Esses címbalos de dedos muito usados na música e dança oriental são tão antigos como a própria história da música.
Em países como a Turkia e Egito, sua utilização é algo comum devido ao domínio e destreza que as bailarinas e músicos de lá tem sobre esse instrumento.
Existem boatos que a utilização dos címbalos de dedos no Egito está perdendo sua força e ganhando força em países como Estados Unidos e Brasil, dizem que no Egito poucas bailarinas ainda apresentam sua dança com uma performance de snujs e essas mesmas bailarinas retiram o instrumento na metade da apresentação, enquanto as americanas e brasileiras cada vez mais incluem esse "acessório" em suas apresentações.
Procurar na história a origem verdadeira dos snujs é uma tarefa nada fácil e fica impossível falar dos snujs sem citar os címbalos e sua frequente utilização em rituais e festas religiosas.
A quantidade de referências religiosas ao uso dos címbalos e snujs é de fato notável e fascinante, encontraremos citações de seu uso em louvores e em rituais na maioria dos livros sagrados e escrituras religiosas.
A palavra címbalo deriva da palavra grega "Kymbala" e nessa época, os címbalos eram utilizados com frequência para marcar o ritmo e enriquecer a música.
Durante os séculos que se passaram, os címbalos foram sofrendo mudanças e adaptações ao uso e a região em que eram utilizados, ainda hoje é possível encontrar no Egito uma espécie de címbalo que mais parece o gancho de um telefone, mas a adaptação dos címbalos comuns aos usados no dedo acredita-se ter ocorrido por volta do ano 500 antes de Cristo.
Os címbalos de dedos são conhecidos por nomes diferentes de acordo com a sua região e utilização, dessa forma então os encontraremos com as seguintes nomenclaturas:
TABELA DE VARIAÇÕES DO NOME DOS CÍMBALOS DE DEDOS
PAÍS DENOMINAÇÃO
Egito Saggat
Estados Unidos Finger Cymbals
Índia Manjira
Países Árabes Sunouj
Países Árabes Silsil
Persa Zang
Persa Salasih
Turkia Zills
Os címbalos nas civilizações
NO EGITO
Na história há relatos de que os snujs vêm do Egito em uma cidade chamada Bubast, onde eram tocados pelos sacerdotes e sacerdotisas sagrados, que desciam o rio Nilo, entoando cânticos, queimando incensos e tocando sinos que mais tarde foram substituídos pelos snujs. Acompanhados pelos habitantes da região que se aglomeravam às margens do rio iluminando-o com tochas, em festividades de homenagem a Deusa Bastet, aquela que tem cara de gato, e é considerada a protetora das dançarinas e das mulheres que cuidavam de crianças pequenas.. Estes festivais louvavam às Deusas que traziam fertilidade à Terra. Os snujs eram tocados para afastar os maus espíritos e eles atuam como purificadores da energia do ambiente, transmutando a energia negativa em positiva.
NO MUAY THAI
Nas antigas lutas de Muay Thai era comum o uso de percussão e flauta para dar ritmo ao combate, os três tipos de tambores diferentes, os címbalos e as flautas de Java tinham nesse combate a função de incitar mais agilidade à luta quando a mesma perdia o ritmo.
NA RELIGIÃO HINDÚ
“Tendo instalado a Mãe dos três mundos no trono de ouro ornado de pedras preciosas, o portador do venábulo dança nos cumes do monte Kailasha, rodeado por todos os deuses. Saraswatí toca a víná, Indra a flauta, Brahmá cuida dos címbalos, marcando o compasso, Lakshmí entoa os mantras, Vishnu toca o tambor. Todos os deuses o rodeiam."
NA BÍBLIA
“E Davi, e toda a casa de Israel, tocavam perante o Senhor, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, saltérios, tamboris, pandeiros e címbalos”. (II Sm 6:5)
“E Davi ordenou aos chefes dos levitas que designassem alguns de seus irmãos como cantores, para tocarem com instrumentos musicais, com alaúdes, harpas e címbalos, e levantarem a voz com alegria”. (I Cr 15:16)
“Quando os trombeteiros e os cantores estavam acordes em fazerem ouvir uma só voz, louvando ao Senhor e dando-lhe graças, e quando levantavam a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos de música, e louvavam ao Senhor, dizendo: Porque ele é bom, porque a sua benignidade dura para sempre; então se encheu duma nuvem a casa, a saber, a casa do Senhor”. (II Cr 5:13)
“Ora, na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os lugares, para os trazerem a Jerusalém, a fim de celebrarem a dedicação com alegria e com ações de graças, e com canto, címbalos, alaúdes e harpas”. (Ne 12:27)
Existem lendas ritualísticas que afirmam que os címbalos tem uma característica energética de purificar ambientes, atrair boas vibrações e transformar energias negativas em positivas, também encontraremos sua utilização em parceria de outros instrumentos de percussão em rituais de exorcismo, nesses rituais os címbalos são considerados energia feminina, responsáveis por transformar a energia negativa em positiva enquanto a percussão de mão tem a missão de fazer com que a energia negativa se manifeste para poder ser transformada.
Independente de lendas, mitos e poesias a utilização dos snujs em uma performance de dança do ventre, seja sendo executada por um músico ou pela bailarina é muito apreciada quando executada com maestria e poder presenciar uma apresentação dessa é realmente algo fascinante.
No flamenco as bailarinas tocam suas castanholas administrando as variações de sonoridade da cada ritmo do ¨Baile Flamenco¨. Na dança do ventre os Snujs são instrumentos de percussão que podem ser tocados tanto pela bailarina, como pelos músicos, podendo o toque evoluir acompanhando o ritmo da música ou ser tocado ¨de improviso¨ navegando de acordo com o nível técnico e personalidade de cada bailarina.
A origem dos címbalos na música árabe.
Desejando inicialmente transformar este tema em mais uma página especial para este site, optamos por introduzi-lo nesta seção, devido sua significativa importância às Bailarinas de Dança do Ventre.
Vamos aqui tentar desvendar alguns dos mistérios que envolve os Snujs, através de uma análise geral e histórica dos címbalos e sua importância no âmbito da música árabe.
Primeiramente, devemos procurar entender o que realmente significa um címbalo.
Segundo consta nos dicionários modernos, címbalo significa pratos. Desta maneira, o címbalo corresponde a cada um dos dois discos de metal sobrepostos.
Por exemplo: os Snujs são compostos por 4 pratos, que formam 2 címbalos (dois pratos em cada mão). O Daff ou Riqq, é um instrumento que possui 5 címbalos duplos, ou seja, 10 címbalos que totalizam 20 pequenos pratos.
Qual seria a importância dos címbalos na antiguidade egípcia? Comprovadamente, o som produzido por címbalos está diretamente relacionado ao sagrado, ao religioso. É o mesmo objetivo dos sinos das igrejas, ou seja, quando tocados, conduz as orações dos fiéis até ao mundo divino.
Estudiosos acreditam que, inicialmente, a música árabe seria destinada aos cultos e adorações em honra aos deuses egípcios.
Bem, segundo dados históricos, o "Sistre" ou "Sistro" foi certamente o primeiro instrumento de percussão árabe dotado de címbalos que surgiu no Egito antigo. A prova está estampada claramente em milhares de esculturas e pinturas de templos e tumbas faraônicos.
Os egípcios denominavam o Sistro de Sechechet, que podia possuir duas formas diversificadas.
Em algumas descobertas da Arqueologia, como a tumba do faraó Tutankhamon, foram encontrados diferentes Sistros, compostos por címbalos de bronze bastante rústicos.
O toque do Sistro, geralmente, estava relacionado ao ato de clamar por proteção divina, e sempre era tocado por mulheres (sacerdotisas). Abaixo saberemos o porquê desta razão.
No âmbito da religiosidade, o som produzido pelos címbalos representava o clamor de bênçãos à deusa Hathor (Deusa da Beleza, da Música, das Danças e, também, da Fertilidade).
Conforme nos explica os egiptólogos, Hathor, tendo sobre sua cabeça uma lua cercada por chifres, representaria o princípio feminino (beleza) e a fertilidade.
Aqui podemos entender historicamente um dos motivos pelo qual os Címbalos são considerados um acessório indispensável à Dança do Ventre. Lembramos, aqui, que a Dança do Ventre está ligada ao princípio da fertilidade da mulher. A Dança exalta o privilégio de ser mulher e sua dádiva de procriar, como bem nos ensina Shahrazad Sharkey.
O Sistro ainda é usado na música árabe? Não! Na música árabe moderna sua utilização fora abolida, porém, em países como a Etiópia, sua utilização ainda é possível em rituais e cerimônias estritamente religiosos.
Pandeiros com címbalos.
Acreditamos que a primeira geração de "pandeiros" que apareceram no Egito não possuíam címbalos. Certamente o Daff ( Riqq para os Egípcios) e o Bendir com címbalos (Mazhar), são desdobramentos que surgiram posteriormente, o que evidentemente representa um aprimoramento dos instrumentos de percussão.
Se observarmos atentamente algumas gravuras egípcias, vamos notar claramente a predominância de pandeiros sem címbalos, o que reforça tal idéia supracitada.
O surgimento histórico dos pandeiros com címbalos tanto no Egito quanto em todo o mundo árabe, deve-se certamente a outras duas finalidades de sua utilização, ou seja, demonstração de alegria e ostentação rímica.
Ressaltamos que a utilização dos Snujs por uma Bailarina durante sua apresentação significa auto-afirmação de seu estado alegre e o convite à elevação de espírito (caráter não religioso), como também o pedido de proteção divina, intrinsecamente ligado à preservação de sua faculdade de procriar (fertilidade).
Os Snujs e sua utilização no Brasil
Os Snujs (címbalos para os dedos) foram imortalizados no Brasil pelas mãos da notável Shahrazad Sharkey, durante suas apresentações de Dança.
Acompanhando a percussão de Fuad Haidamus, pioneiro da percussão árabe, Shahrazad trouxe a verdadeira técnica de sua utilização, figurando até hoje como a grande mestra no toque desse instrumento no Brasil e de sua utilização na Dança do Ventre.
Posteriormente, sua técnica passara a ser copiada e utilizada pela primeira geração de bailarinas que se seguiu, todas importantes precursoras na difusão da arte trazida por Shahrazad ao território brasileiro.
Por quê, quando e como utilizá-los ?
Em primeiro lugar, devemos ressaltar a simplicidade desse instrumento. Os Snujs possuem a finalidade exclusiva de alegrar determinadas frases rítmicas, proporcionando, através de seus toques vibrantes, um som mais envolvente e empolgante à percussão. É muito importante deixar claro que o uso dos Snujs está diretamente ligado ao estado de espírito da pessoa, ou seja, se um determinado ritmo ou estribilho musical nos deixa felizes e alegres, se eleva nosso estado de espírito, é mais que correto usarmos os Snujs.
Seria o equivalente a bater palmas num determinado momento empolgante de uma música. A pessoa mostra que está feliz e que deseja, através do toque simples dos Snujs, contagiar todos que estiverem à sua volta dessa felicidade.
Desta lição básica podemos tirar muitas conclusões. Primeiro, não é em qualquer música que os Snujs podem ser utilizados (apenas música alegres, empolgantes), e, segundo, é muito raro a utilização dos Snujs em uma música desde o começo até o fim. Devemos nos preocupar em destacar os pontos mais empolgantes, os pontos de elevação de espírito. Isso vai muito da pessoa. Tocá-lo de forma direta, sem parar, prejudica a percussão tornando-a perturbadora. É por essa razão que não é aconselhável utilizá-los como percussão base.
Quando uma Bailarina usa os Snujs durante sua apresentação num determinado momento da música, significa duas coisas: 1 - A auto-afirmação de seu excelente estado de espírito naquele momento musical e 2- A intenção de transmitir esse sentimento a todos que estiverem à sua volta (é o desejo de contagiar). É, portanto, a auto-afirmação e o convite à elevação de espírito.
Há quem realmente goste de desenvolver teorias pesadas sobre esse instrumento. Seria realmente correto colocarmos os Snujs no mesmo patamar que a Derbakke, a Doholla, a Mazhar, o Daff etc.. ? Bem, é evidente que não. Os Snujs acompanham a percussão de linha tornando-a mais alegre e envolvente, apenas isso.
Apesar de pertencerem ao rol dos principais instrumentos da percussão libanesa, devemos ter em mente que sua envergadura é menor. Eles não possuem aptidão para serem usados, por exemplo, como referência maior numa percussão base, como a Mazhar ou a Doholla. Sua função específica dentro de uma percussão não é essa, como já dissemos.
Certa vez, recebemos a mensagem de uma Bailarina preocupada em saber se o "DUM" nos Snujs é feito através do toque dos dois címbalos de ambas as mãos simultaneamente ou se pode ser feito apenas com uma mão. Bem, não existe uma teoria que estabeleça coerentemente qual desses dois modos de tocar é o mais correto.
Há quem afirme que batendo os dois juntos a acentuação dada melhora a interpretação rítmica. Outros, porém, pregam uma liberdade maior ao toque dos Snujs. Para estes, realizar o "DUM" batendo sempre os dois pares de címbalos simultaneamente torna seu som irritante, prejudicando a interpretação do ritmo.
Para tentarmos solucionar tal problemática, devemos buscar a resposta nos princípios básicos que regem toda percussão. O recurso de bater os Snujs simultaneamente, faz com que consigamos obter uma máxima acentuação sonora naquela específica nota (batida rítmica). O "DUM", por sua vez, é sempre a nota de maior vibração sonora e não de maior acentuação sonora. Vejamos abaixo:
1 - Vibração sonora de uma nota: É a durabilidade sonora da nota dentro de uma frase rítmica (batida).
2 - Acentuação sonora de uma nota: É a nota que possui toque mais forte, mais robusto, o que a torna mais nítida dentro da frase rítmica.
Ante ao raciocínio exposto, cabe fazermos uma pergunta: Seria conveniente imprimirmos sempre uma máxima acentuação sonora ao "DUM" nos Snujs ? Penso particularmente que a técnica dos toques simultâneos deve ser trabalhada com cuidado e nunca de maneira inadvertida. Saber trabalhar as nuances é bastante fundamental. Devemos ter sempre em mente que o toque dos Snujs seguem sempre três regrinhas simples e fundamentais: a naturalidade, a criatividade e a espontaneidade.
Naturalidade: Evite exageros desnecessários.
Criatividade: Seja criativo em seus toques, busque sempre o que há de melhor.
Espontaneidade: Deixe fluir seus sentimentos, sua elevação de espírito. Toque-os somente quando seu coração mandar.
Por que mantê-los sempre limpos?
Um címbalo com forte oxidação sofre perda sonora, isso porque a sujeira acumulada impede uma perfeita vibração do metal quando tocado. Há também a questão da boa imagem.
Como eu limpo meus Snujs?
Nunca use esponjas de aço e pastas de dente para limpar seus Snujs. Produtos como "Brasso" e "Kaol" também devem ser evitados pois possuem química muito forte (são feitos a base de petróleo -solvente de petróleo), e, por essa razão, agridem muito a superfície do metal e, por essa razão, são inadequados para uso em instrumentos musicais. Visite uma loja de instrumentos e compre uma pasta especial para limpeza e manutenção de címbalos metálicos (geralmente usam-se em pratos de Bateria).
Um bom produto é o "Limpador de Pratos Zildjian" que pode ser comprado até mesmo pela internet. Esse produto, que é usado por profissionais, irá deixar seus Snujs como novos.
O que faz escurecer meus Snujs?
O próprio ar atmosférico faz os Snujs oxidarem. O suor produzido pelas mãos também é um grande vilão. Depois de usá-los, limpe-os com uma flanela macia e guarde em local seco. Irão demorar muito mais para oxidar.
Posso usar limão ou vinagre para limpar meus Snujs?
Jamais! Tanto o limão quanto o vinagre possuem alta taxa de acidez e devem ser evitados. Isso corrói o metal. Água com sal também é muito prejudicial.
Qual o melhor pano para limpar meus Snujs?
Como já dissemos anteriormente, uma flanela bem macia.
Fonte:
http://www.portaldoegito.com.br/snujs
http://www.hindsaid.com.br/d_ventre/snujs.htm
http://www.vitorabudhiar.com/percuss%E3o_e_bellydance.htm
Muito bom! Adorei a pesquisa!
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