sábado, 12 de março de 2016

Tarab

Uso o termo “Tarab” para fazer referência ao estilo musical clássico que surgiu na década de 1920, caracterizado por uma estrutura sofisticada, voltada para apresentações nos palcos e nos cinemas.
Tarab, em árabe significa “sensações e sentimentos” e sugere estado de êxtase e de entrega. Estado este, atingido pelo povo árabe ao contemplar a música grandiosa da época. É uma música longa o bastante para que seus ouvintes entrem em contato com suas emoções, de modo a experimentar sensações de alegria, tristeza, prazer, dentre vários outros sentimentos possíveis.
Esse gênero musical nasceu a partir da musicalização de um poema que inicialmente foi composto para ser ouvido. Dançá-lo, foi um passo posterior.
Como o Tarab é um gênero extremamente tradicional, com grande significado para os árabes, ele demanda uma interpretação muito especial por parte da bailarina. Ela deve interpretar a letra da música, exibir uma dança pura, madura e intensa. Uma dança tipicamente árabe. Por isso, é muito importante que a bailarina conheça a tradução da música para interpretá-la de forma correta e o mais emocionada possível.
Portanto, ao dançar esse tipo de música, a bailarina deve se preocupar em fazer uma dança tradicional.  Não cabem aqui, os inúmeros movimentos acrobáticos, tais como “quedas turcas”, “espacates” ou “grand batmans“. Mesmo porque não existem esses e tantos outros movimentos impactantes, originalmente na Dança do Ventre.
Se a intenção é ser fiel ao estilo, o mais importante na interpretação de um Tarab é o envolvimento da bailarina com a música e com o que ela expressa. Devendo lançar mão de passos típicos das danças árabes, tais como os movimentos arredondados, os batidos e os shimmies.
Tipos do véu na dança clássica 
As bailarinas egípcias que começaram a dançar Tarab usaram o véu de forma muito peculiar, moderada e restrita. Entretanto, o véu usado na época não é o mesmo que estamos acostumados a fazer na Dança do Ventre hoje, cuja inspiração é totalmente ocidental. E como no Tarab, o elemento fundamental não é o véu, tome muito cuidado.
Estude e procure entender a magnitude de um Tarab. Você verá que o nosso belo véu de seda não é a melhor opção para este tipo de música. Por isso, certos trabalhos de véu no Tarab, eu considero como sendo um dos erros mais comuns na Dança do Ventre que poder fazer você se parecer com uma bailarina iniciante.
A presença do véu sempre esteve na dança oriental, desde época do ghawazee e a era dourada, usado no clássico, shaabi até no tarab. Mas qual véu e quando usar ele especialmente no clássico ou no tarab? É um tipo de véu que faz parte do traje, é um conjunto leve do mesmo tecido e mesmo cor, e normalmente amarrado no ombro ou na cintura da bailarina pode até ser solto na apresentação.
Usado apenas em momento solo, tipo momento do taksim ou em giros, começou o canto solta as mãos do véu e expresse a música; nunca é usado na música inteira mesmo que seja toda instrumental. 
O que vemos hoje em músicas do tarab?
O que vemos hoje em dia, especialmente no ocidente, e aqui, claro, além da invenção é falta de entendimento da música, sua mensagem.
As bailarinas esquecem que interpretar um tarab ou até clássico do Abdel Haleem ou até Oum Kalthoum mesmo que seja uma versão instrumental, que a música tem poema, tem letra e exige uma interpretação, uma leitura, já vi muitas apresentações com músicas de Oum Kalthoum usando o véu, mais malabarismo com véu do que expressar a música, véus de borboletas, arco íris etc, e isso é um erro sim, não se usa este tipo de véu neste estilo musical. 
Nem tudo que achamos bonito tem nexo, e nada é bonito quando retira o verdadeiro sentido, eu já vi interpretações em músicas de Oum Kalthoum usando o Punhal, daqui pouco vamos ver alguns usando o bastão no tarab e vamos tem que achar bonito? Direito de expressar a arte? Não...
Então conheçam estas diferenças, mantenham o valor da música, do poema, Se Suheir Zaki foi observada pela Oum Kaltoum em seus ensaios antes de interpretar uma canção dela, imagina quem não é Suheir Zaki. 
É muito importante saber que cada música tem sua letra, sua musicalidade, sua história e sua mensagem. É importante saber que você não esta interpretando Oum Kalthoum, mas uma “música” de Oum Kalthoum.
Vamos dar exemplo, tem musica “ Alf Leila Wa Leila” ou mil e uma noite (um dos grandes clássicos do Oum Kalthoum), fala sobre uma noite do amor que valeu por mil noite, uma expressão de alegria, satisfação do momento, a música tem leitura instrumental impacta, forte que refere o pensamento e imaginação entre um capítulo e outro, exige marcação forte, personalidades. Agora vamos olhar uma música como “Lessa Faker” que é um Tarab, tem uma pergunta, um lamento, uma decepção por uma história e tempo que já passou, é interpretação totalmente é outra.
Muitas se perdem, por conta de ensinamento errado, às vezes, também por conta da música instrumental que está sendo usada mais ainda quando falamos em restaurantes e festinhas. Interpretar uma “música” do Oum Kaltoum é interpretar o estilo musical, a letra, a mensagem.
É tão bonito quando a gente vê que a bailarina entende do que ela representa. É gratificante quando seu esforço, investimento seja construído em base do saber. Bom saber que existe quem entende e canta a música mesmo que seja instrumental e o conselho é estudar o que vai interpretar, não apenas coreografar. 
Não são apenas os detalhes que fazem um trabalho seja bonito, mas toda a construção. Espero que esta observação alcance a maior parte, para que todos tenham consciência e conheçam as diferenças.

Fonte:
http://www.blognilzaleao.com.br/erros-mais-comuns-na-danca-do-ventre/
http://www.khaledemam.com/p/materias.html

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