sábado, 27 de setembro de 2014

Dançar Consciente

A Dança do Ventre tem suas raízes nas antigas danças pélvicas femininas e, como todos os atos quotidiano dos povos primitivos, exprimiam sua religiosidade assim como também acontecia com as danças das mulheres. Segundo as pesquisas, as danças pélvicas sempre estiveram presentes em todas as civilizações antigas, não sendo possível atribuir a elas uma data ou região específicas.
De algum modo, nós que a praticamos podemos constatar essa veracidade pois, as lembranças vão surgindo de cada parte de nosso corpo.
Os movimentos desta dança tocam lugares adormecidos, podendo ativar novas células e impulsionando-nos a lugares dentro de nós, mais sutis.
Quando executamos seus movimentos suaves e circulares estamos repetindo o movimento circular do universo, entramos em harmonia com os ciclos terrestres e também lunares. Ao executarmos os tremidos nossa respiração e batimentos cardíacos alcançam uma rítmica acelerada e dentro desse êxtase, nossos músculos conseguem ainda estremecer. Integramos e interagimos com a energia pulsante e vital do planeta, onde no ápice de uma ordem amorosa os frutos brotam, as estações mudam e de nosso útero novos seres nascem.
É através do corpo feminino que a energia vital e transformadora pode ser mais facilmente canalizada e transmitida. É uma dança que traduz em seus movimentos essa força geradora e mantenedora. É disso que esta dança trata! É uma dança que nos remete a vida, ao êxtase e a morte. A Dança do Ventre traz consigo o potencial sagrado da sexualidade humana e a promessa de recuperar sua mais saudável expressão.
A Dança do Ventre vem de todos os povos, para todos os povos, e todos eles nos primórdios exprimiram em seu caráter essencial a relação da vida-morte-vida, do sexo e dos ciclos naturais do planeta.
Temos alguns relatos que na Grécia uma forma mais antiga de dança se caracterizava essencialmente pela rotação das ancas e do abdômen. Se formos vasculhar veremos que em outras culturas como africana, indiana e celta os movimentos primitivos de danças assemelham-se com a chamada Dança do Ventre de hoje. No entanto, dentre as regiões onde este tipo de dança se perpetuou, até nossos dias, vem em primeiro lugar o mundo árabe. Por ser um dos povos mais antigos, seu folclore foi-se ajustando e assim foi-se espalhando, mas também perdendo sua essência e significado primordial. Mesmos assim, se formos capazes de trocar o julgamento pela reverência, poderemos nos conectar com seu caráter transformador e gerador de Vida.
"Horas inteiras se passaram e era penoso se afastar. É assim que funcionava a sedução sobre os sentidos através das evoluções das dançarinas da Ásia. Não existia um momento único de vivacidade, não havia muitas variações a não ser por alguns momentos súbitos, mas estes, se exalavam num torvelino cadenciado, um torpor, onde a alma se acomodava e onde ela se completava... como uma embriaguez, uma sensação de sonolência..." Charles Gobineau (Séc XIX)

"... Isto foi um poema de amor que as palavras não são suficientes para descrever. Profundo, oriental, intenso e extraordinário". G.W.Curtis (Séc XIX)

"... Ela caminhava com os pés descalços... Ela dançava agora para seu próprio deleite, num torvelino em harmonia... uma dança espiritual que nem o caráter comercial, nem a reprovação religiosa, nem mesmo a mudança dos novos tempos poderiam alcançar e, apagar a chama". Wendy Bonaventura (autora do Livro:Serpent of the Nile)
Dúnia La Luna
Fonte: http://www.dunia.com.br/dv-dancaconsciente.htm

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