli (ciftitelli, chiftetelli, chifatelli, chifftatelli, chifititelli, tsifteteli ou shiftaatellii) tem diversos significados. Na Grécia, por exemplo, Tsiftetelli (Tschifftitilli) é usado para referir-se à dança do ventre em geral, ao bellydance do inglês.
A palavra também é utilizada para identificar o ritmo que acompanha o Taksim, improvisação melódica de um instrumento. Além disso, é o nome de um ritmo, como você já deve ter ouvido falar. É muito comum em músicas gregas, turcas e americanas usadas nas apresentações de dança do ventre.

Características
Diz-se que a Grécia ou a Turquia podem ser a pátria mãe deste ritmo 8/4. Na Turquia, além de ser usado nas apresentações de dança do ventre, também é comum nas danças de casais.
Algumas pessoas o confundem com outro ritmo, o El Zaffa, ou com o Whada wa noz. A diferença, no entanto é no acento ou na finalização dos ritmos. O Whada wa noz é tocado com a frase DUM TAKA TAKA DUM DUM TAK, enquanto o Chiftitelli é terminado com DUM TAKATA. Veja a composição e a notação gráfica abaixo. Segundo o site do derbakista Pedro Françolin, os egípcios costumam usar uma versão simplificada deste ritmo, que recebe o nome de Whada Khabir.
Composição
Entender a composição deste ritmo pode ser muito confuso, pois é encontrado com diversas notações e formas, inclusive com dois DUMs na segunda parte.
Pode ser tocado em duas velocidades. Quando é rápido, costuma ser usado em apresentações de casais ou grupos, pois as músicas assumem uma batida mais ágil e o efeito é uma dança mais alegre, ideal para este tipo de situação. Já na sua forma mais lenta, é preferido por bailarinas em solos, trabalhos de chão e ondulações, pois a melodia fica mais sensual.
Sua base é muito semelhante à um Maksum e a forma gráfica fica assim:
DUM – KATA – KATA – DUM – TAKATA  (de acordo com o derbakista e professor Rodolfo Bueno, Ruka)
Ou ainda: DUM – TAKA – TAKA – DUM – TAKATA
Outra opção: DUM – TAKA – TA – TAKA – TA – DUM – TAKATA
Forma encontrada em referências de derbakistas estrangeiros: 
DUM – TAKATA – TA – TAKATA – DUM – DUM – TA – TAKA
Repare que, em geral, a estrutura se mantém e é o floreio que vai sendo interpretado de formas diferentes.

Como treinar
Como sempre, comece tentando tocar o ritmo em sua forma mais pura e sem a ligação entre frases. Quando conseguir agilidade e decorar a frase musical insira a ligação e comece a treinar suas variações. Acompanhe a faixa que selecionamos.

Dicas de passos
Como você já leu acima, na versão mais lenta, costuma ser usado em solos, taksims e em trechos de dança de chão. Por isso, inspira nas bailarinas movimentos lentos, bem trabalhados e ondulações caprichadas. Também é uma ótima oportunidade para explorar braços e peitoral.

Fonte:
https://cadernosdedanca.wordpress.com/tag/maksum/

sábado, 15 de agosto de 2015

Ritmos: Maksum

Vou começar a sessão de ritmos e colocar os mais importantes que uma bailarina deve conhecer.
O Maksoum (maqsoum, maksum, maqsum) é o pai de todos os ritmos egípcios, segundo o músico Hossam Ramzy. Afinal, sua estrutura é semelhante a do Said, Chifttelli e, principalmente, a do Baladi. Cortado ao meio, ou partido ao meio é a tradução literal da palavra que dá nome a este ritmo muito utilizado em músicas no Egito, Síria, Norte da África, região do Golfo e Tunísia, onde também é conhecido como Duyek.

Composição
Você já sabe que a estrutura do Maksoum é muito parecida com a do Baladi. Agora vejamos porquê. A frase musical do Baladi é esta: DUM DUM TAKATA DUM TAKATA. O Maksoum não possui um dos DUMs inicial e tem uma pausa no meio do ritmo, tal como explica o músico Mario Kirlis (Bellydance instructivo com Mario Kirlis e Saida – DVD 1). Por isso também é chamado de Baladi um DUM. Daí o significado da palavra fazer alusão a algo partido.
Assim, a notação gráfica fica: DUM TAK (pausa) TAK DUM TAK
Uma forma floreada que pode assumir é: DUM TAKATA DUM TAKA (TAKA).

Características
É um ritmo de quatro tempos e existe uma variação mais rápida e mais lenta, na qual se torna muito semelhante ao Masmoudi. Dizem que o Baladi é uma forma folclórica deste ritmo. É muito usado em músicas modernas, solos de derbake e baladis. A pausa do meio da frase musical gera um acento mais forte no contratempo.

Como treinar
Treine o ritmo puro, com a ajuda de um CD, e depois tente encontrá-lo nas músicas. Repare que nem sempre ele aparecerá da forma simples e poderá receber variações e ficar floreado, principalmente no final da frase. Neste site você pode ver as diversas formas em que ele pode ser encontrado. Não se preocupe, nós alunas não precisamos conhecer todas elas. Basta saber a base para dançar e tocar nos snujs.

Dicas de passos
No vídeo acima, o derbakista e a bailarina fazem uma breve e simples apresentação do Maksoum. Note como ela também explora o peitoral, além do quadril para fazer as tão importantes marcações de ritmo. A argentina Saida e o músico Mario Kirlis elaboraram um capítulo do DVD instrutivo de ritmos especialmente sobre o Maksoum. Veja como ela faz as marcações com o quadril, em especial com variações do básico egípcio, e como explora o contratempo e a pausa (vídeos abaixo).
 

Lembre-se: Você pode tocar os DUMs, TAKs e TAs com a sua mão principal (varia para destros ou canhotos) e os e KAs com a outra. Ou então marcar os DUMs com as duas mãos, enfatizando que são mais fortes.

Fonte: 
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/07/12/maksoum/

sábado, 8 de agosto de 2015

Curiosidades: Os ritmos e suas especificações

A música árabe possui a seguinte divisão:
Moderna = música feita com elementos novos, modernos; que foge do clássico habitual.
Clássica = música feita aos moldes tradicionais, habituais, como as canções de Abdel Halim Hafez.
Folclórica = as canções que nasceram do meio do povo. Representam a sabedoria popular, como o dabke, que é uma dança árabe folclórica muito tradicional no Líbano.
Baladi = música tocada ou cantada na região, na aldeia, no vilarejo. É a música que faz relembrar as origens, as raízes.
Baladi Folclórico = termo, que significa meu povo ou minha terra, se refere genericamente às danças folclóricas egípcias e às músicas que as acompanham.
A principal característica dos ritmos árabes é a nota dum. É o coração do ritmo. Quando aquele se torna imperceptível, este perde sua vida, sua identidade.
Dum é a nota mais grave do ritmo e a mais vibrante. É a nota que precisa estar obrigatoriamente bem perceptível (não ser confundida com as outras notas) e clara (não estar sob efeito de eco ou excessiva reverberação acústica).
Entre as inúmeras características importantes da nota dum, podemos mencionar três:
1 - Auxiliar no reconhecimento do ritmo propriamente dito;
2 - Auxiliar no reconhecimento de seu compasso;
3 - Identificação do ritmo representado graficamente.

Nomenclatura dos ritmos
Maksum ou Baladi 1 dum - Ritmo tocado de forma mais rápida. Considerado o pai de todos os ritmos. É um dos mais usados para a dança do ventre. 
Andamento: (4/4) Notação gráfica: DUMTá, TáDUMtátáká
Baladi - O baladi é sem dúvida o mais comum e o mais conhecido dos ritmos árabes. Trata-se da versão lenta do maksum, apresentando caracteristicamente dois dums em sua inicial. 
Andamento: (4/4) Notação gráfica: DUMDUM,tákáTá,DUM,tákáTá,táká
Existem muitas variações do baladi, como por exemplo:
Baladi (clássica egípcia)
Andamento: (4/4) Notação gráfica: DUMDUM,ká,KÁ,DUM,ká,KÁ,táká
Saidi - O saidi, derivado da essência do maksum, é reconhecidamente bastante similar ao baladi e amplamente utilizado como ritmo-base na execução de determinadas danças folclóricas árabes como a dança com a bengala (raks el assaya) e a dança com o bastão (tahtib).
Andamento: (4/4) Notação gráfica: DUM,Tá,tákáDUM,DUM,tákáTá,táká
Karatchi - Curiosamente o karatchi é um ritmo de característica marcante, pois inicia-se com um Tá (batida aguda) e não com um dum (batida grave) como os ritmos abordados. Sua execução resume-se a uma sequência de cinco batidas, usando alternadamente as mãos, e finalizando na sexta batida com o dum.
Andamento: (2/4) Notação gráfica: TákátákáTá,DUM
De sua versão simplificada, é possível se extrair inúmeras variações:
Notação gráfica:
DUM,Tá,tákáDUMDUMDUM,tákáTá,táká (3 dums)
DUMkáTákátákáDUMkáDUMkátákáTákátáká (alternada)
Chiftetelli - Existe controvérsia a respeito da origem desse ritmo. Devido à etmologia do nome, talvez seja originário da Turquia. Outra corrente acredita que o chiftetelli advenha da antiga Grécia. De fato, estas contradições são normais, uma vez que os ritmos grego e turco muito se confundem ao longo da história. Trata-se, portanto, de um ritmo bastante complexo que permite liberdade ao percussionista para apresentar variações. É usado primordialmente no âmbito da música árabe para acompanhar solos instrumentais de taksim (improvisação) de instrumentos como o alaúde, o kanun, o violino etc.
Andamento: (8/4) Notação gráfica: 
DUM,tákátá,tátákáDUM,tá,ká,DUM,DUM,tá
DUM,káKÁ,DUMKÁ,DUM,DUM,ká
DUM,kákátákátá,kákátákátá,ká,DUM,DUM,TÁ
BoleroAndamento: (4/4) Notação gráfica: DUM,kákáTá,kákáTákáTákáDUM,Ká
Rhumba - Devido à grande semelhança entre esses dois ritmos, serão tratados em conjunto. A rhumba é caracteristicamente executada de forma mais rápida do que o bolero, pois sua variação-base apresenta exatos nove toques divididos em intervalos curtos. A do bolero apresenta doze toques em intervalos mais longos.
Andamento: (2/4) Notação gráfica: DUM,tákátá,Ká,Tá,Ká,DUM,ká
Zaffa - Semelhante a uma marcha, o zaffa é um ritmo bastante executado nos países do norte africano (Saara), principalmente no Egito. Sua forma simples permite extrair inúmeras variações. É importante ressaltar que ao final de cada período executado, deve-se fazer uma pequena pausa (característica marcante), que não pode ser suprida.
Andamento: (8/4) Notação gráfica: DUM,tákátá,tá,DUM,tá,tá(pausa)
Existe a possibilidade de se unir dois períodos, adicionando-se ao intervalo uma batida tá, porém ao final, a pausa é imprecindível.
Notação gráfica: DUM,tákátá,tá,DUM,tá,tá,tá,DUM,tákátá,tá,DUM,tá,tá(pausa) 
Saudi /Soudi/ - O ritmo saudita, também é conhecido pelo nome de khaliji, está ligado à região geográfica do Golfo Pérsico ou Península Arábica. Trata-se de um ritmo bastante simples, apresentando dois dums na sua forma estrutural. É um dos ritmos-base para a dança folclórica chamada dança do Khaliji (raks al khaliji) ou dança do Golfo.
Andamento: (2/4) Notação gráfica:
DUMkákáDUMkákáTáká (sequência sem intervalos)
DUMkákáDUMkákáTÁká (inserção da batida TÁ)
DUM,Ká,DUM,kátáká (representação com intervalos curtos)
Ayub - Ritmo de estrutura bastante simplória, o ayub ou zar é utilizado geralmente como introdução ao solo de tabla árabe. Supostamente inspirado no movimento do camelo ou do dromedário. É popularmente conhecido como "ritmo do camelo".
Andamento: (2/4) Notação gráfica: DUM,táká,tá ou DUM,káDUM,Tá

Fonte: 
http://www.webartigos.com/artigos/tabla-solo-ou-solo-de-percussao-parte-2/19101/#ixzz3fUlV8EwU

sábado, 1 de agosto de 2015

Curiosidades: Tabla Solo ou Solo de Percussão

"A música e o ritmo encontram seu caminho pelos lugares secretos da alma." 
Platão

daff
1. História, origem e conceito
Desde os primórdios, a percussão sempre foi algo que fascinou o ser humano. Dados históricos revelam que o tambor foi um dos primeiros instrumentos musicais criados pelo homem. Assim surgem posteriormente os ritmos tribais que acabaram se tornando, muitas vezes, característica marcante de um povo ou nação.
Tabla é a palavra árabe para derbaque.
Destinado em sua totalidade para execução das danças árabes, o solo de tabla árabe possui alto grau de importância dentro da esfera do Oriente Médio. Existem solos específicos para ocasiões específicas. Obviamente, é praticamente impossível falarmos de percussão árabe sem mencionarmos a dança do ventre. Percussão e dança do ventre estão intrinsecamente ligados, e talvez, por isso temos visto algumas bailarinas que também são derbaquistas.
1.1. Percussão do Oriente Médio e diferenças da percussão árabe
É bastante comum vermos serem estabelecidas uma estrita ligação entre a expressão percussão do Oriente Médio e os instrumentos e a música percussiva do mundo árabe.
A percussão do Oriente Médio é uma expressão geral, de sentido lato. Tenta abranger em seu rol a percussão (ritmos e instrumentos) tocada no mundo árabe, bem como a de nações próximas, que não são consideradas árabes (nações do médio Oriente), como a Turquia, o Irã, o Kirquistão e Israel. Inclui-se também a percussão típica de países como o Cazaquistão, o Turcomenistão e o Uzbequistão, que readquiriram independência com o fim da União Soviética.
Podemos notar também que a expressão percussão do Oriente Médio apresenta algumas exclusões, pois não engloba países árabes como o Marrocos e a Líbia.
derbake
1.2. Escolas de percussão árabe
Há duas filosofias doutrinárias básicas de interpretação e de técnica rítmicas, ensinadas nas escolas árabes de percussão: a clássica egípcia e a sírio-libanesa. Como essas filosofias advêm de uma mesma fonte (são escolas irmãs), tentar traçar um quadro de semelhanças e diferenças é uma tarefa complexa.
São semelhantes porque estão ligadas à alma baladi. O ensino visa conhecer e interpretar os ritmos não somente com olhos ou ouvidos, mas também com o coração e com a alma despidos de qualquer formalidade.
As diferenças referem-se ao embasamento teórico para o uso de técnicas de percussão e para a respectiva interpretação das nuanças sonoras e à nomenclatura dos instrumentos percussivos.
Outras características:
Clássica Egípcia: uso de peles naturais; exigência maior das habilidades do músico no uso do sentimentalismo interpretativo.
Sírio-Libanesa: uso de peles artificiais; influência do modernismo.
1.3. Instrumentos
Compõem o rol de instrumentos da percussão do Oriente Médio: tar, riq, daff, tombak ou zarb, derbaque turco, tabla ou derbaque, doholah, doira, bendir, naqarat, hylsung, pandeiro e tamboura.
Quadro geral de instrumentos musicais:
Divisão por espécie
Cordas
Alaúde: considerado historicamente o pai do violão e avô da guitarra, possui som semelhante ao da voz humana.
Buzok: semelhante a balalaica russa.
Kamanja (violino): violino comum.
Kanun: espécie de harpa árabe tocada no colo ou em suporte, pode ser ancestral do piano.
Rabab: tocado com arco, possui som bastante cacterístico e inconfundível.
Sopro
Acordeon: o mesmo que sanfona.
Kernayta: semelhante à clarineta.
Mejwiz: duas flautas em bambú interligadas.
Nai: flauta semelhante a uma flauta doce.
doholah
Percussão
Atabaques e bateria: inseridos na percussão árabe moderna.
Bendir ou daff: pandeiro em diversas dimensões, não apresenta címbalos.
Bongôs: principal instrumento de ritmos caribenhos.
Derbaque ou tabla: principal instrumento da percussão árabe tradicional.
Derbaque turco: Não é um instrumento musical tipicamente árabe, apesar de ser considerado uma espécie de versão da tabla árabe.
Doholah: semelhante à tabla egípcia, porém com sonoridade grave.
Mazhar: semelhante ao riq, porém com sonoridade grave.
O mazhar egípcio tradicional tem címbalos metálicos grandes e pele de cabra. É comumente usado na execução do ritmo do camelo (ayub). O mazhar libanês tem uma versão modernizada sem címbalos. É inspirado no daff ou bendir egípcios, mas permite a utilização de peles mais sofisticadas, com melhor resposta para todo tipo de afinação.
Riq ou daff: pandeiro tenor com cinco címbalos duplos.
Snujs ou Sagat: conjunto de címbalos tocados em ambas as mãos.
Tabel ou tabla baladi: grande tambor utilizado geralmente em festivais. Marca as danças dabke e saidi folclórica.
Zarb ou tombak: instrumento de percussão iraniano feito tradicionalmente em corpo de madeira.

bendir
1.4. Confecção de instrumentos
Bem, sabemos que a percussão árabe se desenvolveu muito nos últimos tempos.
O Egito, por sua vez, sempre foi a maior referência em termos de percussão no mundo árabe. É muito comum percussionistas libaneses preferirem instrumentos confeccionados naquele país.
A tradição e a técnica milenar na confecção pesam em favor dos instrumentos egípcios.
Os instrumentos mais utilizados modernamente em shows são o derbaque (responsável pelo repique), o daff (mantém a ostentação e a força rítmicas), a doholah egípcia e o bendir ou mazhar libanês (que desenvolvem a base rítmica).
Para a execução de grandes solos de percussão entre tablas, a dupla formada pelo derbaque e a doholah deverá permanecer inalterada.
Os primeiros derbaques tocados no Brasil eram confeccionados pelo pioneiro Fuad Haidamus e seguiam o estilo marroquino, em corpo de cerâmica e pele de cabrito ou bode. Em meados de 1995, Haidamus encerrou a produção de derbaques tradicionais em cerâmica e pele de cabrito. Dessa forma, passou-se a utilizar derbaques em pele sintética ou artificial nos shows pelo país afora.
Tabla tradicional x tabla contemporânea
A versão tradicional de derbaque é feita em corpo de barro e utiliza em sua cobertura membrana animal (couro de peixe ou de cabrito). Sua fabricação se perpetua até os tempos atuais. A versão contemporânea – mais próxima a nós – foi criada em meados dos anos oitenta e é confeccionada em alumínio ou fibra e recoberta com pele artificial.
Conforme entendimento dos grandes mestres da percussão árabe mundial, as tablas modernas ou contemporâneas não substituíram as tablas tradicionais de cerâmica, mas tornaram-se uma alternativa para os músicos percussionistas, graças a sua sonoridade provida de méritos.
Esses mestres ainda preferem as versões tradicionais da tabla, porque o couro sabidamente valoriza e individualiza o toque dos dedos, tornando-os um pouco mais nítidos auditivamente. Essa valorização e individualização de tradicionalismo sonoro realçam os solos extremamente técnicos.
As tablas egípcias contemporâneas passaram a ser utilizadas nas orquestras e conjuntos árabes como melhor opção, uma vez que é bastante complicado manter a pele de uma tabla de cerâmica aquecida e esticada durante todo o tempo de um show.
Há também a questão da resistência ao modo de transporte em viagens. Um instrumento com corpo de cerâmica pode facilmente se quebrar, se não estiver bem protegido.
Fuad Haidamus utilizava pesados estojos em madeira maciça para transportar seus instrumentos em perfeita segurança.
tombak
1.5. Ahmed Hammouda e o solo de tabla árabe clássico.
Segundo a história da percussão árabe, o solo de tabla árabe ou derbaque foi criado e pela primeira vez apresentado no Egito pelo célebre percussionista Ahmed Hammouda.
O fato ocorreu durante uma das apresentações de Nagwa Fouad, a princesa do Cairo. Houve algo com a música e ela, então, continuou somente acompanhada por Ahmed. Isso deslumbrou a platéia. Acabara de surgir o solo de tabla.
Hammouda realizou o solo clássico de tabla árabe, incorporando ao ritmo maksum belos enfeites improvisados de sequências de taks, na contagem de 1 e 2, seguidos por paradas de um dum na contagem de 3 e um slap na contagem de 4.
Técnica única desenvolvida que consiste na combinação e encaixe precisos de ritmos folclóricos árabes, em geral, e egípcios, em especial, como a hagalla e o estilo oásis de ritmos beduínos.
Sua invenção, especialmente criada para a dança do ventre foi adotada pela maioria dos percussionistas árabes.
Ahmed Hammouda, trabalhou ao lado de grandes nomes da dança egípcia e é considerado o pai da percussão árabe moderna.
Cabe destacar que Mahmoud Hammouda, irmão de Ahmed Hammouda, foi mestre de Hossam Ramzy, apelidado de Sultan of swing (sultão do ritmo - uma alusão a sua ascendência da família dos pashas) e Embassador of the rithm (embaixador do ritmo). Hossam segue os passos desses mestres, criando novos ritmos musicais e compondo música para a dança do ventre.
tabla
1.6. O solo de tabla árabe no Brasil
No Brasil, a arte do solo de tabla ou derbaque surgiu há aproximadamente trinta anos.
Fuad Haidamus, nascido em 1920 no Líbano, iniciou seus estudos de percussão aos quinze anos de idade com Jamil Flewar, seu grande mestre libanês de derbaque. Radicou-se no Brasil, onde se tornou mestre e pioneiro da percussão árabe.
Inspirado em seu antigo mestre, em meados de 1970, apresentou o que chamou de solo de derbaque. Haidamus, utilizando o daff como instrumento-base, tocado muitas vezes pelo músico Emílio Bunduki, introduziu o estalo nas finalizações das frases rítmicas de maksum (4/4), ayub (2/4) e malfuf ou laff (4/4). Em outras ocasiões, apresentou o solo de tabla sem acompanhamento-base.
Ainda na década de setenta, o solo e o acompanhamento na tabla passaram a ser difundidos pela televisão brasileira por Haidamus, no extinto programa denominado Programa árabe na TV, veiculado pela Rede Gazeta de Televisão. Nesta mesma época, Haidamus e seu irmão, o mestre alaudista Jorge Haidamus, tocaram na novela O astro (1978), da Rede Globo de Televisão, despertando ainda mais o interesse dos brasileiros pela música e percussão árabes.
Fuad Haidamus também acompanhava especialmente as apresentações da notável e lendária bailarina Shahrazad Sharkey (cujo nome de batismo é Madeleine Iskandarian).
Dama e pioneira da dança do ventre no Brasil, Shahrazad passara a se apresentar com frequência no pequeno palco do extinto restaurante Bier Maza, em São Paulo, em 1979.
Curiosamente, São Paulo é o berço tanto da dança do ventre quanto da percussão árabe no Brasil.
Na década de oitenta, o solo de tabla ou de derbaque passou a ser um dos pontos-chave nas apresentações musicais ao vivo.
A repetição sistemática de repiques improvisados e combinados inseridos a uma curta frase rítmica, se tornou a grande característica dessa arte e é o estilo ideal para a prática da dança do ventre.
Aparentemente semelhantes, cada solo se apresenta como um novo desafio para quem dança. Quando trabalhado com precisão, o solo de tabla emociona a muitos sem exceção. Mostrando-se um peça de expressão artística constante e infinitamente renovada.

2. Construção do solo de tabla
A tabla árabe é um instrumento extremamente versátil em termos de sonoridade. Dessa forma com o derbaque é possível realizar inúmeros sons, enfeites e repiques de acordo com o desejo de cada percussionista.
É importante frisar que o solo de tabla pouco evoluiu desde sua criação.
O solo considerado clássico vem sendo muito repetido nos trabalhos de diversos percussionistas em todo o mundo. Ao analisá-lo, podemos observar uma prática bastante comum: o enfeite de duas frases rítmicas seguidas e, ao final, o estabelecimento de um corte ou aparada. Geralmente os ritmos-base mais usados são o baladi, o saidi, o maksum e o falahi.
Essa execução usual, porém, não é uma regra específica rígida para se construir um solo de percussão árabe. Entretanto podem ser elencados alguns elementos que permitem subsidiar uma boa construção tanto do ponto de vista do percussionista, quanto do da bailarina.
Segundo a opinião dos mestres de percussão árabe, o solo de tabla para dança do ventre deveria ser mantido em suas tradicionalidade e originalidade rítmicas, ou seja, no campo das variações rítmicas exclusivamente árabes. Para eles é um equívoco incluir um "samba" no solo, além de outros ritmos como a salsa, o merengue e os ritmos flamencos.
É evidente que a improvisação "infinitamente livre" deve ser realizada com um certo cuidado, respeitando-se a estrutura e os princípios da percussão árabe, mas é extremamente difícil evitar ou impedir a mesclagem de ritmos. Vários mestres da música árabe clássica, como Mohamad Abdul Wahab e Farid el Atrache, nos anos trinta e quarenta, já faziam essa mistura tanto na música para ouvir, quanto para dançar. Atualmente os grande mestres egípcios da percussão, Sayed Balaha e Hossam Ramzy, lançaram obras contendo pesquisas e estudos sobre ritmos brasileiros e latino-americanos.


Fonte:
http://www.webartigos.com/artigos/tabla-solo-ou-solo-de-percussao-parte-1/18669/#ixzz3fF8IZGuv
http://www.webartigos.com/artigos/tabla-solo-ou-solo-de-percussao-parte-2/19101/#ixzz3fUkLSQSj