sábado, 9 de abril de 2016

Quando os Mouros dominaram a Europa

Muitos historiadores veem a invasão muçulmana na Espanha como um sombrio e violento ataque, um assalto a Europa cristã. E apesar de gerações dos governantes espanhóis tentarem expurgar este registro histórico, a arqueologia e a erudição lançam uma nova luz sobre os mouros que floresceram no Al-Andalus por mais de 700 anos, onde as verdades foram escondidas, e a História, manipulada. 
“Quando os mouros dominaram na Europa” é uma história incrível, mas, sistematicamente apagada. A propaganda alimentada pelas “Cruzadas Medievais” criou uma impressão duradoura: A guerra diabólica contra os inimigos estrangeiros de “pele escura”, os “selvagens”. Mas, essa caracterização é completamente inventada, não nos diz nada de como essas pessoas eram. Agora, arqueólogos e historiadores já começaram a compilar a história verdadeira dos mouros na Espanha. 
Este fascinante documentário explode velhos estereótipos: 
=> Ele descobre a Matemática por trás do engenhoso e deslumbrante “Palácio de Alhambra”, em Granada, na Espanha. “La Alhambra” é um triunfo da Matemática e da Estética, é como se tivesse sido habitada até ontem, a Engenharia Matemática reside no núcleo da beleza;  
=> Traça a linhagem étnica de “El Cid” às suas raízes mouras; 
=> Mostra como a população ibérica, voluntariamente, se converteu ao islamismo em massa; 
=> Revela a dívida com o Islamismo e com os muçulmanos, pelas suas contribuições vitais para a “Renascença”, na Europa. Os avanços que os mouros proporcionaram para as Grandes Navegações, para a Astronomia, Arte, Arquitetura, Música, Química, Botânica, Farmacologia, Medicina, Agricultura, Filosofia e Letras. E como ajudaram a impulsionar o Ocidente para fora da “Idade das Trevas”. 
Não era o Islã rígido e fundamentalista da imaginação de muitas pessoas, mas, sim, uma cultura sofisticada, progressista, sensível e intelectualmente curiosa, onde mouros, cristãos e judeus conviviam harmoniosamente. Só agora, seis séculos depois, é que as contribuições e influências dos mouros para a vida e cultura europeias estão finalmente começando a ser plenamente compreendidas.
Quando a cultura moura entrou em colapso, a Espanha foi fanaticamente recristianizada, e quase todos os vestígios de mais de sete séculos de domínio islâmico foram implacavelmente suprimidos. 
Nos 700 anos presentes na Europa, os muçulmanos de Al-Andalus criaram uma cultura que foi o auge da vida civilizada que influenciou toda a Europa em formas que apenas hoje começamos a entender. 
Com o tempo, a memória do passado islâmico na Espanha foi reconfigurada para uma versão “light” da História, onde a verdade é mais estranha que a ficção. 
A História de Al-Andalus não é o conto do bem contra o mal, do Oriente contra o Ocidente. Ela é intrigante, complexa, engenhosa, brutal, humana e turbulenta. Deve ser lembrada, não pode ser excluída dos livros de História. 
Os espanhóis, simplesmente, inventaram a História da Espanha, transformando sua História em um Conto de Fadas. “La Reconquista” foi uma Guerra Civil entre “espanhóis” de duas crenças diferentes. Não foi uma “Guerra Santa”, Al-Andalus foi destruída em uma luta suja por terra que durou mais de 300 anos, onde a sociedade mais sofisticada era a menos equipada para a guerra, e os Cristãos tinham muito a ganhar e pouco a perder. 
O mais chocante na expulsão dos mouros, é que não estavam apenas expulsando árabes ou berberes, a grande maioria da população foi expulsa por sangue... DNA se quiser. Eles eram tão “ibéricos” como seus “primos” cristãos do Norte que os expulsaram. Os “exilados” eram “nativos” da península, como os reis cristãos”.


sábado, 2 de abril de 2016

Ghawazee

A Dança das Ghawazee tem origem no Egito e foi inspirada pelos Ciganos (Nawar) que por lá passaram em sua trajetória para o mundo. São originárias do sul da Índia. Nesse país, há diversas danças populares, as danças são religiosas ou sazonais, porém as ghawazee também faziam uso da dança como forma de sustento de sua tribo. 
Para conseguir identificar o perfil da dança ghawazee é preciso observar a origem dos ciganos. Todos os ciganos do mundo têm origem na Índia. As tribos ciganas originais deixaram aquele país no século V em busca de trabalho. Partiram para o Ocidente através do Afeganistão e da Pérsia, e se dividiram pelos rios orientais do Mediterrâneo. Alguns se dirigiram para norte e foram até a Europa, passando pela Turquia (lá as ghawazee eram chamadas zinganee ) e outros subiram pela costa sul até o Egito.
A princípio sabemos que a tradição da dança ghawazee era com snujs. Com o tempo e com as viagens, incorporaram novos elementos, pois a sua dança era utilizada como entretenimento e de uma maneira comercial, portanto para atrair o público deveria ser bem criativa. As dançarinas ghawazee começaram a utilizar em sua dança o lenço e a bengala. A música e a dança são elementos essenciais de sua cultura.
Em meados de 1830, se deu a máxima disseminação da dança das ghawazee, suas danças eram a melhor diversão de uma festa, porém Mohammed Ali governante do Egito proibiu a dança em público, e as que não cumpriam a nova lei eram expulsas do Cairo e mandadas para Esna.
Normalmente dançam em eventos abertos, populares, ao longo dos rios, nos subúrbios da cidade, mercados e vilas. Usam roupas bem típicas e combinações específicas de movimentos de quadris, bem repetitivos, e na maior parte das vezes, acompanhados de snujs ou bastão, num ritmo regular e constante.
Ghawazee é o plural de Ghaziya, muito famosas dançarinas femininas, principalmente no Alto Egito, na região de Luxor, atualmente. Ghawazee significa “invasora do coração”, como de fato, os ciganos têm vivido como um povo à parte, fora das cidades e da sociedade. Os homens atuam como músicos ou gerentes do evento.
Segundo escritos de poetas, relatos de escritores e de pinturas de antigos artistas supõe-se que, as ghawazee, além da dança, eram cantoras, utilizavam-se da arte divinatória em concha, areia e taça, realizavam partos, sabiam tocar variados instrumentos, adornavam homens e mulheres com pinturas de tatuagens e eram contadoras de histórias. Além disso, participavam com suas destrezas, em cortejos de noivos, casamentos, animavam festas de aniversário e nascimentos. Elas andavam em grupos, pintavam o rosto e os olhos, adornavam-se com pulseiras, brincos e colares.
Sua dança diferenciava-se pelo demasiado uso de movimentos grandes, cadenciados e marcados das ancas e pela ginga do corpo. Os braços sinuosos, ondulações e o deslizar da cabeça para as laterais são comuns nas danças indianas, persas, turcas e árabes, mas a dança árabe diferencia-se pela constante e complexa movimentação das ancas.
“Em um recente vídeo denominado Latcho Drom exibido pela TV francesa, retratando a trilha dos ciganos, podemos ver no local do oásis situado no delta do Nilo um grupo de nômades onde as mulheres, embora com diferentes trajes das originais ghawazee, apresentam uma dança que tem como características, as batidas laterais de quadril, movimentos incrivelmente largos, fortes e soltos. Essas batidas de quadril são marcadas por batidas de um dos pés no chão.” ( Dunia La Luna)
As ghawazee costumam manter uma vibração constante nos quadris.
São característicos os seguintes passos:
1- Percutir o pé (planta inteira) no chão durante as batidas laterais;
2- Acento forte para a lateral seguido de shimmy;
3- Shimmy em triângulo;
4- Saltinhos para trás como nas danças libanesas;
5- Movimentos de braços em círculo - no alto da cabeça ou na região do ventre;
6- Twist com acento diagonal;
7- Encostar-se uma na outra, pelas costas enquanto dançam.
8- Também praticavam algumas artes circenses, como equilibrar as bengalas na cabeça, nos quadris e no busto.

Yousef Mazin, muito conhecido como o mais famoso pai de Ghawazee, morava perto dos templos de Luxor e contava que sua tribo originariamente veio da Persia. Ele reconhecia que foram banidos de suas terras por causa principalmente da péssima reputação e comentava que encorajava suas filhas e filhos a tornarem-se artistas para poderem manter-se no Egito.
Khairiyya Mazin, uma das últimas autênticas Ghawazee a atuarem no Alto Egito, ainda faz shows e ministra aulas. Ela mora em Luxor e dedica-se a manter a tradição da Dança das Ghawazee no Egito.

Fonte:
http://www.ventrequeencanta.com.br/ghawazee.html
http://opoderdadanca.blogspot.com.br/2011/04/gawazee.html