sábado, 25 de outubro de 2014

A Era do Ouro - Taheyya Carioca

Taheyya Carioca (Badaweya Mohamed Kareem Al Nirani) nasceu em Ismaileya, Egito, em uma boa e respeitável família. Enquanto adolescente, por causa de diferenças com a família e por discordar de seus irmãos, ela mudou-se para o Cairo para morar com uma velha vizinha de sua cidade natal chamada Sra. Suad Mahasen, que era proprietária de uma casa noturna e uma artista à sua própria maneira.
Ela bateu à sua porta para pedir ajuda sob a forma de um emprego em sua casa noturna, nunca imaginando que seria colocada em um trabalho artístico, uma vez que jamais soubera o que era arte e nunca tinha visto uma apresentação artística em sua vida. Suad Mahasen recusou-se a colocar a bela jovem de sua cidade natal naquele tipo de vida noturna, e manteve-a como sua convidada e hóspede. Entretanto, ela já fora vista por diversos artistas amigos de Suad, que a aconselharam a colocá-la como uma dançarina de cenário em seu palco, mas mais uma vez, ela recusou-se.
A novidade da jovem garota de Ismaileya que chegara atraiu a atenção de Madame Masabny, a proprietária da maior casa noturna do Cairo, que pediu para conhece-la. Diversos agentes musicais aproximaram-se da jovem Taheyya e a apresentaram para Madame Masabny, que ofereceu imediatamente um emprego em seu clube. Taheyya pediu permissão para sua agora tia Souad Mahasen para juntar-se ao grupo de Masabny, e que melhor oportunidade de trabalho do que com o Dean Of Egyptian Dance. A jovem Taheyya ganhara originalmente o nome de trabalho de Taheyya Mohamed, mas quando sua popularidade aumentou no clube e ela ganhou vários pontos solo, atraiu vários admiradores regulares, particularmente após apresentar uma recém-importada dança brasileira de Carmem Miranda (a Carioca), ganhou este nome.
O nome Taheyya Carioca ficou muito famoso e atraía uma enorme atenção a esta bela dançarina que era bem humorada, bonita e tinha uma bela voz, um caráter encantador e personalidade, e estava se tornando uma dançarina formidável no grupo de Badeia Masabny. E os portões celestiais do sucesso foram abertos para a jovem garota de Ismaileya. Tudo isto aconteceu no início da década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial. Este foi um período de grande afluência econômica na indústria cinematográfica egípcia, onde a vida noturna florescia e a indústria cinematográfica crescia alcançando uma era dourada nunca mais atingida em toda a história do cinema egípcio. E apesar de todos os ataques aéreos e as sirenes soando, as pessoas sabiam que o que quer que acontecesse não poderia afetá-las, então continuavam vivendo suas vidas.
Durante aquele tempo, costumava haver não menos de 150 companhias produtoras de filmes no Egito, cada uma produzindo um mínimo de três filmes por estação, e o tema mais popular era as comédias dançantes musicais que realmente entretinham as pessoas e faziam-nas esquecer a dureza da guerra que acontecia lá fora. Estes fatos criaram o clima ideal para Taheyya Carioca, que era constantemente convidada a dançar nestes filmes. Depois, ela passou a ser também convidada a cantar e dançar, então a cantar, dançar e atuar, e logo ela mesma realizava diversos papéis principais em filmes de orçamentos maiores. Durante esta época, Taheyya era muito cuidadosa com seu trabalho na casa noturna de Badiea e em várias outras casas noturnas que ficaram famosas neste período, onde os aplausos cresciam cada vez mais e a admiração do público não tinha limites, e Taheyya atava-se cada vez mais ao vício da fama e fortuna, por causa de algo que apenas um artista performático pode compreender, que é o deleite de receber os aplausos de uma platéia estupefata.
Apareceu então uma oferta dos três principais portentados da indústria cinematográfica, o diretor Hessein Fawzy e as duas estrelas de seus filmes Hessein Sedqui e Anwar Wagdy, para formar uma companhia produtora usando seu próprio financiamento. A companhia foi formada com o nome de Sharikat Al Shabab (A Jovem Companhia), e eles produziram dois filmes: 1. Aheb El Ghalat (Adoro errar) & 2. Aheb El Baladi (Adoro o Baladi), após os quais a companhia foi extinta e cada um deles, exceto Taheyya, iniciou sua própria produtora. Mas quando o diretor Hessein Fawzy fez seu novo filme “Nadouga” (uma história semelhante á de Tarzan, que acontecia em uma selva), ele convidou sua amiga da companhia anterior para estrelá-lo, o que garantiu boa bilheteria. Mas este não foi o único filme estilo Tanzan que Taheyya estrelou, houve outro filme com o nome “Princesa da Ilha”, no qual ela dividiu o papel principal com o coração daquela era, Kamal El Shennawy, e foi dirigida por Hassan Ramzy, que mais tarde tornou-se o cabeça da indústria cinematográfica Chamber of Commerce e produtor e diretor de diversos filmes egípcios famosos e tio deste que vos escreve (Hossam Ramzy).
Antes de nos aprofundarmos demais nos sucessos de Taheyya como atriz de cinema e teatro e como dama da alta sociedade, devemos voltar a seus talentos artísticos na dança. Com a aprovação de todas as pessoas no meio musical e no meio da dança, que absolutamente concordavam e confirmavam que Taheyya havia refinado a dança do Egito a um nível artístico nunca antes igualado ou alcançado para ser comparada às artes admiradas pelos mais altos níveis da sociedade, e aqueles que eram considerados como os criadores da música egípcia como a conhecemos hoje, todos confirmavam que Taheyya havia acrescentado algo a esta antiga forma de arte, a qual ela acreditava não ser apenas uma dança de expressão, profundas emoções e refinadas sensações espirituais. Taheyya era conhecida por ter comentado o fato de que nos tempos do Egito antigo, como se pode ver escrito nas paredes dos templos, nossa dança era usada como uma forma de adoração aos deuses.
A fama aclamada de Taheyya fez dela o centro das atrações em festas da alta sociedade real do Egito e principalmente durante a revolução egípcia de 23 de julho de 1952, ela costumava ser a anfitriã das comemorações nacionais oficiais e das festas reais particulares. Ajudada por sua fluência tanto em Inglês quanto em Francês, ela costumava ser muito capaz de manter sua posição entre os estrangeiros dignatários convidados, auxiliada por sua extensa biblioteca, a qual ela consultava e se educava para tornar-se a artista muito culta e eloqüente que era.
É impossível listar os nomes das centenas de dançarinas que aprenderam direta ou indiretamente, trabalhando com ou absorvendo o fantástico estilo artístico de Taheyya.
Um toque pessoal e triste sobre a vida de Taheyya é o fato de que, apesar de seus vários casamentos com vários atores e homens de negócios, ela era incapaz de conceber e ser mãe, algo que a entristeceu até seus últimos dias; mas isto fez com que ela se envolvesse completamente com as crianças de seus irmãos e do resto da família, bem como ajudasse e mantivesse diversos orfanatos, abrigos e casas de caridade para crianças.
Taheyya foi contemplada com diversos prêmios na indústria cinematográfica, bem como no campo do teatro e pelo novo governo do Egito, mas o melhor prêmio que ela recebeu foi o amor e a apreciação, dedicação e respeito de sua carinhosa platéia ao redor do mundo, e mesmo após seu triste falecimento, aqui estou eu escrevendo sobre ela e aqui está você lendo o que escrevi...

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/stars/starsofegypt_taheyya.htm

sábado, 18 de outubro de 2014

A Era do Ouro - Naima Akef

Nasceu em 7 de outubro de 1932, em Tanta, no delta do Nilo, na família Akef. Havia um circo famoso onde a família inteira participava apresentando ou nos bastidores, tanto os jovens quanto os velhos. O Crico Akef era famoso com seus animais treinados e selvagens domesticados e com truques espertos exibidos pelos não tão treinados, bem como por incríveis apresentações de dança e acrobacias extravagantes.
Esta é a atmosfera da família onde Naima Akef nasceu e cresceu, indicando que uma estrela especial estava sendo desenvolvida neste ambiente ideal e apropriado, e bronta para ser trazida à luz.
A família Akef morava no Cairo, no distrito de Bab El Khalq, entretanto viajava por todo o país e mesmo pelo mundo com suas turnês, especialmente na Rússia em 1957, onde Naima apresentou sua dança em um festival juvenil internacional e ganhou o primeiro prêmio de dança do festival, onde se apresentaram dançarinas de mais de 50 países. Uma foto comemorativa desta vitória está exposta na parede do Hall da Fama do Teatro Bolshoi.
O avô de Naima, Ismail Akef, um professor de ginástica e treinador na Academia de Polícia do Egito, criara o Circo Akef ao se aposentar. Ismail abrigou Naima sob suas asas, reconhecendo seu talento como dançarina e no palco desde cedo, ajudou-a a modelar suas particularidades em uma artista histórica que alcançou o estrelato com o cinema egípcio. Naima foi descoberta primeiro pelo diretor Abbas Fawzy, que apresentou-a a seu irmão, o tamb´m diretor Hessein Fawzy, que percebeu o talento natural de Naima para a tela e deu a ela o papel principal na primeira vez em que aparecia, no filme “El Eish Wel malh” (O pão e o sal – no Egito, uma vez que as pessoas tenham partido um pão juntas, i.e. partilhado uma refeição, é considerado um sacrilégio desonrar as regras de lealdade não faladas, assim, El Eish Wel Malh, o pão e o sal). Naima estreou neste filme com o cantor Saad Abdel Wahab, primo do legendário cantor e compositor Mohammed Abdel Wahab. O filme foi um grande hit e um sucesso para o estúdio Nahhas Film onde fora filmado como primeira produção. Foi um início brilhante para a jovem Naima, que tinha vários números de dança durante o filme, os quais ela apresentou cuidadosamente como em todos os seus filmes futuros, lado a lado com sua atuação e canto.
Após seu primeiro filme, Naima teve um sucesso após o outro como “Lahalibo [como alguém poderia traduzir isto??] (Aquele que é tão quente que é comparado ao Ligeirinho), “Baladi We Kheffa” (Baladi e a luz do coração), “Baba Aaris” (Meu pai é o acompanhante da noiva), “Noor Oyouni” (A luz dos meus olhos). Este último foi feito após a apresentação de um número de dança de Naima com o legendário Dr. Mahmoud Reda, criador e dançarino do Grupo Reda. O número foi chamado “Leil We Ein” (ao invés de dizer Elil ya Ein, como se canta nos mawwals egípcios (lamentos). Leil, sendo a noite, e Ein, sendo os olhos, que passaram a noite sem piscar, pensando na amada). O número foi feito para o Concelho de Artes do Egito.
Os filmes de Naima seguem além dos que aparecem a seguir, mas os principais são “Forigat (***), “Fataah Wel Sirk” (Uma Garota e o Circo), “El Nemr” (O Tigre), “Halawet El Hob” (A Doçura do Amor), “Gannah We Nar” (Um Céu e Um Inferno), “Melyon Geneih” (Um Milhão de Libras), “Arbaa Banat We Zabet” (4 Garotas e um Oficial), “Madraset El Banat” (A Escola de Garotas), “Tamr Henna” este é o nome de uma flor egípcia, que era o nome da personagem de Naima no filme, “Aziza” and “Ahebbak Ya Hassan” (Amo você, Hassan).
A dança egípcia corria livre nas veias de Naima. Foi seu primeiro amor e a melhor maneira de se expressar que ela usava na sua vida circense que servia como uma plataforma para sua dança, enquanto tentava e apresentava novas idéias, coreografias e músicas. Ela nunca tomou atalhos no que se refere a medir despesas, treinar ou fazer as próprias roupas ou das dançarinas do cenário e dos cantores e outros participantes que a acompanhavam nos shows. Ela era muito consciente de seu peso e mantinha-o sob estrito controle, para continuar parecendo jovem e flexível. Naima sacrificou até mesmo os prazeres da maternidade, deixando para dar á luz sua criança um pouco antes de seu próprio falecimento.
Os peritos em dança egípcia têm certeza que Naima não foi influenciada pelos estilos de outras dançarinas, mas sim criou seu próprio estilo e tinha um sentimento pessoal da interpretação pela dança da música egípcia, a ponto de criar O NOVO no palco e em ensaios. Freqüentemente, Naima coreografava suas próprias sequências, mas ficou muito famosa por ser disciplinada e obediente a seus treinadores, técnicos e coreógrafos. 
No mundo da arte, naquela era do Egito, Naima foi muito famosa por sua amizade, doçura e disponibilidade para ajudar todos os seus amigos próximos e associados, bem como sua equipe de filmagem e membros do set. Nunca era egoísta, e sempre colocava os outros á frente dela mesma. Há uma famosa história sobre um dia, em uma filmagem, após uma cansativa manhã de filmagem, durante o descanso após o almoço, Naima notou que uma companheira dançarina do filme estava se esforçando para fazer um movimento acrobático que ela teria que fazer e enfrentava claras dificuldades para executar este movimento, que deveria ser filmado logo após o almoço. Ao invés de almoçar e descansar merecidamente, Naima foi até a garota, mostrou a ela como o passo devia ser feito com facilidade, e fez isso diversas vezes e treinou e ajudou-a até que ela conseguisse obter êxito, para deleite da garota e aplausos em massa da equipe de filmagem, dos atores e do diretor.
Naima raramente dançava em casas noturnas, mas sim em seus filmes e tablados teatrais que ela regularmente organizava no Egito e fora. Aquelas não eram apresentações de dança puramente egípcia, mas sim uma expressão livre e mais de uma música. Ela usava movimentos para expressar emoções e sentimentos, gestos, direta ou indiretamente, com expressão corporal que era uma testemunha do esforço selvagem de Naima em refletir seu talento artístico e sua flexibilidade e agilidade corporal.
Naima era muito orgulhosa de seu sucesso, que ela atingira por seu próprio mérito e sem ter rastejado em casas noturnas por um longo tempo. Ela se lembrava de como, quando sua mãe e seu pai se separaram, ela formou um ato cômico e acrobático que realizou em diversos clubes até ter a chance de trabalhar na famosa casa noturna de Badeia Masabny, onde a jovem Naima brilhava como uma estrela e era uma das poucas garotas a cantar e dançar.
Naima também recorda-se de ser a favorita de Badeia, o que causava a maior inveja nos corações de outras dançarinas de cenário do clube, até um dia em que elas se ajuntaram e tentaram bater nela, mas graças à sua força e agilidade, ela conseguiu se defender e inverter a situação. Mas uma vez que aquelas dançarinas eram uma fonte de bons proventos para Badeia, Naima foi despedida do clube e foi trabalhar em outro famoso ponto noturno, o Clube KIT KAT, onde conheceu o diretor cinematográfico Abbas Kamil, que apresentou-a a seu irmão, o diretor Hessein Fawzy, famoso por seus filmes musicais. Esta parceria foi um grande sucesso para ambos, e eles foram casados por nove anos, embora não tenham tido filhos. Alguns anos após o divórcio, Naima casou-se com seu contador, a quem deu um filho que trabalhava na área musical.
Naima entrou nos livros de história da dança do Egito como uma de suas dançarinas mais inovadoras, criativas e renovadas; ela também entrou nos livros de história do cinema como a primeira mulher a estrelar o primeiro filme inteiramente colorido do Egito, “Baba Aaris” (Meu pai é o acompanhante da noiva), dirigido por seu primeiro marido Hessein Fawzy em 1951.

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/stars/starsofegypt_naima.htm

sábado, 11 de outubro de 2014

A Era do Ouro - Badeia Masabny

A Rainha das Casas Noturnas Egípcias

Uma mulher que tinha total controle e monopólio sobre a vida noturna de entretenimento no Cairo. Sua orquestra, seus músicos, cantores e dançarinas eram os líderes na área e quando olhamos mais de perto, percebemos que quase todos eles eram ou ainda são referências em nossa escala de excelência e consideração clássica.
Uma garota libanesa já madura na idade de 17 anos, decidida a mudar-se para o Cairo com o propósito de seguir uma carreira artística uma vez que seu amor pelo canto e pela dança era mais forte que qualquer poder de persuasão apresentado obstinadamente por sua família.
Badeia Masabny (pronuncia-se Badee-a Masubni) mudou-se para o Cairo e começou a trabalhar em algumas pequenas casas noturnas onde a vida de entretenimento noturno florescia e prosperava, entretanto era controlada principalmente pos estrangeiros ocidentais, libaneses, sírios, ingleses, franceses, gregos, turcos alemães, americanos, etc... Mesmo as dançarinas, cantores e comediantes, não eram egípcios. Entretando, Badeia teve muito apoio e encorajamento de seus amigos libaneses e sírios em um negócio para os quais ela manteve muitas noites de entretenimento, danças e cantos em seus casamentos, e cantava a “Meijana” e “Etaba” (estilos libaneses e sírios especializados em lamentação), que trazia de volta memórias saudosas de casa e fazia com que eles se sentissem mais perto de suas terras natais.

Um jovem ator libanês chamado Nageeb Elias El Rihany (que era apadrinhado pelo famoso ator e diretor Aziz Eid Fa´ e que o mandara para Paris, para estudar produção cinematográfica) estava em uma destas festas e casamentos nos quais Badeia cantava e dançava. Nageeb fora introduzido no teatro egípcio por Aziz Fa´ em uma de suas peças, uma comédia, que o tornou muito bem sucedido e criou um nome e um rosto famoso com isso. Entretanto, Nageeb não estava interessado em comédias e tentou seu talento para tragédias, mas falhou a ponto de perder todas as ofertas de emprego e tornar-se falido e muito pobre.
Nageeb se encontrou depois com um agente desconhecido que acreditou nele como comediante e financiou sua companhia cômica e assim o jovem ator Nageeb percebeu que esta era a forma como as pessoas o viam e ele começou a acreditar em suas habilidades de comediante, e escreveu uma peça sobre um pequeno fazendeiro produtor de algodão na minúscula vila de Kafr El Ballas chamado Kesh-Kesh Beih (no estilo turco de ascensão social, a estratificação é feita como a seguir: Effendi = Senhor, Beih = Sir, Pasha = Príncipe), que veio para o Cairo vender seu material, então ele consegue vender tudo e vai a um clube noturno para celebrar sua grande venda do ano. Kesh-Kesh Beih fica muito acostumado com a vida noturna, vivendo entre todas as dançarinas e cantoras e gastando todo seu dinheiro. Ele volta para casa, planta outra safra e vende no próximo ano, quando volta para o Cairo e repete toda a história novamente. Nesta peça, Nageeb encontrou muito facilmente sua heroína para dividir o papel principal pois se lembrava da bela dançarina libanesa que havia conhecido em uma festa de casamento.
O público amou a peça e amou a dança e o canto de Badeia, sem mencionar sua beleza cativante e seu canto de diversas músicas que tornaram-se sucessos estrondosos na época:

“Ya mena-anesha Ya Betaaet Elloze
Taali NelAb Fard We Goze”
(Bela jovem vendedora de amêndoas
Venha, vamos tocar. Em solos ou em par?)
E também
“Yabol KeshaKesh Ya Tara?
Kan Bas Eih Elli Gara?”
(Oh Sr. KeshaKesh eu me pergunto
O que houve com você?)

Todas as noites, Badeia tinha o cuidado de apresentar uma nova coreografia na dança, uma nova canção e um novo vestido, que mantinham o público muito intrigado e ansioso por ver que novidades ela estava preparando para encantá-los. Toda esta fama e admiração do público abriram várias portas financeiras e artísticas à jovem Badeia.
Durante seu estrelato e sucesso, o herói e a heroína da peça casaram-se, o que fez deles ainda mais centro das atenções. O casamento durou dois anos inteiros, mas sem crianças, e então eles se divorciaram. Badeia não continuou a mesma peça com outros membros, mas decidiu estrelar sua pópria companhia; ela alugou um palco na Rua Emad El Deen, a famosa rua das casas noturnas da época, casas de entretenimento e teatros, e iniciou sua própria companhia de shows e danças apresentando todas as formas de dança e canto masculinos e femininos, cenas de comédias e também apresentando as mais belas dançarinas de todo o país, e ela costumava apresentar uma ou duas peças com ela mesma cantando juntamente com uma linha de coristas dançando e cantando como acompanhamento, e costumava acabar a noite com uma grande apresentação de diversos estilos de dança egípcia, que depois recebeu o nome de “RAKS SHARKI” (Dança Oriental).
Você sabe que a pura dança egípcia é chamada BALADI (que é o país ou terra natal, ou meu próprio país) (Veja neste site o artigo denominado “Zeinab”). Neste palco de Badeia em particular, diversas dançarinas e grupos de dança, folclóricos ou não, apresentavam vários shows durante a noite. Pelo estilo que a música deve ter, deveria haver uma grande introdução com grande orquestra egípcia bem como arranjos no estilo clássico, então haver um pouco de música no estilo puramente egípcio e a apresentação de uma variedade de dançarinos e músicos egípcios e do Oriente Médio e mesmo estrangeiros, então partir para o estilo Baladi egípcio, e finalizar com um grand finale que retoma a introdução original da música. Você pode achar músicas deste estilo em meus CDs (ROHE EUCD 1082 & FADDAH – EUCD 1614).

O sucesso da casa de Badeia continuou por várias temporadas consecutivas, o que levou-a a comprar um terreno na Royal Opera Square, uma locação muito famosa no coração do Cairo, e ela construiu um magnífico prédio que continha um grande teatro, uma casa noturna de tamanho razoável que apresentava novos cantores talentosos que mais tarde tornaram-se líderes nesta área, tais como Ibrahim Hammouda, Farid Al Atrash, Mohamed Abdel Motteleb. Bem como diversos compositores famosos como Mahmoud El Sherif, e músicos/compositores como Ahmed Sherif, famoso por Wahawi Ya Wahawi (uma canção muito famosa que as crianças egípcias cantam até hoje no famoso mês religioso de Ramadan, no qual os muçulmanos jejuam do nascer ao por do sol) e a canção Nebayyen Zein We Nedog El Wadaa (outra famosa canção que diz “Eu vejo bem o futuro e entendo da leitura de búzios, que é cantada pelos narradores no litoral do Egito), e a música de El Erque Soos (canção do homem que produz licores). Próximo ao teatro e à casa noturna havia um prédio que tinha uma cafeteria com um bar no primeiro piso. No segundo piso, era um restaurante de primeira classe com um belo jardim interior com uma vista de tirar o fôlego da parte antiga e nova do Cairo ao mesmo tempo.
O palco de Badeia Masabny apresentou e trouxe ao mundo diversas dançarinas lendárias, que já conhecemos hoje como STARS OF EGYPT (Estrelas do Egito), como Taheyya Karioka, Samya Gamal, Naima Adef, Naima Gamal, Beiba Ezz Eddin, Beiba Ibrahim, Zuzu Mohammed e Juliet, que foi adotada por Badeia e recebeu o nome de Layla Al Saqraa (Layla Loira), e Nadia Salama. O grupo de dança de Badeia também tomava corpo e revelou muitas outras estrelas famosas como Soraya Helmy e Ismail Yassin (dois dos maiores comediantes do Egito) e os escritores Abou El Saud Al Ibiary, Mahmoud Fahmy, Ibrahim El Qalawy e Fahmy Aman. Todos estes nomes dominaram a cena do cinema, teatro e clubes noturnos durante os anos 40 e boa parte dos anos 50, quando Badeia voltou para o Líbano após a revolução de 23 de julho de 1952 no Egito, com medo de ter sua fortuna confiscada pelo novo regime republicano.
Badeia produziu dois filmes em seu tempo: “Layali Al Qahira” (As Noites do Cairo) e “Maleket El Masareh” (A Rainha dos Teatros) (Clipes de danças destes dois filmes estão incluídos nos vídeos da série “STARS OF EGYPT”)

Após seu divórcio de Nageeb El Rihany, Badeia não casou novamente, e voltou ao Libano como mencionado acima, após vender seu centro artístico e tudo o mais para sua aluna Beiba Ezz Eddin. Lá ela abriu um restaurante próximo à montanha, e viveu ali até que suas cortinas baixaram-se após o ato final.
Dançarinas, cantores, músicos, artistas e público do Oriente Médio devem um reconhecimento póstumo apropriado a Badeia Masabny por ter a visão e a força necessárias para criar uma plataforma inicial para as artes egípcias e árabes serem apresentadas a todos, e por ter nos dado todas as estrelas que admiramos e seguimos até hoje.

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/stars/starsofegypt_badiea.htm

sábado, 4 de outubro de 2014

Dança do Ventre e Saúde: Rejuvenescimento, Juventude e Vida Longa

Dança do Ventre, partimos do princípio de que nunca é tarde para iniciar o aprendizado. Todas as mulheres são belas na Dança do Ventre, pois, em sua herança histórica e mitológica na psique feminina, a Deusa aceita todas as suas filhas tais como são: belas e únicas.
Segundo o Professor de Yoga Hermógenes, considerando que os demais mamíferos vivem dez vezes mais que o tempo que demoram para atingir a maturidade, o ser humano, que também é um mamífero, deveria ter no mínimo uns duzentos anos de vida, e seu processo de envelhecimento deveria se iniciar aos setenta anos, pois a vida, realmente começa aos quarenta.
Pesquisas científicas nas áreas médicas, anotadas pelo Professor Hermógenes, constataram que a atuação dos hormônios sobre as glândulas endócrinas, estimulando-as, pode conservar uma pessoa jovem, retardando o envelhecimento. A limpeza intestinal é um tópico importante, pois o material intestinal tende a lançar substâncias nocivas na corrente sanguínea, o que também contribui para o envelhecimento.
A Dança do Ventre pode tanto estimular e equilibrar os hormônios femininos, auxiliar na cura da insuficiência ovariana, quanto combater a prisão de ventre como vimos, pois trabalha o tonos das paredes abdominais e contribui com o peristaltismo voluntário. Tudo isso, através das ondulações abdominais, camelo e serpente, combinados à respiração abdominal – o que ensina a movimentar o diafragma, ativando o natural funcionamento dos órgãos da região do baixo-ventre.

Fatores como uma boa circulação sanguínea, também contribuem para a manutenção da juventude:
- o cérebro precisa ser irrigado para que suas glândulas, pineal e pituitária, funcionem bem. A pineal é responsável pela psique e pelo desenvolvimento sexual do indivíduo. A pituitária é responsável por outras glândulas, tais como a tireoide, e também pelo sistema nervoso autônomo;
- os tecidos precisam de nutrientes que estimulem seu funcionamento;
- toxinas e resíduos precisam ser eliminados, pois quando se acumulam nas articulações, prejudicam os movimentos;
- uma má circulação pode prejudicar o bom funcionamento dos órgãos.

A Dança do Ventre pode ativar a circulação sanguínea, principalmente na região genito-urinária, como também sob a força extática de movimentos como os tremidos, a circulação sanguínea é ativada e percorre todo o organismo, chegando inclusive ao cérebro, onde se localizam os neurotransmissores responsáveis pelo equilíbrio do humor.
Com o passar dos anos, a musculatura, também por força da gravidade, tende a pesar. Os músculos sustentam menos o esqueleto – a coluna, como também os órgãos.
Embora a Dança do Ventre não defina tanto a musculatura do corpo como na musculação, seu exercício lhe confere elasticidade e sustentabilidade, principalmente à região abdominal (neste caso, as ondulações ventrais fortalecem a região como também a definem). A coluna, sendo o vaso que abriga uma legião de nervos da medula espinal, cuja importância no funcionamento fisiológico é de peso ímpar, pois órgãos e glândulas estão a ela ligados, necessita de elasticidade, flexibilidade e sustentabilidade.
A Dança do Ventre, trabalha nos “cambrés”, o alongamento da coluna em movimentos ântero-posteriores e látero-laterais, gradativamente, respeitando o estágio de desenvolvimento de cada aluna.
Doenças diversas tendem a estimular o envelhecimento precoce. Até nisso a Dança do Ventre pode auxiliar, pois mantém a mente da mulher sempre saudável. Mente sã, corpo são. Como disse, a psicossomática evoluiu muito e hoje se conhece detalhadamente o processo de adoecimento através da conduta mental.
Na Dança do Ventre, através de um corpo sadio, a mulher tem a oportunidade de progredir espiritualmente, pois poderá aumentar a quantidade de experiências a viver neste vaso, que é o corpo humano, onde poderá plantar diversas flores.

Fonte:
http://www.centraldancadoventre.com.br/bkp/artigos/112-danca-do-ventre-e-saude-rejuvenescimento-juventude-e-vida-longa