sábado, 27 de dezembro de 2014

Zaar

Apesar do Zar, uma cerimônia de transe do Norte da África e Oriente médio, ser tecnicamente proibido pelo Islã, ele continua a ser parte essencial dessas culturas.
O Zar é melhor descrito como um "culto de cura", na qual utiliza-se percussão e dança. Seu ritmo é o Ayubi.. Também funciona como um compartilhamento de conhecimento e solidariedade social entre as mulheres dessas culturas tão patriarcais. A maioria de líderes de Zar são mulheres, e a maioria de participantes também. Muitos escritores notaram que enquanto a maioria dos espíritos possuidores são masculinos, as possuídas são geralmente mulheres. Isso não quer dizer que os homens não contribuem para as cerimônias de zar: eles podem ajudar com os tambores, na matança dos animais rituais, ou podem eles mesmos ser um marido ou parente requisitado para fazer oferendas ao espírito possuidor. De fato, é talvez uma tendência triste que, em culturas onde o zar é mais visível, haja uma tendência maior de os homens co-participar das cerimônias, e se tornarem líderes de zar.
Susan Kenyon nota que, na verdade, tem ocorrido uma proliferação de grupos de culto na República do Sudão, e um aumento dramático no tipo de demanda feita no culto. Ela atribui isso em parte à uma situação econômica pobre, que encoraja os homens a ir para fora do país à procura de emprego, deixando as mulheres como as verdadeiras chefes de casa, com todo o stress resultante.
As cerimônias Zar se estabeleceram no Sudão nos anos 1820. Foram ilegalizadas pela lei de Shari'a em 1983, mas, ao invés de diminuir, parecem ter aumentado. Elas dão à mulheres uma forma única de consolo em sociedades patriarcais rígidas. O próprio Islã sempre acreditou na existência de "espíritos", que eles chamam de "jin". Além disso, o zar foi oficialmente banido do Sudão desde 1992, mas os tambores ainda soam - possivelmente, diz Kenyon, devido ao suporte de esposas de homens influentes.
A possessão no zar é normalmente herdada. É também 'contagiosa' e pode vir a qualquer hora. Diriye Abdullahi, nativo da Somália, diz que o zar é basicamente uma dança de espíritos, ou dança religiosa - resquício das antigas deidades africanas, uma variante do que aqui no ocidente chamamos de "vudu". As antigas deidades africanas são chefiadas por duas figuras: Azuzar (o masculino, assoc. a Osíris) e Ausitu (o feminino, assoc. a Ísis). Ausitu é ainda celebrada e presenteada com oferendas por mulheres grávidas para que lhes dê um parto seguro. Ele o descreve como uma dança ritual que é mais observada por mulheres, especialmente mais velhas. Isso corresponde à prática das religiões africanas mais antigas, onde as mulheres mais velhas eram as sacerdotisas. Ele sustenta que mulheres mais jovens, especialmente não-casadas, não são tidas como "merecedoras da visita do espírito de Zar, que escolhe a residência na pessoa que quiser."
Diriye não acha um sacrilégio adultos dançarem o zar, mesmo os não possuídos. No Egito, diz, é mais dançado pelas pessoas que vivem nas áreas de vilas do sul, que foram menos expostas aos muitos invasores que vieram, através dos séculos, da Grécia, Roma e Oriente Médio, culminando nos árabes mulçumanos. Ele acrescenta que o maior número de praticantes são, hoje, encontrados no Sudão, Etiópia e Somália - lugares que mantêm tradições já desaparecidas no Egito. O zar, hoje, é praticado mais para relaxamento e cura espiritual para pessoas estressadas ou com problemas. O animal de sacrifício pode ou não fazer parte dessa cerimônia moderna.
No Zaar, a maior parte dos líderes e dos participantes são mulheres. Muitos estudiosos têm notado que, embora a maioria dos espíritos transmissores sejam masculinos, as "receptoras" geralmente são mulheres. Isto não significa que os homens não participem das cerimônias Zaar; ele podem ajudar na percussão, no sacrifício de animais, ou fazer as oferendas. De fato, em algumas culturas praticantes do Zaar, são observadas tendências em se inserir uma participação masculina maior, nas quais ele, mais do que cooperador, busca tornar-se o líder. Atualmente ocorre uma proliferação de grupos de culto no Sudão, além de uma diversificação nos tipos de Zaar. Quando esta dança é executada dentro de espetáculos de dança, ela não possui um objetivo ritualístico.

A Cerimônia
"Cada mulher movida pela pulsação do tambor... O movimento das mulheres crescendo em intensidade e velocidade, seus olhos meio fechados, ela parecia não notar nada ao seu redor, abandonando completamente a si mesma para a dança. Seus movimentos fluíam livremente de dentro para fora, ganhando força e velocidade à medida que ela completava o círculo ao redor do altar imponente onde os ajudantes estavam... até que, finalmente, jogava seus braços para cima e estava prestes a cair, mas a Kodia a guiou para o chão..." (descrição de uma cerimônia de Zar egípcia).
"Fumar, dançar ousadamente, se soltar, arrotar e soluçar, beber sangue e álcool, vestir roupas masculinas, ameaçar homens publicamente com espadas, falando alto sem pensar em etiqueta... esses dificilmente seriam comportamentos das mulheres Hofriyati, para quem dignidade e justeza são valores importantes. Mas no contexto do Zar são comuns e esperados."
O drama de uma cerimônia de zar cativa nossa imaginação rapidinho, mas é preciso lembrar que funciona, pois atua dentro de um cenário cultural específico, com requerimentos muito específicos. Como um culto, os grupos de Zar têm um líder e os membros devem ir a seções regularmente. Pode haver rituais de zar públicos ou privados; em um ritual privado apenas os familiares próximos podem estar envolvidos.
A líder pode ser chamada de "Kodia" (Egito), Shaykha (Sudão) ou "Umiya" (Sudão), dependendo da região. A própria líder é possuída. Ela tem que entrar em acordo com seu "Jinn" ou espírito para estar pronta a ajudar os outros. A liderança é normalmente passada de mãe para filha ou por membros femininos da família. Homens não podem herdar a possessão, mas podem reivindicar terem sido "chamados".
O zar egípcio é normalmente feito num quarto amplo com um altar. Em qualquer país, é importante que o espaço de uso doméstico seja separado do espaço sagrado, ou do lugar de sacrifício para o zar. O altar é coberto com um pano branco e empilhado de castanhas e frutas secas. A Kodia e seus músicos ocupam um lado do quarto, e os participantes o resto dele. Os convidados devem contribuir com uma quantia de dinheiro de acordo com sua posição. Ter uma cerimônia de zar pode ser muito lucrativo, mas entende-se que o líder de zar é alguém a quem as mulheres podem recorrer em tempos de necessidade - assim ele serve também como uma sociedade solidária na qual os membros tanto dão como recebem ajuda.
A mulher para quem o zar é preparado pode vestir-se de branco, geralmente uma galabiya de homem, ou saia. Ela usa henna nas mãos e corpo, e kohl nos olhos. Ela também pode ser fortemente perfumada, como os convidados. Duriye Abdullahi, nativo da Somália, diz que perfumes (especialmente olíbano) são as oferendas mais comuns aos espíritos do zar. No começo das cerimônias, passa-se um turíbulo entre os convidados, para purificarem seus corpos.
Espera-se que a Kodia seja uma cantora treinada, que conheça as músicas e ritmos de cada espírito. Ao cantar a música de um espírito e observar as reações, ela pode diagnosticar que tipo de espírito baixou e como "tratá-lo". Os instrumentos musicais usados são o tar, um tipo de pandeiro, e a tabla. O número de "ajudantes" vai de 3 a 6; eles dão o apoio rítmico. Durante as cerimônias de zar, os vários espíritos são invocados por sua própria batida de tambor característica (ou "linha"). A Kodia também tem um acervo de roupas, que passa ao possuído a fim de acomodá-lo.
Se o sacrifício animal é usado, deve ser com uma galinha, pombo, ovelha, ou até mesmo um camelo, se a mulher for rica. Em todo caso, prover algum tipo de comida ou refeição é parte essencial da cerimônia. Dizem que os espíritos etíopes gostam de café. Espíritos não-mulçumanos podem exigir bebidas alcoólicas, enquanto espíritos femininos podem preferir bebidas doces, como refrigerante. No Sudão, nas áreas onde sacrifício animal é considerado necessário, o restabelecimento do paciente não é considerado completo até que a refeição do sacrifício é consumida na noite final. Ela geralmente consiste em carne, pão, arroz e caldos.
O Zar não é um "exorcismo", como geralmente as pessoas o descrevem, porque o espírito é acomodado e conciliado; ele não é exorcizado. À paciente é aconselhado "ser continuamente atenciosa com seus espíritos, fazer as tarefas diárias que eles requerem, evitar poeira, e fugir de emoções negativas". Falhar nisso pode resultar numa recaída. O fato desse conselho ser válido para mulheres ocidentais modernas comprova a natureza tão prática da experiência do zar.

O que podemos aprender do Zar
O ritual de Zar é uma experiência purificante, que funciona com tanta eficácia para as mulheres dessas culturas quanto a psicoterapia na cultura ocidental. Ele envolve vários aspectos críticos que contribuem para seu sucesso como terapia: o paciente é o centro das atenções e recebe ajuda e atenção de seus amigos e parentes, sua experiência e sentimentos são reconhecido como válidos. Como a dançoterapeuta Claire Schmais explica, "É baseado na comunidade, seguidores e membros não são mandados embora para se curar... cria um senso de comunidade enquanto cura, aceitando o indivíduo dentro da comunidade."
O zar proporciona uma experiência multisensorial com visões, sons e cheiros. A partilha ritual de comida cria companheirismo em toda cultura e época. Então, é importante entender esses rituais no contexto da experiência total. Os principais elementos da experiência do zar podem ser usados por mulheres na nossa cultura para criar experiências de dança mais significativas, no contexto ritual que preferirem. Isso poderia ser feito no contexto religioso ou mesmo leigo.
Pelo "mover-se junto", um senso de proximidade cresce entre membros do grupo. Isso é verdade, os participantes sendo treinados em dança ou não. Também, a experiência de ser o centro das atenções é, em si, uma experiência terapêutica, quando cercado por amigos.
"Ritual" pode significar algo simples como queimar incenso, pôr flores num quarto, ou acender velas. Qualquer um que já se apresentou em público pode estimar quão importante é "montar o palco", criar um humor adequado.
Vestir fantasia já é comum para todas nós como parte do que faz da dança uma experiência especial. Algo tão simples quanto usar lenço de quadril e véus para treinar dança pode incrementar a experiência para não-dançarinas. Como dançarinas, também podemos testemunhar o efeito hipnótico criado quando os ritmos certos de tambor são usados. A função da "líder" também é importante, porque mantém o grupo norteado, e tira a preocupação de 'o que fazer a seguir' dos outros. Os tambores também servem para focar a atenção de todos no aspecto ritual do que está acontecendo, e definir o humor e fluência do evento com ritmo.
Comer junto é uma maneira familiar de terminar o ritual que une as pessoas, e ajuda cada um a sentir que estão sendo "nutridos" e apreciados.

Aspectos Práticos
Quanto à "coreografia", movimentos tradicionais de zar são jogadas de cabeça e gingadas. É importante estar ciente de que esses movimentos podem ser perigosos, principalmente para pessoas com problema de pescoço ou de ombro. A coisa mais importante é relaxar no movimento, e não tentar controlá-lo. Relaxar e deixar o peso da cabeça mandar é a chave para não se machucar. Ficar tenso e com medo do movimento pode muito mais levar a um machucado. Se você fizer por muito tempo terá um torcicolo, mas isso é devido ao trabalho muscular.

Fonte:
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://www.angelfire.com/co2/dventre/zaar.html

sábado, 20 de dezembro de 2014

Dança com Pandeiro

A Dança com pandeiro tem diversas origens, porém não há registro, nos países orientais, somente o vídeo de Aza Sharif (1980) em que ela segura por alguns segundos um Mazhar, ou a libanesa Nadia Gamal que também o utiliza num show em 1983.
A falta de informações se dá por conta deste estilo de dança pertencer à categoria de dançarinas de Haréns: as almeh  que raramente foram vistas pelos ocidentais.
As almeh diferentemente da ghazyia, eram bailarinas cantoras extremamente educadas e letradas, que utilizavam o pandeiro (Daff ou Riq) para pontuar suas canções. Em filmes antigos, da era dourada, aparece uma ou outra cantora dedilhando um daff, mas essa tradição quase se extinguiu por conta de uma lei muçulmana que proibia as mulheres de tocar instrumentos musicais. Para quem não sabe no Egito Antigo o ato de tocar pandeiros, harpas e cantar era destinado às mulheres.
 
Originalmente o pandeiro foi um instrumento conectado com rituais femininos em culturas como o Egito, Suméria, Magna Grécia, Pérsia e Anatólia (Turquia) relacionado às divindades tectônicas e lunares.
Kubaba, Cybele, Dindymene, Rhea são nomes de deusas figuradas com pandeiros cujo significado era marcar o ritmo da vida. Geralmente o instrumento representava a Lua em uma relação entre planeta e satélite direcionando e determinando os acontecimentos.
Como parte do ritual as sacerdotisas egípcias passavam óleo essencial de olíbano na pele do pandeiro e em Çatal Huyuk (Turquia) - grande centro religioso da pré-história - as mulheres bezuntavam com mel, uma homenagem à deusa.
A pele dos instrumentos também tinha uma importância ritual: eram derivadas do sacrifício de animais sagrados, tendo a relação com aquele que deu a vida e o sangue em nome da manutenção da fartura e fertilidade dos campos. Ressaltando aqui que eram sociedade agrícolas em sua maioria.
 No Oriente Médio o pandeiro como instrumento circular, seja ele um Mazhar, daff ou bendir aparece em diversos momentos das manifestações populares, seja nos protestos políticos, nas festas em homenagem aos santos muçulmanos ou nas comemorações de família. A relação de que o som produzido por ele influi no direcionamento da vida.
Enquanto que na dança ainda não se esclareceu ao certo o que e como utilizá-lo - talvez em receio de cometer-se erros ou aberrações - pois pouco se sabe a respeito da Ahmeh egípcia.
Outras fontes narram a origem do pandeiro como parte da tradição Romany. Você pode assisti-los na Turquia dançando com pandeiros abertos, sem pele, mas é apenas um acessório decorativo na dança. Nenhum Romany turco afirmou ou aceitou essa dança como parte da tradição cigana, o que chegou a ser discutido por eles é que nós ocidentais criamos diversos estereótipos a respeito e um deles é a da cigana dançando com um pandeiro, assim como a saia rodada.
Na Turquia o pandeiro está relacionado à Itália, pela Tarantela, uma dança ritual bem diferente das coreografias folclóricas que estamos acostumados a assistir em festas das Nações.
Faz um certo sentido porque na Magna Grécia - atualmente as ilhas italianas que mantém essa cerimônia -  havia uma dança ritual com pandeiros em nome da deusa negra Cybelle. Essa tradição se mantém até hoje, porém sincretizada com o catolicismo como uma Nossa Senhora Negra.
A bailarina e percussionista mais conhecida é a italiana Alessandra Bellloni, que escreveu um livro sobre os ritmos em honor à Madona Nera: "Rhythm is the Cure" Southern Italian Tambourine. No livro Alessandra descreve ritmos e é possível assisti-la no DVD, a técnica de tocar também é vertical como a árabe.
Não podemos esquecer da Bíblia que descreve diversos momentos, no Antigo Testamento, como a Dança de Miriam, os pandeiros estão relacionados mais à tradição judaica do que propriamente à cigana.
Enfim, o pandeiro é um acessório cênico utilizado pela bailarina enquanto dança e é tocado apenas em alguns momentos para fazer as marcações da música. Ou seja, ela não toca o tempo inteiro como faz o músico com o pandeiro. Ele serve para dar um charme a mais, para incrementar a dança.
Não deve ser tocado em músicas lentas ou taksins. Há quem o toque em solos de derbak, o que pode torná-los ainda mais bonitos, se bem executados.
Usar roupas alegres, geralmente com moedas. Pode ser dançada com um vestido baladi, que também é usado para a dança da bengala.
Na maioria das vezes, ela tocava para outras mulheres dançarem. Porém, com a influência cigana, passou a tocá-lo também durante a dança.
Nesta dança a bailarina realiza alguns movimentos da dança do ventre enquanto segura o pandeiro próximo ao quadril, acima do ombro ou da cabeça, por exemplo, como um elemento decorativo.
Ligado a ritmos folclóricos, esse instrumento está relacionado com o mais autêntico espírito oriental, por isso o traje de quem o toca deve ser o vestido. Com o som forte do pandeiro, a bailarina deve marcar o ritmo com precisão e graça, realizando as batidas do pandeiro em diferentes partes do corpo, como mão, cotovelo, ombro, quadril, joelho, para marcar as partes mais fortes da música.
Uma dica é fazer batidas no pandeiro apenas nas batidas mais fortes da música, e nos outros momentos utilizá-lo como elemento decorativo. Por isso recomenda-se que se dance em músicas alegres, animadas, ritmadas e bem marcadas.
Geralmente usam-se ritmos mais rápidos, nos quais acompanham-se as batidas da percussão, como por exemplo no said, malfuf e falahi.
O pandeiro árabe, ou daff, como também é chamado, tem o som e a aparência um pouco diferente do nosso pandeiro ocidental e diz-se que ele entrou na Dança do Ventre através dos ciganos do Antigo Egito.
Era sempre feita com o sentido da comemoração, da alegria e da festa. Assim como os snujs, acompanha-se seu som com o ritmo da música. A melodia ideal é a que tem bastante toques de pandeiro.

Fonte:
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://www.centraldancadoventre.com.br/a-danca-do-ventre/modalidades/14/danca-com-pandeiro/56
http://isiszaharabellydance.blogspot.com.br/2011/02/danca-com-pandeiro-origens-significados.html

sábado, 13 de dezembro de 2014

Dança do Castiçal ou Dança do Candelabro ou Raks Al Shamadan

Zouba El Klobatyia
O candelabro representa a iluminação dos caminhos. Em geral, é a dança presente em nascimentos, aniversários e, principalmente, em casamentos. Nesta ocasião, a bailarina vai à frente do cortejo dos noivos, no ritual conhecido como Zeffa, para levar a luz à união e atrair felicidade. Acredita-se que o Raks el Shamadan seja de origem egípcia ou relacionado ao judaísmo. Afirma as escravas costumavam usar velas na cabeça para servir os faraós durante à noite, pois não havia iluminação ambiente e elas estavam com as mãos ocupadas carregando bandejas e objetos que precisavam levar e trazer. Da mesma forma, outra história é que as mulheres usavam candelabros na cabeça para iluminar os caminhos do deserto depois do poente do sol. Viravam uma espécie de lanterna ambulante. O que temos certeza é que a dança com candelabro antecedeu à criação das tacinhas. Os candelabros podem ser de diversos tamanhos, com sete a 17 velas (brancas ou coloridas) e a estrutura é de metal pesado, para que o diâmetro se encaixe perfeitamente na cabeça da bailarina e permaneça bem equilibrado.
Como esta dança ainda mantém uma forte ligação com a tradição, os vestidos longos e que cobrem o corpo são os mais utilizados. Pelo mesmo motivo, é raro encontrar bailarinas se apresentado com candelabros em restaurantes, cafés, entre outros eventos. Costuma ser usado em palco e em conjunto com outros acessórios. Se quiser manter mais ainda a tradição, opte pela cor branca ou preta. Os tecidos são sempre pesados e sem transparências, como veludos. Outro detalhe muito importante é que é muito comum as bailarinas utilizarem um véu sobre a cabeça, embaixo do candelabro. Zaffe ou Malfuf são os ritmos mais usados nestas apresentações, mas também é possível encontrar com Baladi, Falahi e Saidi. E a velocidade mais lenta exige movimentos ondulados, oitos, redondos e trabalho de braço. Explore bastante a sinuosidade, inclusive no chão, mas não esqueça que você também tem liberdade para fazer marcações com batidas e tremidinhos, pois é uma dança que requer bastante equilíbrio.

Curiosidade: A dança com candelabros, independente do Zeffa egípcio tem origem no passado, provavelmente começou nos tempos do rei Salomão, quando os escravos iluminavam os palácios.
Mas foi no século XX que o estilo incorporou-se ao ritual de casamento no Egito. A dançarina Zouba el Klobatyya foi primeira ou a mais conhecida bailarina que utilizou as velas (klob) sobre a sua cabeça, equilibrando-as. Até então a procissão do casamento egípcio era realizada com um cortejo, cujos familiares dos noivos seguravam longas velas com o intuito de espantar maus espíritos, inveja ou qualquer influência negativa sobre o novo matrimônio. Pode se assistir neste vídeo de 1954 uma procissão de Zeffa em que não há Shamadan, Nadia Gamal interpreta o clássico oriental, e é possível de identificar mulheres segurando longas velas ao fundo.
A partir de Zouba a procissão passou a ser conduzida por dançarinas equilibrando em torno de doze à treze velas sobre a cabeça. Essa performance foi inspirada na bailarina cristã Shafiya el Koptya (Shafiya a copta) o que nos leva a pensar sobre as remotas origens da dança. A dança tornou-se parte do espetáculo da Dança Oriental quando Nadia Hamdi utilizou o candelabro em uma dança com descidas até o chão e spacattos.



Este tipo de dança existe a muitos anos e fazia parte das celebrações de casamento e nascimento de crianças. É tradicionalmente apresentada na maioria dos casamentos egípcios, onde a bailarina conduz o cortejo do casamento levando um candelabro, específico para a dança, na cabeça. Desta maneira, ela procura iluminar o caminho do casal de noivos, como uma forma de trazer felicidade para eles.
Hoje em dia, é comum que a bailarina apresente a dança do candelabro no começo de seus shows. Este pode ser de 7, 9, 13 ou até mesmo de 17 velas, a critério de cada uma.
É de costume que a roupa seja toda preta ou toda branca, mas não há problema nenhum em dançar com roupas de outras cores também. O ideal é que a roupa seja composta e adequada para este tipo de dança que é considerada sagrada, por celebrar casamentos e nascimentos de crianças.

As velas, na maioria das vezes, são brancas, porém há quem goste de velas coloridas e acreditam em seus significados. Vermelho é o amor passional, sexo e fecundidade. Lilás é transmutação, amarelo é saúde, verde é dinheiro, branco é pureza, azul é carinho e rosa é afeto.

Fonte:
http://isiszaharabellydance.blogspot.com.br/2011/01/danca-com-candelabro-shamadan.html
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/08/18/candelabro/

sábado, 6 de dezembro de 2014

Dança do Punhal

Elemento Ar - Deusa Lilith 
Hoje em dia o punhal é considerado uma derivação da espada, não tendo um significado padrão. Porém, a história antiga nos revela que essa dança era uma reverência à deusa Selkis, a Rainha dos Escorpiões e representava a morte, a transformação e o sexo.
Quase nada se sabe sobre sua origem, mas alguns acham que ela surgiu nos bordéis da Turquia, quando as europeias eram escravizadas e levadas aos bordéis (1600-1700); época em que os Mouros raptavam as mulheres a mando do Sultão da Turquia. O punhal era um instrumento de defesa e de comunicação entre a bailarina e a plateia. Outra ideia é de que era realizada pela odalisca predileta do sultão para mostrar seu poder às outras mulheres do Harém, provando que ele tinha total confiança nela.
Na Arábia e no Marrocos é tradição. De origem turca e cigana, eram apresentadas nas tavernas de Constantinopla e Istambul.
Nas tribos ciganas, esta dança é um ritual de purificação. As dançarinas passam o punhal nas chamas da fogueira e depois em volta dos espectadores. Segundo a tradição cigana, é desta maneira que se faz a limpeza de aura das pessoas. Nos casamentos ciganos também é executada esta dança, dizem que serve para afastar as más influências sobre os noivos.
Atualmente a dança do punhal é muito procurada pelas estudiosas da Dança do Ventre, para variarem suas interpretações. Esta dança transmite muita força e sua interpretação requer carisma, grande dose de sensualidade e agressividade.
A dança do punhal é uma dança forte, portanto a bailarina deverá usar músicas fortes, o ritmo mais usado é o Wahd Wo Noss. Ela foi vista pela primeira vez sendo executada pela bailarina norte-americana Jamila. Não é considerada folclórica.
Há quem fale que quando a bailarina dança com a lâmina para dentro quer dizer que ela está acompanhada e quando dança com a lâmina para fora, quer dizer que "está livre". Esta prática evitava brigas entre os admiradores.
Existem crenças a respeito dos significados de cada gesto que a bailarina faz com o punhal durante sua dança.

Significado de alguns movimentos com o punhal
- Punhal com a ponta para fora da mão: a bailarina está livre; com a ponta para dentro, está comprometida
- Punhal no peito: demonstração de amor
- Punhal no meio dos seios com a ponta enfiada no decote: sexo
- Punhal na testa com a ponta para baixo: magia
- Punhal na horizontal da testa: assassino
- Punhal nos dentes: sedução, desafio, destreza
- Equilibrar o punhal no ventre: destreza
- Bater o punhal na bainha: chamado para dança
- Punhal entre as mãos, sinuoso: Homenagem a alguém da plateia
- Rodar com ele na testa, significa destreza, habilidade; 
- Pegá-lo com a ponta dos dedos e rodá-lo é o sucesso da bailarina;
- Passá-lo pelo corpo, significa querer seduzir alguém;
Sabe-se que era na verdade uma arma para defesa em situações que colocassem em risco a vida. Por isso, ficou bastante associada aos ciganos e às mulheres que dançavam na rua em troca de dinheiro.
Algumas sugestões de movimentos: trabalhar com o punhal em oito, na frente, nas laterais e girando. Girar com o punhal na testa e no busto. Colocar o punhal no bustiê e executar shimmies, círculos e oitos. Colocar o punhal nos dentes e fazer trabalhos deitadas no chão.
Ela pode ser executada de forma alegre ou mais introspectiva, como um duelo entre duas ou consigo mesma. Não há um traje específico, portanto pode ser dançada com uma roupa típica de dança do ventre de duas peças, bem como com um vestido. Porém é levada em consideração a cor usada. Por exemplo, o preto simboliza a justiça e o elemento que absorve a energia negativa e a transforma em algo bom. O roxo é a cor da realeza que conecta a bailarina aos planos espirituais, como se ela traçasse o seu próprio destino. E o azul aponta o domínio dos espíritos ao mesmo tempo em que mostra quietude e confiança.

Como ele é feito? 
O punhal pode ser feito de metal especialmente para a dança, também conhecido como adaga. Pode ser dourado ou prateado e é vendido em lojas especializadas em artigos pra Dança do Ventre. O punhal é considerado uma arma branca e possui uma lâmina curta. Claro que, atualmente, esta lâmina não é mais cortante já que é um acessório para dançar.

Fonte:
http://www.ventrequeencanta.com.br/danca-do-punhal.html
http://hannaaisha.blogspot.com.br/2009/04/danca-com-o-punhal-voce-sabe-dancar.html
http://www.portaldoegito.com.br/elemento-punhal