sábado, 26 de setembro de 2015

Ritmos: Samai

Samai (samaai, samahi, samaaiat) é um ritmo de origem turca, e o Darig é originário da Argélia, mas inspirado no primeiro. Em árabe, samai é escutar.
Samai não é um nome comum para a maioria das dançarinas, mas é um ritmo presente em muitas músicas. Darig nada mais é que uma versão menor do Samai. 
Composição
Este é um ritmo com composição 10/8, dividido em três partes (khanat). A primeira e a terceira têm 3 tempos enquanto que a segunda possui 4. A quarta parte possui uma estrutura diferente, geralmente 3/4 ou 6/4, desta última parte que deriva o ritmo argeliano Darig.
Puro, aparece assim:
DUM TAKA TAKA TA TAKA DUM DUM TA

Floreado, aparece como:
DUM TAKA TAKA TAKA _ TAKA TAKA DUM TA DUM  _ TAKA TAKA TAKA

Dessa forma, o ritmo Samai não é uma sequência pequena repetida diversas vezes, o ritmo é praticamente - aos nossos ouvidos ocidentais - uma música inteira. Portanto, o que muitas vezes ouvimos como ritmo Samai, é na verdade uma parte de sua estrutura (khanat).
Esses exemplos são as variações simples do ritmo. Como qualquer ritmo, ele pode ser floreado, algumas vezes parecendo mais longo ou mais curto.
Em algumas músicas, encontramos o terceiro khanat sendo associado ao Darig, como neste vídeo da Suheil abaixo.

Características
O Samai costuma aparecer em músicas clássicas egípcias e nas músicas sufi turcas. Sua delicadeza deixa a música mais rica e encantadora. É um ritmo  lento, mas muito complexo.

Como treinar
É extremamente difícil encontrar alguém que dance o samai tocando snujs, mas estes instrumentos são ótimos para praticá-lo e entender as partes do silêncio e onde marcar mais forte.
Você pode marcar os DUM com as duas mãos para dar mais impacto e revezar o TA na mão direita e o KA na esquerda. Sinta-se à vontade para fazer invertido.
Se preferir praticar dançando, marque os DUM com algumas batidas secas e nos TA e KA, faça movimentos suaves.
Dica de passos
Como este ritmo aparece em músicas clássicas, aproveite para fazer os passos mais antigos da dança do ventre como oitos e se for fazer tremidinhos, que sejam leves.
Assista aos vídeos das bailarinas antigas e observe como elas são delicadas e a dança mais contida. Dançar o samai é inspirar-se nas origens. Oitos, camelos, pivôs, movimentos de braços e pernas devem ser feitos de forma tranquila.
Como o próprio nome do ritmo sugere, escute a batida com o seu próprio corpo e boa dança!

Fonte:
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/08/30/samai/
http://www.dancadoventrebrasil.com/2011/03/ritmos-samai-e-darig.html

sábado, 19 de setembro de 2015

Ritmos: Saidi

Saidi, Said ou Saidee? As grafias são muitas, mas o ritmo é o mesmo. Geralmente é o primeiro ritmo que é ensinado nas aulas de dança do ventre porque ele está presente na maioria das músicas. Segundo o site do músico Pedro Françolin, é uma variação de outro ritmo, o Maksum. Por isso, também é chamado de “maqsum said” e leva esta nomenclatura por que se originou da região de Said, localizada no alto Egito.

Composição
É um ritmo de compasso 4/4, formado por um DUM inicial e dois DUMs no meio da frase. Assim, sua forma é o contrário do Baladi, em que os DUMs estão no início. A frase fica assim, se tocada completa: DUM TAK DUM DUM TAKATA

Características
O ritmo tem marcações bem fortes, é vibrante e alegre. Acompanha instrumentos de percussão (tabla, derbake ou dumbek), rababa (violino) e o mizmar (flauta). Aparece em músicas modernas, clássicas, solos de derbake ou folclóricas. Na dança da bengala ou do bastão, a bailarina precisa usar um vestido que cubra o corpo ou túnicas, conhecidas como galabias, retomando um pouco da origem da dança.
É um ritmo muito importante no pais, bem marcado e alegre, com batidas fortes. No Said há dois Duns no meio da frase. Presente em músicas clássicas, solos de derbake, músicas folclóricas e na maioria das músicas modernas (cantadas ou não).
Nas folclóricas ele é ideal para a dança da bengala ou do bastão masculina (Tahtib). Nestes dois casos é geralmente acompanhada pela flauta mizmar.
Ritmo também usado na dança Dabke e tocado ainda para a dança dos cavalos, em que estes marcam as batidas mais fortes do ritmo com batidas de suas patas no chão.

Como treinar
Comece a tocar os snujs pela frase simples: DUM TAK DUM DUM TAKATA. Quando conseguir agilidade, coloque um TAKA no final, para fazer a emenda com o início do ritmo novamente: DUM TAK DUM DUM TAKATA TAKA DUM TAK DUM DUM TAKATA. Treine o ritmo puro, com a ajuda de um CD (ouça a faixa selecionada abaixo), e depois tente encontrá-lo nas músicas. Repare que nem sempre ele aparecerá da forma simples e poderá receber variações e ficar floreado.

Dicas de passos
Você pode abusar de batidinhas de quadril para fazer as marcações. Como retoma e representa a vida cotidiana, relaxe um pouco a postura ereta dos braços usados nas músicas clássicas e descer da meia ponta em alguns momentos. É um ritmo bem alegre e marcado e você pode fazer saltinhos – alguns típicos do Said folclórico – redondos, tremidinhos e jogos de ombro. Não esqueça de sorrir bastante e brincar com o público!

Lembre-se: Você pode tocar os DUMs, TAKs e TAs com a sua mão principal (varia para destros ou canhotos) e os e KAs com a outra. Ou então marcar os DUMs com as duas mãos, enfatizando que são mais fortes.

Fonte:
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/06/07/o-ritmo-said/
http://www.centraldancadoventre.com.br/a-danca-do-ventre/ritmos/16/said/22

sábado, 12 de setembro de 2015

Ritmos: Malfuf

Embrulhado, ou enrolado seria a tradução literal mais adequada para a palavra que dá nome ao ritmo desta semana. Malfuf, Malfouf, Leff, Luff ou Laff é um ritmo que originário da África, em especial do norte do continente. Muito conhecido no Egito e Líbano, sua cadência é muito parecida com a de ritmos muito ouvidos no Brasil, como o forró ou baião (um dos ritmos que os árabes haviam incorporado na nossa cultura). É um ritmo bem forte, vibrante. 
Composição
Sua composição é muito simples, trata-se de um 2/4. A frase musical é curta: DUM TAKA TAKA
Mas afinal, se a composição é simples, por que a tradução do nome retoma a ideia de enrolar, embrulhar? Uma das explicações diz que ele é utilizado nas músicas de Melea Laff (dança do lenço enrolado, usado também como gíria: "enrolação"). Outra justificativa: este ritmo é usado para entradas e saídas. Ou seja, ele introduz e finaliza a música e a passagem da bailarina, enquanto o centro da apresentação contém o recheio, ou seja, toda a técnica da dança. Por fim, há outra que faz referência aos famosos (e deliciosos) charutinhos, arroz e carne enroladinhos por repolho ou folhas de uva.
Aqui abaixo temos um Malfuf no derbake logo no início do vídeo, e abaixo um Malfuf na entrada e na finalização de uma música clássica interpretada pela dançarina Polímnia Garro.
 

Características
Ele aparece muito em solos de derbake e em músicas clássicas, possuindo ainda uma versão mais lenta no Raks El Shamadã (Dança do Candelabro) e no Melea Laff sua versão é muito acelerada. O Malfuf rápido aparece nas entradas e nas saídas nas músicas clássicas, logo muito presente para deslocamentos. No geral ele é primordialmente usado para marcar a transição dos diferentes trechos melódicos, o que faz com que ele seja visto como um ritmo "ponte", ligando momentos diferentes da apresentação. Apesar de ser usado em danças antigas e de origem folclórica, tal como o Hagalla e o Dabke, o ritmo é encontrado em músicas modernas e coreografadas para grupos.

Como treinar
Como sempre, comece pela frase simples e depois tente acelerar o ritmo.

Dicas de passos
Como já foi dito, o Malfuf aparece com frequência nas aberturas e finalizações de músicas clássicas e durante os derbakes. Por isso, a preferência é que a bailarina opte por fazer deslocamentos, mostrando leveza, agilidade e domínio do espaço. Sua forma acelerada permite fazer passos como passeio no bosque, caminhadas e giros.

Fonte:
http://www.dancadoventrebrasil.com/2009/05/ritmos-malfuf.html
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/06/28/malfuf/

sábado, 5 de setembro de 2015

História da música árabe

Dei uma parada no estudo dos ritmos para falar deste assunto porque achei bem legal e mantém o assunto principal em foco: música árabe.
O termo música árabe  pode ser aplicado a vários estilos e gêneros de música distribuídos por vários países, com culturas diversas, já que a cultura do povo árabe se espalhou por diversas áreas, em especial no Oriente Médio e na África do Norte.
Ela é caracterizada por uma ênfase na melodia e ritmo, em oposição à harmonia. Há alguns gêneros de música árabe que são polifônicos, mas normalmente, a música árabe é homofônica.
Tal tradição possui raízes na poesia do período pré-islâmico conhecida como "jahiliyyah" (ou "poesia do período de ignorância"). O canto era tarefa confiada às mulheres com belas vozes que aprendiam também a tocar instrumentos (tambor, ud, rebab, etc...) e em seguida, executavam canções respeitando a métrica poética. As composições eram simples, cantadas em um único "maqam" (sistema modal utilizado na música árabe tradicional). Tanto a composição quanto a improvisação musical são baseados no sistema maqam. Maqams são executados na música vocal ou na instrumental sem incluir o componente rítmico.
  • Al-Kindi (801-873 d.C.) foi o primeiro grande teórico da música árabe. Propôs a adição de uma quinta corda ao ud e teorizava sobre a conotação cosmológica da música. Publicou quinze tratados de teoria musical, sendo que apenas cinco restaram. É em um de seus tratados que a palavra ''muziqa" foi usado pela primeira vez em árabe.
  • Abulfaraj (897-967) escreveu importante livro, o "Kitab al-Aghani", uma coleção de poemas e canções em mais de 20 volumes entre os séculos VIII e IX.
  • Al-Farabi (872-950) escreveu um livro notável sobre a música islâmica intitulado ''Kitab al-al-Kabir Musiqi'' (O Grande Livro da Música). Seu sistema tonal ainda é usado na música árabe.

Om Kalsoum
Em 1252, Safi al-Din desenvolveu uma forma única de notação musical, onde ritmos foram representados por formas geométricas.
No século 20, a cidade do Cairo torna-se um centro de inovação musical. Ali, a primeira mulher a assumir uma abordagem musical secular moderna foi Om Kalsoum, rapidamente seguida pela libanesa Fairuz, ambas consideradas lendas da música árabe.
Em 1932, é realizado o Congresso de Música Árabe, um grande simpósio e festival que reuniu no Cairo de 14 de março a 3 de abril estudiosos e artistas de todo o mundo de língua árabe. Delegações de músicos de Argélia, Egito, Iraque, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia se fizeram presentes. Sugerido ao rei Fuad I pelo barão Rodolphe d'Erlanger, o Congresso pretendeu ser o primeiro fórum em grande escala a apresentar, discutir, documentar e registrar as inúmeras tradições musicais do mundo árabe, Norte da África e Oriente Médio (incluindo a Turquia), discutindo-se o futuro, passado e presente da música árabe, pois à época acreditava-se que várias de suas manifestações estavam em declínio, fazendo recomendações para a sua revitalização e preservação. Foram registradas 360 performances pelos grupos visitantes, sendo gravados 162 discos pela empresa HMV (EMI). Além disso, propostas para a modernização e padronização da música árabe foram apresentados, incluindo uma proposta para uniformizar o sistema tonal para 24 compassos por oitava, restaurando o sistema anterior não-temperado, inerente aos antigos estilos. O delegado egípcio Muhammad Fathi recomendava que os instrumentos ocidentais fossem integrados aos conjuntos árabes, devido ao que ele acreditava serem suas superiores qualidades expressivas. Três congressos semelhantes foram realizadas nos anos seguintes, mas nenhum da dimensão e influência do que ocorreu em 1932.
Durante os anos 1950 e 1960 a música árabe começou a assumir um aspecto mais ocidental com instrumentos e letras árabes. Melodias são muitas vezes uma mistura entre estilos orientais e ocidentais.

Fonte:
http://www.infoescola.com/musica/musica-arabe/