sábado, 27 de dezembro de 2014

Zaar

Apesar do Zar, uma cerimônia de transe do Norte da África e Oriente médio, ser tecnicamente proibido pelo Islã, ele continua a ser parte essencial dessas culturas.
O Zar é melhor descrito como um "culto de cura", na qual utiliza-se percussão e dança. Seu ritmo é o Ayubi.. Também funciona como um compartilhamento de conhecimento e solidariedade social entre as mulheres dessas culturas tão patriarcais. A maioria de líderes de Zar são mulheres, e a maioria de participantes também. Muitos escritores notaram que enquanto a maioria dos espíritos possuidores são masculinos, as possuídas são geralmente mulheres. Isso não quer dizer que os homens não contribuem para as cerimônias de zar: eles podem ajudar com os tambores, na matança dos animais rituais, ou podem eles mesmos ser um marido ou parente requisitado para fazer oferendas ao espírito possuidor. De fato, é talvez uma tendência triste que, em culturas onde o zar é mais visível, haja uma tendência maior de os homens co-participar das cerimônias, e se tornarem líderes de zar.
Susan Kenyon nota que, na verdade, tem ocorrido uma proliferação de grupos de culto na República do Sudão, e um aumento dramático no tipo de demanda feita no culto. Ela atribui isso em parte à uma situação econômica pobre, que encoraja os homens a ir para fora do país à procura de emprego, deixando as mulheres como as verdadeiras chefes de casa, com todo o stress resultante.
As cerimônias Zar se estabeleceram no Sudão nos anos 1820. Foram ilegalizadas pela lei de Shari'a em 1983, mas, ao invés de diminuir, parecem ter aumentado. Elas dão à mulheres uma forma única de consolo em sociedades patriarcais rígidas. O próprio Islã sempre acreditou na existência de "espíritos", que eles chamam de "jin". Além disso, o zar foi oficialmente banido do Sudão desde 1992, mas os tambores ainda soam - possivelmente, diz Kenyon, devido ao suporte de esposas de homens influentes.
A possessão no zar é normalmente herdada. É também 'contagiosa' e pode vir a qualquer hora. Diriye Abdullahi, nativo da Somália, diz que o zar é basicamente uma dança de espíritos, ou dança religiosa - resquício das antigas deidades africanas, uma variante do que aqui no ocidente chamamos de "vudu". As antigas deidades africanas são chefiadas por duas figuras: Azuzar (o masculino, assoc. a Osíris) e Ausitu (o feminino, assoc. a Ísis). Ausitu é ainda celebrada e presenteada com oferendas por mulheres grávidas para que lhes dê um parto seguro. Ele o descreve como uma dança ritual que é mais observada por mulheres, especialmente mais velhas. Isso corresponde à prática das religiões africanas mais antigas, onde as mulheres mais velhas eram as sacerdotisas. Ele sustenta que mulheres mais jovens, especialmente não-casadas, não são tidas como "merecedoras da visita do espírito de Zar, que escolhe a residência na pessoa que quiser."
Diriye não acha um sacrilégio adultos dançarem o zar, mesmo os não possuídos. No Egito, diz, é mais dançado pelas pessoas que vivem nas áreas de vilas do sul, que foram menos expostas aos muitos invasores que vieram, através dos séculos, da Grécia, Roma e Oriente Médio, culminando nos árabes mulçumanos. Ele acrescenta que o maior número de praticantes são, hoje, encontrados no Sudão, Etiópia e Somália - lugares que mantêm tradições já desaparecidas no Egito. O zar, hoje, é praticado mais para relaxamento e cura espiritual para pessoas estressadas ou com problemas. O animal de sacrifício pode ou não fazer parte dessa cerimônia moderna.
No Zaar, a maior parte dos líderes e dos participantes são mulheres. Muitos estudiosos têm notado que, embora a maioria dos espíritos transmissores sejam masculinos, as "receptoras" geralmente são mulheres. Isto não significa que os homens não participem das cerimônias Zaar; ele podem ajudar na percussão, no sacrifício de animais, ou fazer as oferendas. De fato, em algumas culturas praticantes do Zaar, são observadas tendências em se inserir uma participação masculina maior, nas quais ele, mais do que cooperador, busca tornar-se o líder. Atualmente ocorre uma proliferação de grupos de culto no Sudão, além de uma diversificação nos tipos de Zaar. Quando esta dança é executada dentro de espetáculos de dança, ela não possui um objetivo ritualístico.

A Cerimônia
"Cada mulher movida pela pulsação do tambor... O movimento das mulheres crescendo em intensidade e velocidade, seus olhos meio fechados, ela parecia não notar nada ao seu redor, abandonando completamente a si mesma para a dança. Seus movimentos fluíam livremente de dentro para fora, ganhando força e velocidade à medida que ela completava o círculo ao redor do altar imponente onde os ajudantes estavam... até que, finalmente, jogava seus braços para cima e estava prestes a cair, mas a Kodia a guiou para o chão..." (descrição de uma cerimônia de Zar egípcia).
"Fumar, dançar ousadamente, se soltar, arrotar e soluçar, beber sangue e álcool, vestir roupas masculinas, ameaçar homens publicamente com espadas, falando alto sem pensar em etiqueta... esses dificilmente seriam comportamentos das mulheres Hofriyati, para quem dignidade e justeza são valores importantes. Mas no contexto do Zar são comuns e esperados."
O drama de uma cerimônia de zar cativa nossa imaginação rapidinho, mas é preciso lembrar que funciona, pois atua dentro de um cenário cultural específico, com requerimentos muito específicos. Como um culto, os grupos de Zar têm um líder e os membros devem ir a seções regularmente. Pode haver rituais de zar públicos ou privados; em um ritual privado apenas os familiares próximos podem estar envolvidos.
A líder pode ser chamada de "Kodia" (Egito), Shaykha (Sudão) ou "Umiya" (Sudão), dependendo da região. A própria líder é possuída. Ela tem que entrar em acordo com seu "Jinn" ou espírito para estar pronta a ajudar os outros. A liderança é normalmente passada de mãe para filha ou por membros femininos da família. Homens não podem herdar a possessão, mas podem reivindicar terem sido "chamados".
O zar egípcio é normalmente feito num quarto amplo com um altar. Em qualquer país, é importante que o espaço de uso doméstico seja separado do espaço sagrado, ou do lugar de sacrifício para o zar. O altar é coberto com um pano branco e empilhado de castanhas e frutas secas. A Kodia e seus músicos ocupam um lado do quarto, e os participantes o resto dele. Os convidados devem contribuir com uma quantia de dinheiro de acordo com sua posição. Ter uma cerimônia de zar pode ser muito lucrativo, mas entende-se que o líder de zar é alguém a quem as mulheres podem recorrer em tempos de necessidade - assim ele serve também como uma sociedade solidária na qual os membros tanto dão como recebem ajuda.
A mulher para quem o zar é preparado pode vestir-se de branco, geralmente uma galabiya de homem, ou saia. Ela usa henna nas mãos e corpo, e kohl nos olhos. Ela também pode ser fortemente perfumada, como os convidados. Duriye Abdullahi, nativo da Somália, diz que perfumes (especialmente olíbano) são as oferendas mais comuns aos espíritos do zar. No começo das cerimônias, passa-se um turíbulo entre os convidados, para purificarem seus corpos.
Espera-se que a Kodia seja uma cantora treinada, que conheça as músicas e ritmos de cada espírito. Ao cantar a música de um espírito e observar as reações, ela pode diagnosticar que tipo de espírito baixou e como "tratá-lo". Os instrumentos musicais usados são o tar, um tipo de pandeiro, e a tabla. O número de "ajudantes" vai de 3 a 6; eles dão o apoio rítmico. Durante as cerimônias de zar, os vários espíritos são invocados por sua própria batida de tambor característica (ou "linha"). A Kodia também tem um acervo de roupas, que passa ao possuído a fim de acomodá-lo.
Se o sacrifício animal é usado, deve ser com uma galinha, pombo, ovelha, ou até mesmo um camelo, se a mulher for rica. Em todo caso, prover algum tipo de comida ou refeição é parte essencial da cerimônia. Dizem que os espíritos etíopes gostam de café. Espíritos não-mulçumanos podem exigir bebidas alcoólicas, enquanto espíritos femininos podem preferir bebidas doces, como refrigerante. No Sudão, nas áreas onde sacrifício animal é considerado necessário, o restabelecimento do paciente não é considerado completo até que a refeição do sacrifício é consumida na noite final. Ela geralmente consiste em carne, pão, arroz e caldos.
O Zar não é um "exorcismo", como geralmente as pessoas o descrevem, porque o espírito é acomodado e conciliado; ele não é exorcizado. À paciente é aconselhado "ser continuamente atenciosa com seus espíritos, fazer as tarefas diárias que eles requerem, evitar poeira, e fugir de emoções negativas". Falhar nisso pode resultar numa recaída. O fato desse conselho ser válido para mulheres ocidentais modernas comprova a natureza tão prática da experiência do zar.

O que podemos aprender do Zar
O ritual de Zar é uma experiência purificante, que funciona com tanta eficácia para as mulheres dessas culturas quanto a psicoterapia na cultura ocidental. Ele envolve vários aspectos críticos que contribuem para seu sucesso como terapia: o paciente é o centro das atenções e recebe ajuda e atenção de seus amigos e parentes, sua experiência e sentimentos são reconhecido como válidos. Como a dançoterapeuta Claire Schmais explica, "É baseado na comunidade, seguidores e membros não são mandados embora para se curar... cria um senso de comunidade enquanto cura, aceitando o indivíduo dentro da comunidade."
O zar proporciona uma experiência multisensorial com visões, sons e cheiros. A partilha ritual de comida cria companheirismo em toda cultura e época. Então, é importante entender esses rituais no contexto da experiência total. Os principais elementos da experiência do zar podem ser usados por mulheres na nossa cultura para criar experiências de dança mais significativas, no contexto ritual que preferirem. Isso poderia ser feito no contexto religioso ou mesmo leigo.
Pelo "mover-se junto", um senso de proximidade cresce entre membros do grupo. Isso é verdade, os participantes sendo treinados em dança ou não. Também, a experiência de ser o centro das atenções é, em si, uma experiência terapêutica, quando cercado por amigos.
"Ritual" pode significar algo simples como queimar incenso, pôr flores num quarto, ou acender velas. Qualquer um que já se apresentou em público pode estimar quão importante é "montar o palco", criar um humor adequado.
Vestir fantasia já é comum para todas nós como parte do que faz da dança uma experiência especial. Algo tão simples quanto usar lenço de quadril e véus para treinar dança pode incrementar a experiência para não-dançarinas. Como dançarinas, também podemos testemunhar o efeito hipnótico criado quando os ritmos certos de tambor são usados. A função da "líder" também é importante, porque mantém o grupo norteado, e tira a preocupação de 'o que fazer a seguir' dos outros. Os tambores também servem para focar a atenção de todos no aspecto ritual do que está acontecendo, e definir o humor e fluência do evento com ritmo.
Comer junto é uma maneira familiar de terminar o ritual que une as pessoas, e ajuda cada um a sentir que estão sendo "nutridos" e apreciados.

Aspectos Práticos
Quanto à "coreografia", movimentos tradicionais de zar são jogadas de cabeça e gingadas. É importante estar ciente de que esses movimentos podem ser perigosos, principalmente para pessoas com problema de pescoço ou de ombro. A coisa mais importante é relaxar no movimento, e não tentar controlá-lo. Relaxar e deixar o peso da cabeça mandar é a chave para não se machucar. Ficar tenso e com medo do movimento pode muito mais levar a um machucado. Se você fizer por muito tempo terá um torcicolo, mas isso é devido ao trabalho muscular.

Fonte:
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://www.angelfire.com/co2/dventre/zaar.html

sábado, 20 de dezembro de 2014

Dança com Pandeiro

A Dança com pandeiro tem diversas origens, porém não há registro, nos países orientais, somente o vídeo de Aza Sharif (1980) em que ela segura por alguns segundos um Mazhar, ou a libanesa Nadia Gamal que também o utiliza num show em 1983.
A falta de informações se dá por conta deste estilo de dança pertencer à categoria de dançarinas de Haréns: as almeh  que raramente foram vistas pelos ocidentais.
As almeh diferentemente da ghazyia, eram bailarinas cantoras extremamente educadas e letradas, que utilizavam o pandeiro (Daff ou Riq) para pontuar suas canções. Em filmes antigos, da era dourada, aparece uma ou outra cantora dedilhando um daff, mas essa tradição quase se extinguiu por conta de uma lei muçulmana que proibia as mulheres de tocar instrumentos musicais. Para quem não sabe no Egito Antigo o ato de tocar pandeiros, harpas e cantar era destinado às mulheres.
 
Originalmente o pandeiro foi um instrumento conectado com rituais femininos em culturas como o Egito, Suméria, Magna Grécia, Pérsia e Anatólia (Turquia) relacionado às divindades tectônicas e lunares.
Kubaba, Cybele, Dindymene, Rhea são nomes de deusas figuradas com pandeiros cujo significado era marcar o ritmo da vida. Geralmente o instrumento representava a Lua em uma relação entre planeta e satélite direcionando e determinando os acontecimentos.
Como parte do ritual as sacerdotisas egípcias passavam óleo essencial de olíbano na pele do pandeiro e em Çatal Huyuk (Turquia) - grande centro religioso da pré-história - as mulheres bezuntavam com mel, uma homenagem à deusa.
A pele dos instrumentos também tinha uma importância ritual: eram derivadas do sacrifício de animais sagrados, tendo a relação com aquele que deu a vida e o sangue em nome da manutenção da fartura e fertilidade dos campos. Ressaltando aqui que eram sociedade agrícolas em sua maioria.
 No Oriente Médio o pandeiro como instrumento circular, seja ele um Mazhar, daff ou bendir aparece em diversos momentos das manifestações populares, seja nos protestos políticos, nas festas em homenagem aos santos muçulmanos ou nas comemorações de família. A relação de que o som produzido por ele influi no direcionamento da vida.
Enquanto que na dança ainda não se esclareceu ao certo o que e como utilizá-lo - talvez em receio de cometer-se erros ou aberrações - pois pouco se sabe a respeito da Ahmeh egípcia.
Outras fontes narram a origem do pandeiro como parte da tradição Romany. Você pode assisti-los na Turquia dançando com pandeiros abertos, sem pele, mas é apenas um acessório decorativo na dança. Nenhum Romany turco afirmou ou aceitou essa dança como parte da tradição cigana, o que chegou a ser discutido por eles é que nós ocidentais criamos diversos estereótipos a respeito e um deles é a da cigana dançando com um pandeiro, assim como a saia rodada.
Na Turquia o pandeiro está relacionado à Itália, pela Tarantela, uma dança ritual bem diferente das coreografias folclóricas que estamos acostumados a assistir em festas das Nações.
Faz um certo sentido porque na Magna Grécia - atualmente as ilhas italianas que mantém essa cerimônia -  havia uma dança ritual com pandeiros em nome da deusa negra Cybelle. Essa tradição se mantém até hoje, porém sincretizada com o catolicismo como uma Nossa Senhora Negra.
A bailarina e percussionista mais conhecida é a italiana Alessandra Bellloni, que escreveu um livro sobre os ritmos em honor à Madona Nera: "Rhythm is the Cure" Southern Italian Tambourine. No livro Alessandra descreve ritmos e é possível assisti-la no DVD, a técnica de tocar também é vertical como a árabe.
Não podemos esquecer da Bíblia que descreve diversos momentos, no Antigo Testamento, como a Dança de Miriam, os pandeiros estão relacionados mais à tradição judaica do que propriamente à cigana.
Enfim, o pandeiro é um acessório cênico utilizado pela bailarina enquanto dança e é tocado apenas em alguns momentos para fazer as marcações da música. Ou seja, ela não toca o tempo inteiro como faz o músico com o pandeiro. Ele serve para dar um charme a mais, para incrementar a dança.
Não deve ser tocado em músicas lentas ou taksins. Há quem o toque em solos de derbak, o que pode torná-los ainda mais bonitos, se bem executados.
Usar roupas alegres, geralmente com moedas. Pode ser dançada com um vestido baladi, que também é usado para a dança da bengala.
Na maioria das vezes, ela tocava para outras mulheres dançarem. Porém, com a influência cigana, passou a tocá-lo também durante a dança.
Nesta dança a bailarina realiza alguns movimentos da dança do ventre enquanto segura o pandeiro próximo ao quadril, acima do ombro ou da cabeça, por exemplo, como um elemento decorativo.
Ligado a ritmos folclóricos, esse instrumento está relacionado com o mais autêntico espírito oriental, por isso o traje de quem o toca deve ser o vestido. Com o som forte do pandeiro, a bailarina deve marcar o ritmo com precisão e graça, realizando as batidas do pandeiro em diferentes partes do corpo, como mão, cotovelo, ombro, quadril, joelho, para marcar as partes mais fortes da música.
Uma dica é fazer batidas no pandeiro apenas nas batidas mais fortes da música, e nos outros momentos utilizá-lo como elemento decorativo. Por isso recomenda-se que se dance em músicas alegres, animadas, ritmadas e bem marcadas.
Geralmente usam-se ritmos mais rápidos, nos quais acompanham-se as batidas da percussão, como por exemplo no said, malfuf e falahi.
O pandeiro árabe, ou daff, como também é chamado, tem o som e a aparência um pouco diferente do nosso pandeiro ocidental e diz-se que ele entrou na Dança do Ventre através dos ciganos do Antigo Egito.
Era sempre feita com o sentido da comemoração, da alegria e da festa. Assim como os snujs, acompanha-se seu som com o ritmo da música. A melodia ideal é a que tem bastante toques de pandeiro.

Fonte:
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://www.centraldancadoventre.com.br/a-danca-do-ventre/modalidades/14/danca-com-pandeiro/56
http://isiszaharabellydance.blogspot.com.br/2011/02/danca-com-pandeiro-origens-significados.html

sábado, 13 de dezembro de 2014

Dança do Castiçal ou Dança do Candelabro ou Raks Al Shamadan

Zouba El Klobatyia
O candelabro representa a iluminação dos caminhos. Em geral, é a dança presente em nascimentos, aniversários e, principalmente, em casamentos. Nesta ocasião, a bailarina vai à frente do cortejo dos noivos, no ritual conhecido como Zeffa, para levar a luz à união e atrair felicidade. Acredita-se que o Raks el Shamadan seja de origem egípcia ou relacionado ao judaísmo. Afirma as escravas costumavam usar velas na cabeça para servir os faraós durante à noite, pois não havia iluminação ambiente e elas estavam com as mãos ocupadas carregando bandejas e objetos que precisavam levar e trazer. Da mesma forma, outra história é que as mulheres usavam candelabros na cabeça para iluminar os caminhos do deserto depois do poente do sol. Viravam uma espécie de lanterna ambulante. O que temos certeza é que a dança com candelabro antecedeu à criação das tacinhas. Os candelabros podem ser de diversos tamanhos, com sete a 17 velas (brancas ou coloridas) e a estrutura é de metal pesado, para que o diâmetro se encaixe perfeitamente na cabeça da bailarina e permaneça bem equilibrado.
Como esta dança ainda mantém uma forte ligação com a tradição, os vestidos longos e que cobrem o corpo são os mais utilizados. Pelo mesmo motivo, é raro encontrar bailarinas se apresentado com candelabros em restaurantes, cafés, entre outros eventos. Costuma ser usado em palco e em conjunto com outros acessórios. Se quiser manter mais ainda a tradição, opte pela cor branca ou preta. Os tecidos são sempre pesados e sem transparências, como veludos. Outro detalhe muito importante é que é muito comum as bailarinas utilizarem um véu sobre a cabeça, embaixo do candelabro. Zaffe ou Malfuf são os ritmos mais usados nestas apresentações, mas também é possível encontrar com Baladi, Falahi e Saidi. E a velocidade mais lenta exige movimentos ondulados, oitos, redondos e trabalho de braço. Explore bastante a sinuosidade, inclusive no chão, mas não esqueça que você também tem liberdade para fazer marcações com batidas e tremidinhos, pois é uma dança que requer bastante equilíbrio.

Curiosidade: A dança com candelabros, independente do Zeffa egípcio tem origem no passado, provavelmente começou nos tempos do rei Salomão, quando os escravos iluminavam os palácios.
Mas foi no século XX que o estilo incorporou-se ao ritual de casamento no Egito. A dançarina Zouba el Klobatyya foi primeira ou a mais conhecida bailarina que utilizou as velas (klob) sobre a sua cabeça, equilibrando-as. Até então a procissão do casamento egípcio era realizada com um cortejo, cujos familiares dos noivos seguravam longas velas com o intuito de espantar maus espíritos, inveja ou qualquer influência negativa sobre o novo matrimônio. Pode se assistir neste vídeo de 1954 uma procissão de Zeffa em que não há Shamadan, Nadia Gamal interpreta o clássico oriental, e é possível de identificar mulheres segurando longas velas ao fundo.
A partir de Zouba a procissão passou a ser conduzida por dançarinas equilibrando em torno de doze à treze velas sobre a cabeça. Essa performance foi inspirada na bailarina cristã Shafiya el Koptya (Shafiya a copta) o que nos leva a pensar sobre as remotas origens da dança. A dança tornou-se parte do espetáculo da Dança Oriental quando Nadia Hamdi utilizou o candelabro em uma dança com descidas até o chão e spacattos.



Este tipo de dança existe a muitos anos e fazia parte das celebrações de casamento e nascimento de crianças. É tradicionalmente apresentada na maioria dos casamentos egípcios, onde a bailarina conduz o cortejo do casamento levando um candelabro, específico para a dança, na cabeça. Desta maneira, ela procura iluminar o caminho do casal de noivos, como uma forma de trazer felicidade para eles.
Hoje em dia, é comum que a bailarina apresente a dança do candelabro no começo de seus shows. Este pode ser de 7, 9, 13 ou até mesmo de 17 velas, a critério de cada uma.
É de costume que a roupa seja toda preta ou toda branca, mas não há problema nenhum em dançar com roupas de outras cores também. O ideal é que a roupa seja composta e adequada para este tipo de dança que é considerada sagrada, por celebrar casamentos e nascimentos de crianças.

As velas, na maioria das vezes, são brancas, porém há quem goste de velas coloridas e acreditam em seus significados. Vermelho é o amor passional, sexo e fecundidade. Lilás é transmutação, amarelo é saúde, verde é dinheiro, branco é pureza, azul é carinho e rosa é afeto.

Fonte:
http://isiszaharabellydance.blogspot.com.br/2011/01/danca-com-candelabro-shamadan.html
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/08/18/candelabro/

sábado, 6 de dezembro de 2014

Dança do Punhal

Elemento Ar - Deusa Lilith 
Hoje em dia o punhal é considerado uma derivação da espada, não tendo um significado padrão. Porém, a história antiga nos revela que essa dança era uma reverência à deusa Selkis, a Rainha dos Escorpiões e representava a morte, a transformação e o sexo.
Quase nada se sabe sobre sua origem, mas alguns acham que ela surgiu nos bordéis da Turquia, quando as europeias eram escravizadas e levadas aos bordéis (1600-1700); época em que os Mouros raptavam as mulheres a mando do Sultão da Turquia. O punhal era um instrumento de defesa e de comunicação entre a bailarina e a plateia. Outra ideia é de que era realizada pela odalisca predileta do sultão para mostrar seu poder às outras mulheres do Harém, provando que ele tinha total confiança nela.
Na Arábia e no Marrocos é tradição. De origem turca e cigana, eram apresentadas nas tavernas de Constantinopla e Istambul.
Nas tribos ciganas, esta dança é um ritual de purificação. As dançarinas passam o punhal nas chamas da fogueira e depois em volta dos espectadores. Segundo a tradição cigana, é desta maneira que se faz a limpeza de aura das pessoas. Nos casamentos ciganos também é executada esta dança, dizem que serve para afastar as más influências sobre os noivos.
Atualmente a dança do punhal é muito procurada pelas estudiosas da Dança do Ventre, para variarem suas interpretações. Esta dança transmite muita força e sua interpretação requer carisma, grande dose de sensualidade e agressividade.
A dança do punhal é uma dança forte, portanto a bailarina deverá usar músicas fortes, o ritmo mais usado é o Wahd Wo Noss. Ela foi vista pela primeira vez sendo executada pela bailarina norte-americana Jamila. Não é considerada folclórica.
Há quem fale que quando a bailarina dança com a lâmina para dentro quer dizer que ela está acompanhada e quando dança com a lâmina para fora, quer dizer que "está livre". Esta prática evitava brigas entre os admiradores.
Existem crenças a respeito dos significados de cada gesto que a bailarina faz com o punhal durante sua dança.

Significado de alguns movimentos com o punhal
- Punhal com a ponta para fora da mão: a bailarina está livre; com a ponta para dentro, está comprometida
- Punhal no peito: demonstração de amor
- Punhal no meio dos seios com a ponta enfiada no decote: sexo
- Punhal na testa com a ponta para baixo: magia
- Punhal na horizontal da testa: assassino
- Punhal nos dentes: sedução, desafio, destreza
- Equilibrar o punhal no ventre: destreza
- Bater o punhal na bainha: chamado para dança
- Punhal entre as mãos, sinuoso: Homenagem a alguém da plateia
- Rodar com ele na testa, significa destreza, habilidade; 
- Pegá-lo com a ponta dos dedos e rodá-lo é o sucesso da bailarina;
- Passá-lo pelo corpo, significa querer seduzir alguém;
Sabe-se que era na verdade uma arma para defesa em situações que colocassem em risco a vida. Por isso, ficou bastante associada aos ciganos e às mulheres que dançavam na rua em troca de dinheiro.
Algumas sugestões de movimentos: trabalhar com o punhal em oito, na frente, nas laterais e girando. Girar com o punhal na testa e no busto. Colocar o punhal no bustiê e executar shimmies, círculos e oitos. Colocar o punhal nos dentes e fazer trabalhos deitadas no chão.
Ela pode ser executada de forma alegre ou mais introspectiva, como um duelo entre duas ou consigo mesma. Não há um traje específico, portanto pode ser dançada com uma roupa típica de dança do ventre de duas peças, bem como com um vestido. Porém é levada em consideração a cor usada. Por exemplo, o preto simboliza a justiça e o elemento que absorve a energia negativa e a transforma em algo bom. O roxo é a cor da realeza que conecta a bailarina aos planos espirituais, como se ela traçasse o seu próprio destino. E o azul aponta o domínio dos espíritos ao mesmo tempo em que mostra quietude e confiança.

Como ele é feito? 
O punhal pode ser feito de metal especialmente para a dança, também conhecido como adaga. Pode ser dourado ou prateado e é vendido em lojas especializadas em artigos pra Dança do Ventre. O punhal é considerado uma arma branca e possui uma lâmina curta. Claro que, atualmente, esta lâmina não é mais cortante já que é um acessório para dançar.

Fonte:
http://www.ventrequeencanta.com.br/danca-do-punhal.html
http://hannaaisha.blogspot.com.br/2009/04/danca-com-o-punhal-voce-sabe-dancar.html
http://www.portaldoegito.com.br/elemento-punhal

sábado, 29 de novembro de 2014

Raks Al Saif, Dança da Espada ou Dança da Cimitarra

Elemento Ar : Dança em homenagem à deusa Neit, mãe de Rá. Por ser uma deusa guerreira, ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura dos caminhos. A dança da espada também podia ser feita como homenagem a Maat, a deusa da justiça.
Existem várias lendas para a origem da Raks Al Saif ou Dança da Espada. Uma delas diz que é uma dança em homenagem à deusa Neit, uma Deusa Guerreira. Ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura dos caminhos. Uma outra, diz que na antigüidade as mulheres roubavam as espadas dos guardiões do rei para dançar, com o intuito de mostrar que a espada era muito mais útil na dança do que parada em suas cinturas ou fazendo mortos e feridos. Dançar com a espada permite equilíbrio e domínio interior das forças densas e agressivas. Uma terceira lenda conta que na época, quando um rei achava que tinha muitos escravos, dava a cada um uma espada para equilibrar na cabeça e dançar com ela. Assim, deveriam provar que tinham muitas habilidades. Do contrário, o rei mandaria matá-lo.
Outra história remete à época de guerra entre turcos e gregos. Os otomanos teriam contratado algumas bailarinas para levarem vinho e dançarem para os soldados inimigos. Quando estivessem embriagados, elas deviam pegar suas espadas e outras armas para dançar, facilitando o ataque. Uma outra lenda, diz que grupos de beduínos atacavam viajantes que passassem perto de seus territórios, no deserto, durante a noite, para roubar as mercadorias que transportavam. Os mercadores eram mortos e as mulheres beduínas ficavam com suas espadas. Para comemorar a vitória da tribo, elas dançavam exibindo-as como troféus.
Mais uma história era que havia um tempo no egito em que as dançarinas eram vendidas como escravas nas cortes ou como propriedades dos ricos. Costumavam dançar com espadas em batalhas. Não simulavam lutar nem disputar, mas delicadamente essas espadas usadas em batalhas eram equilibradas na cabeça dançando destemidas, expressando-se livremente com a espada. O lema dessas mulheres era “Você controla minha vida, segura a espada sobre minha cabeça, mas não controla meu espírito."
Outra origem, que remete ás guerras entre Gregos e Turcos. Os Otamanos levam mulheres para os campos de batalha e elas dançavam com as espadas dos soldados do exército inimigo. Os homens ficavam extasiados, seduzidos e desarmados, assim o terreno estava preparado para ataques surpresos.
Em outra versão, a dança tem sua origem no Arjã, uma dança que era executada somente por homens, no qual o homem mais velho da aldeia dançava com a espada e com ela golpeava um prato de metal, como sinal de vitória sobre os inimigos. O arjã é o estilo conhecido como folclórico.
Não há nenhuma dança difundida no Oriente Médio que envolve o equilibrio de uma espada na cabeça da dançarina. A evidência histórica basica que levou as dançarinas modernas a tratar a espada como um suporte folclórico vem de uma pintura do artista Orientalista chamado Gerome, datada do século 19. Esta pintura inspirou muitas dançarinas modernas na Europa, Austrália, Nova Zelândia e América do Norte a equilibrar espadas nas suas cabeças, mas não é uma coisa comum de ser feita por dançarinas do Egito, Turquia, Líbano, ou outras partes do Oriente Médio.
Os investigadores da dança do ventre não puderam achar documentos confirmando esta prática. Há uma dança entre homens egípcios que envolve a espada ao longo da dança, executando movimentos marciais com a mesma. Mas em nenhum momento ao executar esta dança, os homens equilibram a espada nas suas cabeças (ou em qualquer outro lugar).
A dança da espada reflete toda alma de luta do povo árabe, sua disputa e dedicação pela terra amada.
O certo é que, nesta dança, a bailarina deve saber equilibrar com graça a espada no corpo com muita suavidade. A apresentação da bailarina com a espada, exige equilíbrio e habilidade em conjunto com os movimentos realizados graciosamente. É um número muito apreciado, onde a bailarina apresenta habilidades ao equilibrar a espada em diferentes pontos do corpo. Dançar com a espada permite equilíbrio e domínio interior das forças densas e agressivas.
É importante também escolher a música certa, que deve transmitir um certo mistério.
A origem da espada tende a ser atribuído com certa leveza para povos orientais, mais especificamente os da influência Islâmica.
A espada da dança é a Cimitarra, uma espada bem curva, de origem turca.
O que é certo, porém, é que a bailarina que deseja dançar com a espada, precisa demonstrar calma e confiança ao equilibrá-la em diversas partes do corpo.
Também é considerado um sinal de técnica executar movimentos de solo durante a música.
A princípio parece óbvio associar esta dança à batalha, violência e emoções fortes, uma vez que o objeto central é um instrumento de luta; uma arma. O desenvolvimento da dança da espada, porém, não exprime tal simbologia. Ao ser transferido para mãos femininas em manifestações corporais a espada adquiriu simultaneamente algumas características:
a) Força: a interpretação é direcionada para o aspecto de vigor, resistência energética e não de brutalidade;
b) Domínio: é traduzido através dos trabalhos de equilíbrio e acrobáticos que requerem racionalidade, habilidade e serenidade, alcance do perfeito equilíbrio entre corpo e mente;
c) Desafio: em nenhum momento do desenvolvimento desta dança encontra-se evoluções que lembrem o desafio para um duelo no sentido de luta. Os desafios são da própria bailarina, ou seja, dela superar seus limites pessoais. Podem ocorrer desafios entre bailarinas em uma apresentação, a qual artisticamente, uma tenta demonstrar suas habilidades em relação a outra e vice-versa.
d) Controle: não há demonstração de fortes emoções como ocorre na dança do punhal. Durante todo o tempo é necessário transmitir total controle, elegância e suavidade sobre a espada/cimitarra.

Sobre a Música:
Não existe um ritmo específico, contudo, o mais apropriado é o Whada wo noz. Em geral não utilizamos músicas cantada, somente instrumentais (não é uma regra).
Solos de Derbak não são apropriados, a não ser os breves, momentos de solos durante a música.
O estilo apropriado para desenvolver a dança da espada é o Clássico.

Execução e Técnica:
Os trabalhos com a espada certamente são os de equilíbrio que dão um charme a mais nesta dança.
Procure criar um ambiente propício para a exibição da espada, despertando a curiosidade de quem assiste ao show. Apresente a espada ao público como um mágico ou um trapezista fazem na introdução de seus shows.
Não se esqueça da evolução, ou seja, não fique presa somente aos equilíbrios, combine com movimentos pertinentes à música.
Transmita às pessoas que é muito simples trabalhar com a espada.
Os equilíbrios e sustentações podem ser realizados nos seguintes pontos tradicionais:
  • Cabeça;
  • Ombro;
  • Busto;
  • Quadril;
  • Estômago (cambrées);
  • Cambrée de solo equilibrando no ventre.
  • Coxa,
  • Antebraço;
  • Mãos.

A bailarina pode estudar outros pontos no corpo para desenvolver equilíbrio com a espada.

Procure utilizar trajes que possibilitem o desenvolvimento da dança, como por exemplo, calças, caso pense em criar uma coreografia que necessite movimentação de pernas altas.
Tradicionalmente a vestimenta para esta dança é o traje clássico, geralmente com saia ou bombacha (calça estilo “Jeanie é um gênio”).
Cabelos: preferencialmente pelo rabo de cavalo, trança ou faixas no cabelo para que fios próximos ao rosto não caiam sobre os olhos desconcentrando e atrapalhando sua movimentação claro que essa ideia varia de acordo com a proposta pela bailarina.

Possíveis Características da Espada:
Comprimento total: 89,5 cm
Peso: Modelo Tradicional - 820 gramas /
Modelo Nova - 840 gramas
Lâmina em Aço Inox
Leve
Com o melhor equilíbrio (isso varia de pessoa para pessoa)
Capa protetora para transporte
Elas são feitas especialmente para serem equilibradas, e não possuem gume para impossibilitar o corte. Você ainda vai encontrar espadas com estilos e pesos bem diferentes por aí.

Considerações dos estudos da Dança da Espada.
Provavelmente você vai se sentir bem "zen", calma, tranquila, quando estiver dançando com uma espada diante do público. Mas lembre-se de que as pessoas não sabem que a coisa na verdade é bem fácil.
Então, mesmo que você consiga colocar a espada sobre a cabeça em 3 milésimos de segundo e iniciar uma seqüência de passos logo depois, tente fazer algo mais do que isso. Você precisa criar uma atmosfera de mistério no público. Entre fazendo poses com a espada. Faça movimentos lentos e precisos, imitando uma guerreira (uma guerreira um tanto graciosa). Arraste a espada e faça o público se perguntar como você vai fazer para conseguir levantá-la.
Quando chegar a hora de colocar a espada sobre a cabeça, faça tudo lentamente. Tudo tem que ser feito dessa maneira para que todos entendam a particularidade dessa modalidade e assim que a espada estiver devidamente equilibrada, dê uma pausa... Crie certo mistério! A dança do ventre com espada pode realmente hipnotizar o público se você fizer uma dança bem feita!
Dê valor aos seus estudos, dedicação e principalmente ao seu trabalho diferenciado!
Importante!
Equilibrar uma espada na cabeça, ou em qualquer parte do corpo, pode ser um pouco doloroso no início. Se você não estiver acostumada, pode sentir um incômodo por causa da fricção e da pressão da espada sobre o local. Então, não exagere, faça algumas pausas no seu ensaio, alterne a parte do corpo em que você equilibra a espada, até se sentir mais confortável.

Considerações finais por: Mica Feitosa
Não só na Dança do Ventre, mas em qualquer situação de apresentação o fato é que a base de Tudo é imutavelmente o estudo e o treino! Não existe uma verdadeira bailarina se não houver o embasamento necessário e o amor pela profissão afim de que sua performance seja seguramente correta e apreciavelmente inesquecível. A limpeza de movimentos e o conhecimento das origens ainda é a melhor maneira de ser uma profissional respeitada e admirada!
Mica Feitosa El Fareda

Fonte:
http://www.visaocigana.com.br/dancadoventre.htm
http://opoderdadanca.blogspot.com.br/2011/07/tcc-tema-raks-al-saif-danca-da-espada.html

Bibliografia:
*http://www.centraldancadoventre.com.br/a-danca-do-ventre/a-danca-do-ventre-modalidades/14-danca-da-espada
*http://bagdadancadoventre.com/index_arquivos/Page873.htm
*http://dunyacomar.vilabol.uol.com.br/Dancaflocorica.htm
*http://www.business-with-turkey.com/guia-turismo/danca_ventre_turquia1.shtml
*http://www.conexaodanca.art.br/imagens/textos/artigos/O%20que%20%E9%20Dan%E7a%20do%20Ventre.htm
*http://pequenapaty.wordpress.com/2009/03/26/arte-da-danca-do-ventre-e-sua-historia/
*http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mulher-danca-do-ventre/danca-do-ventre-11.php
*http://www.espadano.com/espada/espada.htm
*http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/mulher-danca-do-ventre/danca-do-ventre-11.php
*http://evolucaodoser.hd1.com.br/index_arquivos/11.htm
*http://evolucaodoser.hd1.com.br/index_arquivos/11.htm
*http://dianibianchi.blogspot.com/2010_03_01_archive.html

sábado, 22 de novembro de 2014

Om Kalsoum

Tradução em português
Você é a minha vida (enta omri)
Seus olhos me levam de volta aos meus dias que passaram
Eles me ensinam sobre arrependimento e suas feridas
O que eu vi antes de os meus olhos verem você foi uma perda
Como meus olhos poderiam considerar isto parte da minha vida?
Você é minha vida Com sua luz, a aurora da minha vida começou
Com sua luz, a aurora da minha vida começou

Umm Kulthum (em árabe: أم كلثوم, nascida فاطمة إبراهيم السيد البلتاجي , Fatima Ibrahim as-Sayyid al-Biltaji; árabe egípcio: Om Kalsoum; grafias incluem Om Koultoum, Om Kalthoum, Oumme Kalsoum e Umm Kolthoum; 4 de Maio de 1904 - 3 de Fevereiro de 1975) foi uma cantora, compositora e atriz egípcia. Nascida na aldeia Tamay ez Zahayra, pertencente a El Senbellawein (província de Dakahlia, na região do Delta, perto do Mar Mediterrâneo, numa família pobre), é conhecida como a Estrela do Oriente ou Estrela do Este (kawkab el-sharq). Mais de três décadas após sua morte, ainda é reconhecida como uma das cantoras mais famosas e ilustres da história da música árabe do século XX.1 Umm Kulthum também atuou esporadicamente no cinema.
famosíssimo lenço, "companheiro" de todos os shows
Sua data de nascimento não é confirmada como o registo de nascimento e não é considerada em todo o mundo árabe. O Ministério da Informação do Egito parece ter considerado ou 31 de dezembro de 1898 ou 31 de dezembro de 1904. Provavelmente ela nasceu entre essas duas datas. O seu pai, al-Shaykh Ibrahim al-Sayyid al-Baltajil, era um imã local que chamava os crentes à oração e recitava o Alcorão em ocasiões festivas, como casamentos ou os Maulids (celebrações das datas de nascimento de figuras do islão, como do profeta Muhammad). A mãe de Umm Kulthum, Fatmah al-Maliji, era doméstica. Umm Kulthum tinha mais irmãos e viviam em uma pequena casa de tijolos.
Em tenra idade, ela mostrou excepcional talento para cantar. Seu pai, um imame, ensinou-lhe a recitar o Alcorão e ela disse ter memorizado o livro inteiro. Quando tinha 12 anos, seu pai a disfarçou como um menino e ela entrou em uma pequena companhia de artistas de recitação que ele dirigia. Aos 16 anos, chamou a atenção de Abol Ela Mohamed, um cantor modestamente famoso, que lhe ensinou o velho repertório clássico. Poucos anos depois, ela conheceu o famoso compositor e tocador de oud Zakariyya Ahmad, que a convidou para vir ao Cairo. Embora tenha feito várias visitas ao Cairo no início de 1920, ela esperou até 1923 até se mudar permanentemente para lá. Foi convidada em várias ocasiões para a casa de Amin Beh Al Mahdy, que lhe ensinou a tocar o oud (alaúde). Desenvolveu uma relação muito estreita com Rawheya Al Mahdi, filha de Amin, e se tornou sua melhor amiga. Kulthum inclusive compareceu ao casamento da filha de Rawheya, embora sempre tentasse evitar aparições públicas.
Em meados de 1920, Oum fez sua primeira apresentação no Cairo, mas elas ficaram mais frequentes e a família precisou mudar-se para lá. A família se mudou para o Cairo no ano de 1923. Oito anos depois, cantava em teatros e casas de espetáculos músicas compostas especialmente para ela.
Durante sua carreira, passou por diversas fases, ora inspiradas pelos músicos e compositores que conhecia, ora pela situação sócio-política do Egito. Nos anos 1930, cantava letras de amor e tinha um programa no rádio nas noites de quinta-feira. Em 1935, estreou no cinema e fez cinco filmes como cantora e um como atriz. A década de 40 ficou conhecida como “A era de ouro de Oum Kalthoum” e marcada com set lists de músicas que elogiava as classes trabalhadoras. Quem morava no Egito ouvia comumente: “quer aprender árabe, então ouça Oum Kalthoum” ou “ela ensina poesia para as massas.” Nos anos 1950 e 1960 priorizou as músicas nacionais e de compositores e letristas novos, como Muhammad ‘Abd AL-Wahhab e Riyad El-Sombati. Com a expansão as redes de televisão, Oum ficou ainda mais conhecida.
Na cidade do Cairo, Umm Kulthum e a sua família foram vistos como antiquados e campônios. Numa tentativa de aperfeiçoar o talento da filha, o pai contratou vários professores de música. Dado que na época não era bem vistas as carreira artísticas, o pai de Kulthum continuou a acompanhá-la, embora em finais da década de vinte Umm Kulthum tenha-se tornado uma mulher independente, que escolhia os compositores com os quais trabalhava.
Amin Al Mahdi apresentou-a ao meio cultural no Cairo. Na capital, evitou cuidadosamente sucumbir às atrações do estilo de vida boêmio e de fato por toda a sua vida destacou seu orgulho de suas origens humildes e a adoção de valores conservadores. Também manteve uma imagem pública bem gerida, que sem dúvida contribuiu para o seu fascínio.
Neste ponto da sua carreira, foi apresentada ao famoso poeta Ahmed Rami, que lhe ensinou poesia e literatura árabe, Rami também escreveu 137 canções para ela. Rami também a introduziu na literatura francesa, que ele admirava desde seus estudos na Sorbonne, Paris, e mais tarde se tornou seu principal mentor na literatura árabe e análise literária. Além disso, foi apresentada ao renomado compositor e grande conhecedor de oud, Mohamed El Qasabgi. El Qasabgi introduziu Umm Kulthum ao Palácio do Teatro Árabe, onde ela iria experimentar seu primeiro grande sucesso público. Em 1932, sua fama aumentou a tal ponto que deu início uma grande turnê pelo Oriente Médio, excursionando em cidades como Damasco, Bagdá, Beirute e Trípoli.
A consolidação de Umm Kulthum como a mais famosa e popular cantora árabe foi impulsionada por vários fatores. Durante os anos iniciais de sua carreira, enfrentou a concorrência leal de dois cantores de destaque: Mounira El-Mahdiya e Fathiyya Ahmad, que tinham vozes igualmente belas e poderosas. No entanto, Mounira tinha pouco controle sobre sua voz e a Fathiyya faltava o impacto emotivo vocal que a voz de Umm Kulthum tinha. A presença de todas essas habilidades vocais que a caracterizavam atraíram os mais famosos compositores, músicos e letristas para trabalhar com Umm Kulthum. Em meados da década de 1920, Mohammad el Qasabgi, que era o tocador de oud de maior técnica e um dos mais talentosos compositores árabes do século XX ainda subestimados, formou sua pequena orquestra (takht), composta pelos instrumentistas da mais alta técnica. O trabalho de Mohammad el Qasabgi se caracterizava pela introdução na música egípcia de instrumentos musicais da Europa, como o violoncelo. Além disso, ao contrário da maioria dos artistas que lhe eram contemporâneos, que realizavam concertos privados, as performances de Umm Kulthum eram abertas ao público em geral, o que contribuiu para a sua transição da música clássica e muitas vezes elitista para a música popular árabe. Em 1934, Umm Kulthum devia ser a cantora mais famosa do Egito para ser escolhida como a artista a inaugurar a Rádio Cairo com sua voz em 31 de maio. Durante a segunda metade da década de 1930, duas iniciativas que iriam selar o destino de Umm Kulthum como a mais popular e famosa cantora árabe: suas aparições em musicais e a transmissão ao vivo de seus shows realizados na primeira quinta-feira de cada mês, nessa época as família se reuniam para ouvir várias horas da música de Umm Kulthum.
Na década de trinta Umm Kulthum começou a gravar discos e em 1935 ocorreu a sua estreia no mundo do cinema, com a longa-metragem Wedad. Este foi o primeiro de seis filmes que contaram com a participação da artista. As canções interpretadas pela artista eram de natureza religiosa e popular. Em 1937 estrelou no filme Nashid al-Amal, fez presença no filme Nashid al-Amal, também fez parte do elenco do filme Dananir que foi lançado em 1940, dois anos após fez parte do filme Aydah, o penúltimo filme ao qual participou, Salamah, foi lançado em 1945, seu último filme se chamou Fatmah e foi lançado em 1947.
Sua influência foi crescendo e expandindo para além da cena artística: a família real reinante teria pedido concertos privados e até mesmo assistir suas apresentações públicas. Em 1944, o rei Farouk I do Egito condecorou-a com o seu mais alto nível de ordem (Nishan el Kamal), uma condecoração reservada exclusivamente aos membros da família real e aos políticos. Apesar deste reconhecimento, a família real foi duramente contra seu potencial casamento com o tio do rei, uma rejeição que feriu profundamente seu orgulho e levou-a a afastar-se da família real e abraçar causas populares, tais como a sua resposta ao pedido de grande quantidade de egípcios presos em Falujah em 1948 durante o conflito árabe-israelense para cantar uma música em particular. Entre os militares presos estavam figuras que liderariam a revolução sem derramamento de sangue de 23 de julho de 1952, com destaque para Gamal Abdel Nasser, que era um grande fã de Umm Kulthum e que mais tarde se tornaria o presidente do Egito.
Uma particularidade dela é que ela gostava de observar a plateia antes de entrar no espetáculo, pois assim decidia como faria a interpretação naquela noite, como se o público a inspirasse, passando energias. Suas apresentações também tinham outra peculiaridade: em geral, eram escolhidas apenas duas ou três músicas que podiam durar até quatro horas. Oum foi realmente uma grande diva e recebeu centenas de músicas escritas especialmente para ela por compositores e letristas como Ahmad Rami.
Características:
– Flexibilidade vocal e pronúncia perfeita;
– Tocava instrumentos e tinha noções de composição;
– Explorava macams e macamats;
– Contralto, tinha uma voz tão potente que precisava cantar longe dos microfones para não estourar o som.

A saúde de Umm Kulthum começou a deteriorar-se a partir de 1971. Em Março problemas com a vesícula biliar levaram ao cancelamento de espectáculos. Meses depois, uma infecção no fígado levou igualmente ao cancelamento dos espectáculos marcados para Março e Abril de 1972. O último concerto de Umm Kulthum foi em Dezembro de 1972.
Nos anos de 1973 e 1974 a cantora visitou vários países da Europa e os Estados Unidos da América com o objectivo de procurar tratamento para os seus problemas no fígado.
Em Janeiro de 1975 agravaram-se as suas complicações no fígado e cantora seria hospitalizada no Cairo, contra a sua vontade. Umm Kulthum faleceu a 3 de Fevereiro de 1975, vítima de um ataque cardíaco. O funeral foi marcado para a mesquita Umar Makram no Cairo, local conhecido por nele decorrerem os funerais de altas personalidades egípcias. Contudo, o funeral teve que ser adiado dois dias, devido à chegada ao Egipto de numerosos fãs da cantora vindos do mundo árabe, apesar deste adiamento ir contra as práticas funerárias muçulmanas que recomendam o enterramento o mais rapidamente possível.
Mesmo com sua morte, sua voz e sua imagem icônica no palco, segurando um lenço na mão, continua sendo um dos grandes símbolos da cultura árabe moderna.

Fonte:
http://www.vagalume.com.br/oum-kalthoum/inta-aomri-traducao.html#ixzz3R2BENLLX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Umm_Kulthum
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2011/02/24/oum-kalthoum/

sábado, 15 de novembro de 2014

A Era do Ouro - Samia Gamal

ZEINAB KHALIL, uma jovem garota do interior, mudou-se para o Cairo no início dos anos 40 e apareceu subitamente na cena artística das casas noturnas. Seu primeiro aparecimento foi na famosa casa de Badeia Masabny, onde se apresentaram diversas das hoje conhecidas como estrelas da dança, cinema e teatro, atores, atrizes e cantores. Badeia recebeu a jovem e percebeu seu potencial, e levou-a a um professor de dança muito proeminente na época chamado Jacque, que treinou-a nas artes de ballet, jazz, sapateado, dança moderna e, claro, ajudou a modelar e desenvolver seu estilo próprio de Baladi egípcio. Isto capacitou a jovem Zeinab Khalil a juntar-se à trupe de dançarinas de Badeia como uma das coristas que ficavam em volta da rainha do show na época, Badeia. Então Badeia notou-a ainda mais como uma das dançarinas de sua trupe que executava todas as coreografias perfeitamente e conduzia as outras dançarinas durante os ensaios e nas apresentações, e deu a ela uma posição na linha de frente, bem como um nome artístico, “SAMYA GAMAL”.
Durante aquele período do início da carreira de Samya no Badeia Masabny Club, havia uma outra jovem dançarina que chegara um tempinho antes dela e estava à sua frente enquanto apresentavam-se ao público em números solo, bem como estava ganhando sua própria fama e admiração pelos frequentadores do clube. Seu nome era Taheyya Carioca. Pouco tempo depois, Badeia deu à jovem Samya seu número solo no show, e ela também, assim como Taheyya, devia cantar e dançar em sketches com monólogos, e às vezes apresentar-se com os comediantes que requisitavam uma boa dançarina para apoiá-los em seu show. Uma grande amizade foi se construindo entre Taheyya e Samya, e eu apresento a você 2 fotografias extremamente raras que demonstram seus sentimentos unidos e sua amizade até os últimos dias de Samya, que chegaram um pouco antes dos de Taheyya.
Durante seu trabalho na casa noturna de Badeia, Samya também construiu uma forte amizade e apreço por um jovem cantor estrangeiro vindo do Líbano, que ainda não havia sido reconhecido por Badeia ou pelo público. Seu nome era Farid Al Atrash. A oportunidade apareceu e Farid ganhou seus números solos cantando no clube, e foi se tornando mais e mais admirado por suas composições e sua voz única. Uma história de amor que ecoava e ainda ecoa até hoje aconteceu entre Samya e Farid. Foi sua primeira e mais importante história de amor, e mudou sua vida completamente (por favor, veja também o artigo sobre Farid Al Atrash).
Samya continuou sua carreira artística com sua excelente dança egípcia e junto de seu trabalho na casa noturna, ela fazia apenas algumas apresentações privadas e muito profissionais em casamentos e festas, mas nunca em outras casas noturnas.
A primeira chance de Samya atuar chegou um pouco antes de sua colega Taheyya e foi em um filme feito pelo diretor Farid El Gendy. O filme foi chamado “Min Fat Adimo” (O homem sem passado nem futuro). Entretanto, este filme amargou uma morte horrível e foi um fracasso de bilheteria. Mas não foi por culpa de nenhuma das pessoas que trabalharam no filme. Era um filme político sobre um membro do parlamento particularmente terrível e corrupto, que nunca estava no escritório na época em que o filme foi feito. Mas, alas, no momento em que o filme ficou pronto, ele havia se tornado primeiro ministro.
Desnecessário dizer que o filme sofreu cortes enormes do departamento de censura, que transformou-o em um punhado de cenas sem seqüências nem relações umas com as outras, deixando-o incompreensível. A pior parte foi que ele foi lançado nos cinemas, o que fez com que todos os atores e pessoas que haviam trabalhado no filme parecessem muito idiotas. Isto colocou Samya fora do circuito de filmes por alguns anos, até que ela recebeu papéis de apoio em alguns filmes de menor nível, e brilhou apesar disso. Mas durante todo este tempo, dançar era seu principal amor e o centro de sua vida, e ela procurava e era encontrada pelos maiores compositores e organizadores que queriam fazer músicas para ela, bem como coreógrafos de sucesso para trabalhar em suas danças e também por estilistas e costureiros da época. Ela até excursionou pelo Líbano e Síria, e foi muito bem recebida por lá, tornando-se uma dançarina de renome. Sua história de amor com Farid, que também estreara no cinema, foi crescendo durante este tempo, mas enquanto cantava e atuava em filmes de outros produtores e diretores, era impossível para ele conseguir contracenar com sua amada nestes filmes. Seu primeiro filme foi chamado “Entisar El Shabab” (A vitória dos jovens), no qual ele contracenou com Raweyya Khaled, e o segundo filme foi “Ahlam El Shabab” (Sonhos dos jovens), no qual ele atuou com a lendária atriz Madiha Yousry, e um terceiro filme chamado “Gamal We Dalal” (Beleza e timidez), no qual ele apareceu com a dançarina Beiba Ezz Eddin, embora ela fosse a namorada do produtor do filme.
Quando Farid decidiu produzir seus próprios filmes, ele jamais poderia sonhar em produzi-los sem a menina de seus olhos, Samya. O filme foi chamado “Habib El Omr” (Amor de minha vida). E o sucesso derramou-se sobre os dois amantes como uma avalanche de incrível boa sorte.
Quanto mais seu amor e relacionamento fortalecia-se e o fogo entre eles queimava em chamas poderosas, mais isto atraía os olhos das pessoas e admiradores, bem como dos invejosos. Para ser exato, Samya tinha um admirador muito rico que estava tentando insistentemente atrair sua atenção, enchendo-a de presentes, jóias, dinheiros e propriedades na tentativa de afastá-la de Farid e obtê-la para si. Porém, Samya foi muito clara e direta com ele, e disse que seu coração estava fechado e a chave da fechadura morava no bolso de Farid. Mas seu admirador não desistiu e tentou de todas as formas possíveis, ele até produziu um filme cuja história era sobre uma mulher que era amante um artista e virou objeto do amor de um outro colega artista, e a história acabava dizendo que o amor do homem era falso e queria apenas desfrutar dela, enquanto havia um outro “verdadeiro” admirador que estava próximo dela e banhava-a com seu amor e presentes, e ela não reciprocava este amor, e quando seu amado deixou-a e abandonou-a, ninguém ficou com ela exceto este outro que a amava, perdoando-a e amando-a ainda mais forte e profundamente, mesmo embora ela como artista houvesse alcançado o estágio mais decadente como o sol ao pôr-do-sol. O filme era chamado “Al Ghoroub” (O pôr-do-sol).
Claro que Samya sabia o que ele queria dizer com este filme, e ela compreendeu suas intenções com esta ação, mas ainda assim ela aceitou o papel principal no filme e apresentou uma de suas melhores coreografias enquanto continuava com sua cara e afetuosa relação como o amor de sua vida, Farid. O filme foi completado e a estréia foi em uma noite em que todos os principais artistas e a equipe de produção podiam vir, e também um grande grupo do “quem é quem” no cinema e mundo das artes pôde comparecer. Esta era a noite que seu produtor-admirador aguardava como ocasião especial para presenteá-la com um contrato para três novos filmes, e um cheque com um adiantamento por cada um dos três filmes, sem esquecer de seu amor imortal e uma proposta de casamento. Este tipo de evento poderia terminar em uma grande festa e um enorme jantar que seria lembrado por todos. Entretanto, Samya não compareceu àquela estréia ou à festa e passou a noite com seu amado Farid, enquanto ambos riam de seu rival.
Tudo aquilo havia aumentado muito seu amor e sua proximidade carinhosa, até que chegou o momento que Samya pediu a Farid para se casar com ela e coroar sua relação e seu amor com a coisa mais honesta a se fazer, entretanto ele jogou uma bomba que explodiu não só seu coração, mas todos os seus sonhos e esperanças, e matou uma certa fagulha no vasto acervo de emoções que ela sentia por ele e pelas quais ela o amava tanto. Farid disse que ele vinha de uma família real das montanhas Druz, e seria uma vergonha imperdoável para seu povo, que poderia na verdade condená-lo à morte ou repudiá-lo se ele aceitasse se casar com uma dançarina/atriz. Samya teria preferido ser atropelada por um trem desgovernado naquele momento, e preferia morrer ao invés de ter que ouvir aquilo. Ela fechou suas portas e tornou-se uma reclusa que não quis ver mais ninguém por muito tempo, mas as ofertas de trabalho continuavam chegando e sendo recusadas até que ofereceram a ela uma proposta de trabalhar como dançarina em algumas casas noturnas na Europa, que ela aceitou e viu como algo que ajudaria a esqueçer seu choque trágico e suas memórias que queimavam o coração. Ela também aceitou a oferta de um filme oferecida por um estúdio importante de um cantor libanês chamado Mohamed Mar-ie, que não se tornou muito grande no meio artístico exceto por uma música chamada “La Ya Helow La” (Não, minha bela, não).
Quando Samya voltou ao Cairo e trabalhou em alguns dos clubes locais, ela conheceu um cavalheiro americano chamado Jack King, um proprietário de fazendas que caiu loucamente de amor por ela e queria casar-se com ela e levá-la para os Estados Unidos. Samya sentiu que não havia razão para não se casar e partir viajando novamente. Jack King anunciou sua conversão ao islamismo e foi batizado Abdullah King, e eles se casaram e logo partiram para os Estados Unidos. Samya manteve contato com todas as suas amigas no Cairo e se passou apenas um ano até que ela pedisse o divórcio e voltasse ao Egito para continuar sua carreira artística.
Alguns meses depois, Samya conheceu Roshdy Abaza, um grande ator egípcio, que era um homem extremamente atraente e era a estrela da tela, e ele quebrou todos os corações das jovens moças do Egito ao casar-se com Samya. Eles dois viveram alegremente juntos, criando sua filha até que a garota se casasse e Samya se aposentasse do mundo das apresentações artísticas.
Em 19// Samya realizou um curto retorno no mundo da dança e foi muito bem recebida, e celebrada com o re-lançamento ao estrelato com uma festa privada que foi oferecida a ela pelo grande compositor do Egito Mohammed Abdel Wahab, que havia anteriormente composto peças musicais especialmente para serem dançadas por ela. Este retorno artístico durou apenas um curto período de tempo, após o qual ela aposentou-se permanentemente e viveu sozinha até seu último dia em / /19//.
Durante a incrível e excitante vida artística de Samya Gamal, a dançarina, houve uma grande mudança na moda da dança que devemos fazer uma pequena parada para observar. Samya foi a primeira dançarina a dançar descalça. Comumente, TODAS as dançarinas dançavam de sapatos, até que uma noite Samya estava apresentando um show e durante seu envolvimento com o calor da música, do ritmo e da coreografia complexa, um de seus sapatos escorregou, ou quebrou, e ela rapidamente arrancou o outro e dançou descalça, o que foi o maior motivo de admiração e aplausos pela platéia que respeitou sua bravura e coragem de dançar descalça. É dito que na noite seguinte, todas as dançarinas de todas as casas noturnas no Cairo estavam dançando sem sapatos, como se dançar descalça fosse uma moda inventada por Samya Gamal.
E já que estamos contando este tipo de história, eis aqui outra para você: Esta história envolve o Rei Farouk, o último rei do Egito antes da revolução de 1952, e Samya Gamal. Há rumores de que ela é inventada, mas isso NÃO é verdade. Como em todos os banquetes reais, particularmente quando havia convidados estrangeiros, uma dança deveria ser apresentada e tida como o ponto alto do entretenimento da noite. Samya era uma das dançarinas que eram convidadas mais e mais e mais e mais vezes a ponto de isto tornar-se um motivo de dúvidas para algumas pessoas de mentes doentias, particularmente àquelas que eram muito interessadas em manchar a reputação do rei e mudar a opinião que o público tinha dele como mulherengo, que ele havia nomeado Samya “A Dançarina Oficial do Egito”. Entretanto, várias fontes confiáveis no mundo artístico, que eram muito próximas a Samya, confirmavam mais e mais que Samya nunca esteve envolvida com o rei e que o homem que poderia tê-la chamado pelo nome para dançar em seus banquetes nunca passou de um admirador de uma das mais proeminentes artistas de seu país.

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/stars/starsofegypt_samya.htm

sábado, 8 de novembro de 2014

A Era do Ouro - Nagwa Fouad

Ela era a filha única, nascida em uma pobre família egípcia. AWATEF MOHAMMED EL AGAMY, depois conhecida como NAGWA FOUAD mudou-se para o Cairo após perceber seu potencial, amor e habilidade na dança egípcia através de suas apresentações para sua família e em casamentos locais e encontros sociais, que a fizeram pensar seriamente em se profissionalizar. Então, ela veio para o Cairo e começou a trabalhar em algumas pequenas casas noturnas, onde atraiu muita atenção para si através de sua interpretação musical perfeita, seu corpo magro, sua excelente performance, suas qualidades rítmicas únicas e um sentimento romântico pela dança que tinha efeito magnético sobre todas as suas audiências.
Nagwa treinou através das mãos de várias dançarinas aposentadas e treinadores e coreógrafos contemporâneos, bem como valeu-se de seu sexto sentido para escolher os maiores músicos clássicos para compor sua banda. Ela treinava não apenas dança e música egípcia, mas também se concentrava em aprender dança e música ocidental clássica e contemporânea, como ballet, jazz e sapateado, o que proporcionou-lhe um enorme arquivo de referências para criar conforme sua carreira desenvolvia-se durante os anos 50, 60, 70, 80, 90 e agora durante a primeira década do séc. XXI, pelo que somos todos orgulhosos.
Esta incrível dançarina é, no momento em que escrevemos este artigo, a única dançarina estrela de cinema remanescente da década de 50 e ela foi agraciada com o título e a coroa que a fazem constar na série de vídeo “STARS OR EGYPT” como uma das damas históricas que fizeram da dança egípcia tudo aquilo que ela é hoje em dia.
A habilidade que Nagwa Fouad tem de manter-se saudável e flexível é devida ao seu amor pela dança e pelos esportes. Seus esportes favoritos são tênis, exercícios aeróbicos e natação, e caminhar, o que ela tem feito cuidadosamente para manter sua forma e beleza durante toda a vida.
Sua primeira aparição no mundo do cinema foi no filme “Sharei El Hob” (A Rua do Amor), estrelado por um magnífico corpo de estrelas, atores e atrizes, e por cantores como Hessein Reyad, o avô dos atores egípcios, Abdel Salam El Naboulsy, Zeinat Sedqy e claro, estrelando Abdel Halim Hafiz com a clássica canção “Olulu” (Diga a Ela) (Esta música está disponível no CD de Hossam Ramzy “Best Of Abdel Halim Hafiz” EUCD 1195). A história deste sucesso cinematográfico é sobre um jovem artista nascido em uma família pobre da Rua Mohammed Ali, onde vivem todos os músicos do Cairo, cujo pai era um pobre músico da Hasaballa Band, e aqui incluo um pedaço da história musical egípcia para você.
O estilo musical de Hasaballa veio de um músico chamado Hasaballa, um ex-músico de banda militar que formou uma banda com seus velhos amigos aposentados do exército, tocando em casamentos tradicionais no Egito, músicas folclóricas e populares, com instrumentos de metal em um estilo de bandas de marcha. Eles eram sonoros, baratos e atraíam muita atenção com seus antigos uniformes militares especialmente quando eram contratados para um evento que necessitasse de muito barulho, como para o dote de uma noiva, onde as parafernálias e roupas dela eram transferidos da casa de seus pais para a casa de seu marido, para onde ela deveria ir. Eles também eram contratados em outras ocasiões como quando alguém era libertado da prisão, casamentos, e quando alguém estava indo para Meca fazer sua peregrinação.
Voltando à história do filme, eles mandaram este jovem garoto talentoso, interpretado por Abdel Halim Hafiz, ao Instituto de Música Árabe para estudar música e canto e voltar como um artista educado de quem eles pudessem se orgulhar. Veja bem, a maioria das pessoas tinha baixo conceito sobre a banda Hasaballa e os músicos da Rua Mohammed Ali, então seria uma oportunidade excelente para adquirir respeito social se um deles fosse uma pessoa educada que pudesse ensinar a todos as maneiras apropriadas, e fosse alguém de quem pudessem se orgulhar.
De um jeito ou de outro, quando o jovem garoto, Abdel Halim Hafiz, volta de seu curso após passar nos exames, ele se encontra com uma grande festa de rua onde, como vocês poderão ouvir na canção “Olulu”, há quase um duelo entre a banda egípcia “regular” e a banda Hasaballa. Nagwa dançou esta música em sua primeira aparição em um filme, o que, na minha opinião pessoal, foi o mais perto que alguém podeira chegar de alcançar a demonstração mais natural de uma verdadeira jovem egípcia comum (na melhor definição da palavra comum) dançando. Perfeitamente inocente, cheia de amor, com excelente expressão emocional, traduzindo todas as batidas da música maravilhosamente bem e retratando a linha histórica em uma performance de mestre que é preciso ver para crer.
O filme Sharei El Hob tornou-se um clássico e trouxe fama para Nagwa, Abdel Halim Hafiz, bem como para SABAH, o notório cantor libanês. Após isso, Nagwa sempre apresentava-se em concertos de Abdel Halim como a estrela da abertura de seus shows, que a faziam mais e mais famosa enquanto Abdel Halim era entitulado “A uva escura do Egito” por sua bela e doce voz sombria e por quebrar os corações de quase TODAS as mulheres árabes, e não apenas das egípcias.
Nagwa Fouad tornou-se muito conscienciosa do fato de que sua banda tinha que ter padrão ao menos compatível, senão tão bom quanto a de Abdel Halim, que costumava trabalhar com a AL MASSEYA ORCHESTRA (Orquestra O Diamante), liderada por Ahmed Fouad Hassam, o tocador de Quanoon, e alguns dos famosos músicos da banda eram, entre outros, Mahmoud Effat tocando Nay (também apresentado no CD de Hossam Ramzy “The Best Of Om Kolthoum”, junto com Abdel Halim, Farid Al Atrash e Mohammed Abdel Wahab e aqueles a quem o álbum “Source of Fire” de Hossam Ramzy é dedicado), Mahmoud Hammouda na Tabla (o principal professor de Hossam), e diversos dos maiores e mais respeitáveis violinistas e instrumentistas de conjuntos de cordas de todo o Oriente Médio.
Em sua banda, Nagwa Fouad tinha Ahmed Hammouda, irmão de Mahmoud Hammouda, tocando Tabla, o mestre de todos os percussionistas no estilo dançante e o primeiro homem a tocar um “Solo de Tabla ao Vivo” gravado na história da música para dançar e se apresentar. Ele incorporava diversos elementos folclóricos egípcios tais como o Haggala e o estilo Oásis de ritmos beduínos naquele solo de Tabla que ainda podem ser ouvidos hoje em diversos CDs para dança e que muitos tocadores ainda copiam como seus solos de Tabla padrão. Ahmed Hammouda também incorporava vários estilos de seqüências dos “Taks” que podiam ser tocados até mesmo no ritmo Maqsoum, na contagem de 1&2 e então seguidos por paradas de um “Dum” na contagem de 3 e um “Slap” na contagem de 4, que se tornou o “Solo de Tabla Clássico” de todos os tempos. Nagwa também tinha Mohammed Ayyad no Duff e Mazhar, e mais um enorme grupo de percussionistas. No solo de Violino, às vezes ela tinha Mahmoud El Gersha (um dos mais sensuais violinistas solo do Egito, que conseguia misturar sons egípcios com clássicos ocidentais e então voltar ao mais sujo Baladi e voltar para o estilo dançante após apenas 4 barras de música). Ela também tinha Samy El Bably no Trompete (também tocado diversas vezes nos CDs de Hossam Ramzy), o único homem que podia tocar um trompete ocidental como se fosse um instrumento egípcio. No Acordeom, ela tinha Hassan Abu El Saud (do famoso CD “Saher El Accordion” e também um dos tocadores favoritos de Ahmed Adaweya), e além disso, às vezes, ela tinha Mohammed Amidu no acordeom (que compôs diversas das músicas que ela usava para dançar) e ás vezes, ainda, ela tinha Mohammed Asfour (também da banda de Ahmed Adaweya). Mas seu performer mais miraculoso era o tocador de Nay Sayed Abu Sheffa. A palavra Abu Sheffa quer dizer o homem com lábios leporinos (fenda no palato), o que torna impossível tocar QUALQUER instrumento de sopro. Entretanto, Abu Sheffa tocava a Nay e a flauta de bambu egípcia Kawala como ninguém mais tocava. Ele conseguia sons extremamente incendiários e tinha uma habilidade incrível de deixar as pessoas assombradas com uma nota musical direta.
Uma vez que a verdadeira dançarina egípcia deve ser considerada, por todos aqueles que sabem alguma coisa de dança egípcia, como um outro membro instrumental da orquestra, é a dançarina que faz com que a música ganhe vida, que dá ao som uma existência física, tri-dimensional. Interagir com seus músicos, inspirá-los como ela ficava inspirada por suas performances virtuosas pegava o público pelo cangote e retratava a audiência em sua sedução estética. Tendo uma banda com tal poder aterrador, e acreditem, eles não eram mais fortes que os grupos de músicos mencionados acima, Nagwa tornou-se mais e mais musical, rítmica, e adquiriu mais e mais talento em sua dança e suas apresentações musicais, capazes de explorar o impossível e ir suavemente até onde nenhuma dançarina anterior conseguira chegar.
Diversas das coreografias e performances de Nagwa tinham aquele elemento surpreendente, bem como costumavam experimentar ao máximo os limites da fusão, enquanto aderiam às mais puras formas de arte que estavam sendo fundidas. Ela realmente compreendia seu Baladi e seus estilos clássicos egípcios, árabes e do norte da África de dança folclórica ou comum.
Ela também estudou ballet clássico ocidental, jazz e sapateado, e em algumas de suas performances no tablado, lembro dela usar um pouco de flamenco e mesmo de tango argentino.
O amor e a admiração das pessoas pela dança e pela espantosa personalidade de Nagwa Fouad não vinha apenas de seu público amoroso ao redor do mundo, mas também de compositores como o lendário Mohammed Abdel Wahab, que compôs a música dançante “Amar Arbaatasher” (A Lua do 14º Dia do Mês Lunar – que é o dia em que a lua está mais bela) especialmente para ela, e claro que a coreografia, o cenário, roupas e a apresentação desta música eram equivalentes à qualidade de seu compositor.
Lembro uma vez no Cairo, em 1998, quando eu passava uma manhã no Hotel Marriot onde Nagwa estava dançando e pensei comigo mesmo... O show me parecia um pouco estranho, havia alguns poucos elementos sobre os quais eu não tinha muita certeza se combinavam com o show e eu queria ver onde Nagwa chegaria com esta fusão. Então perguntei a ela quando ela viria à minha mesa dançar “Ashara Baladi” (que significa “Dez Baladi”) (Como é conhecido por nós do Egito. É uma seqüência de dança do puro folclore egípcio urbano, sobre a qual você pode ler mais a respeito neste site, sob o nome “Baladi” e também em outro artigo chamado “Zeinab”). Para encurtar um pouco a história, Hamidu tocou a introdução no acordeom e ela dançou de forma tão sensual, tão perfeita no tom e em sua harmonia com o músico até que o ritmo começasse e ela arrebatasse meu coração direto pela garganta e trouxesse lágrimas a meus olhos, isso sem mencionar o solo de Tabla que ela fez depois com Ali Ahmed Ali (o tocador de Tabla que na época era o percussionista particular e professor e treinador de Mona El Said), que eletrizou todo o lugar, e arrancou aplausos do público até quase fazer o salão vir abaixo.
Diversas das famosas peças dançadas que têm sido apresentadas em quase todas as casas noturnas da cena árabe/egípcia, tais como Naasa, Mashaael, Ali Loze, Shick-Shack-Shok, El Saidi e Amar Arbaatasher foram na realidade compostas para Nagwa Fouad. E isto para mencionar apenas algumas.
Agradeço a Deus pelo fato de até o dia em que escrevi este artigo, 21 de Novembro de 2001, em um vôo da Varig número 8614 de Buenos Aires, Argentina, a caminho para Santiago, no Chile, para uma turnê com workshop sobre dança entre os dois países, nossa amada Nagwa Fouad ainda está viva e muito envolvida com o mundo da arte, dança e música, e oro para que ela possa continuar conosco com boa saúde e espírito elevado.

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/stars/starsofegypt_nagwa.htm

sábado, 1 de novembro de 2014

A Era do Ouro - Hager Hamdy

Durante a época de ouro de Taheyya Carioca, o mundo da dança, cinema e teatro foi tomado de assalto ao ver uma jovem desconhecida muito bela e atraente, que não era de falar muito, mas acompanhava Taheyya a todo lugar; em casa, nos clubes, nas plateias de cinema e nos escritórios de seus filmes, lá estava ela. Ninguém conhecia esta garota, mas ela nunca saída do lado de Taheyya. Então, de repente, ela foi apresentada ao mundo da dança de um modo diferente do normal, que era começando como uma dançarina de cenário, mas como uma dançarina solo. Ela atraiu os olhos não só do público regular de casas noturnas, mas dos produtores de cinema e teatro, bem como dos diretores e atores. Taheyya apresentou esta jovem dançarina em seu primeiro show de dança com o nome de HAGER HAMDY.
A dança de Hager era tão autenticamente egípcia, brincalhona, completamente integrada à música, ritmo e estilo artístico egípcio, que ela foi convidada por produtores para apresentar pequenas sequências de danças em seus novos filmes e depois cresceu apresentando partes mais proeminentes e importantes nos filmes e no enredo, bem como atuando em partes que a levaram a estrelar papéis em diversos filmes famosos daquela era. A jovem Hager Hamdy galgou a subida rumo ao sucesso passo a passo, projeto a projeto, e foi alcançando uma posição maior e mais sólida cos corações do público dos filmes e clubes egípcios ao ponto de ser classificada como a 3ª maior dançarina do cinema, atrás de Taheyya Carioca e Samya Gamal. Uma posição extremamente difícil de ser atingida e quase impossível de alcançar embora o nível que ela tinha ao competir fosse extremamente alto, entretanto cheia de amor e amizade, e estou certo que não preciso explicar o quão “MATADORA” pode ser a indústria cinematográfica, mesmo hoje em dia.
Chegou o momento em que Hager começou a tentar produzir filmes, como sua professora Taheyya, e assim produziu seu primeiro filme, “Bent El Meallem” (A filha do chefe), que obteve incrível sucesso com o público, os críticos e os estúdios. Então ela produziu um segundo filme, não tão bem-sucedido como o primeiro, com o nome de “Bent El Omda” (A vilha do prefeito). Então sua sorte mudou com algumas outras produções. Tudo isso impulsionou alguns dos outros filmes nos quais ela apareceu, estrelou e atuou, especialmente o filme “Safeer Gohannam” (O embaixador do inferno) dirigido pelo lendário ator e diretor Sir. Yousef Wahby. Entretanto, este filme ficou conheciso pelo imenso boicode que sobreu e foi quase confiscado pelo departamento de censura do Egito por causa de algumas das cenas de danças e roupas de Hager contidos nele. Então Sir Wahby interveio e enviou um pedido direto ao Rei Farouk do Egiro, um de seus mais caros e próximos amigos e admiradores, e o filme foi liberado na manhã do dia de sua estréia de gala.
Seguindo as pegadas de sua mentora, professora e melhor amiga Taheyya, Hager Hamdy prestava imensa atenção aos detalhes, trabalhava duro e sempre elaborava muito bem suas danças e interpretações musicais, aumentando seu tempo de treinamento e exercícios, bem como se educando cada vez mais em música árabe e ocidental, bem como em artes literárias de várias culturas estrangeiras do mundo, e criou sua própria biblioteca de livros de história e filosofia, e leu-os todos pois ela sabia que naquele tempo a indústria cinematográfica egípcia estava filmando e produzindo mais filmes que Hollywood e provavelmente que Bollywood (a indústria cinematográfica indiana, sediada em Bombaim), não era suficiente ser uma boa dançarina, bela e sexy. A pessoa precisava ser uma artista educada em todas as áreas, boa em todos os estilos de dança egípcios, bem como em ballet, sapateado e possivelmente flamenco, samba e outros estilos de danças do oriente médio, África e até Índia, sem mencionar ser capaz de cantar também, e ela era excelente na maioria destas habilidades.
Hager Hamdy foi casada algumas vezes com homens do mundo da arte, como o diretor cinematográfico Fateen Abdel Wahab, e Kamal El Shennawy, o coração dos anos 40 e 50, com quem teve um filho, e também casou-se com o produtor de rádio e diretor Ali Eissa, com quem teve o segundo filho.

Fonte:
http://www.hossamramzy.com/portuguese/stars/starsofegypt_hager.htm