Hijab: assim é a palavra “véu” em árabe, e significa “o que separa duas coisas”.
Separa o conhecido do desconhecido. Não apenas um enfeite, um acessório a mais, o véu mostra existir algo muito precioso que está escondido. Apenas o véu, de toda a indumentária usada na dança, permite uma interação tão sutil e suave do corpo com as vestes.
Reza a lenda que sua origem remota no antigo Egito, a Dança dos Sete Véus era executada pelas sacerdotisas em homenagem à Deusa Ísis, e representava um ritual de experiências sucessivas de auto-conhecimento até a ascensão espiritual. A sacerdotisa envolve-se com os sete véus, na seguinte ordem de cores: vermelho, laranja, verde, azul, lilás, branco. A veste por baixo dos véus é de cor clara. Os sete véus podem representar os sete chacras hindus (básico, esplênico, plexo solar, cardíaco, laríngeo, frontal e coronário). Ao longo da execução da “Dança dos Sete Véus”, retiram-se sucessivamente, com graça e mistério, os sete véus, cujas cores se relacionam ao arco-íris. A retirada de cada véu, plena de fascínio, sugere a revelação gradual da Luz.
De onde veio a simbologia para o número Sete? Lembremos que a Numerologia nasceu no Egito e veio ao ocidente através do grego Pitágoras. Para Pitágoras, tudo era número. O filósofo transmitiu sua sabedoria a seus discípulos, os quais guardavam absoluto sigilo sobre seu conhecimento. Passado muito tempo, os ensinamentos pitagóricos foram chegando até nós, como ruínas de um templo. O número Sete simboliza a combinação do Três (Céu) com o Quatro (Terra): o 3, representado por um triângulo, é o Espírito; o 4, representado por um quadrado, é a Matéria.
O Sete simboliza a totalidade dos mundos. A Dança dos Sete Véus eleva a bailarina em direção à plenitude do conhecimento.
Há também a versão de que inicialmente era dançada com 49 véus, passando mais tarde a ser realizada com apenas 7 véus, e era realizada em homenagem à Deusa Babilônica Ishtar ou Astarte, deusa do amor e da fertilidade. Segundo os babilônios, Tamuz, seu amado teria perdido a vida e foi levado para o reino dos mortos, e Ishtar, por amor, resolveu ir também para o reino dos mortos a fim de resgatá-lo. Determinada, Ishtar atravessou os 7 portais do mundo dos mortos, passando pelas 7 câmeras que haviam dentro de cada portal e lutando com os 49 demônios guardiões dos portais, Ishtar derrotou e dominou todos os demônios, deixando cair um de seus pertences durante as lutas em cada portal: um véu ou uma joia (cada um deles representando um de seus sete atributos: beleza, amor, saúde, fertilidade, poder, magia e o domínio sobre as estações do ano) Chegando assim, completamente nua ao final do último portal.
O véu representaria o que ocultamos dos outros e de nós mesmos. Ao deixar os véus Ishtar revela sua verdadeira essência e consegue unir-se a Tamuz, se tornando senhora do mundo dos mortos, e guardiã das chaves dos portais, que eram abertos somente para os iniciados.
No Egito, as sacerdotisas em seus templos, ofereciam a dança dos sete véus para a Deusa Isis, que dentro dela existe, e lhe dá beleza e força, representava um ritual de experiências sucessivas de auto-conhecimento até a ascensão espiritual, e era realizada em homenagem aos mortos. As sacerdotisas retiravam não só os véus, mas todos os adereços sobre o seu corpo, para simbolizar a sua entrada no mundo dos mortos sem apego a bens materiais. Os sete véus aludiam aos mistérios da deusa Isis.
Na Grécia a dança dos sete véus era realizada nos cultos da deusa grega Afrodite, a deusa do amor.
Com o tempo, a dança passou a ser realizada por bailarinas, que limitavam-se a retirar os véus, perdendo assim seu caráter espiritual, e ganhando uma conotação erótica, que permaneceu por muitos anos, até a redescoberta de sua verdadeira origem e significado.
Os sete véus simbolizam as sete cores do arco-íris, os sete planetas conhecidos na época da civilização egípcia antiga (que estão representados na dança como possuidores de qualidades e defeitos que influenciam o temperamento das pessoas), as sete notas musicais, os sete dias da semana, e os sete chacras (pontos energéticos do corpo humano). Na Dança dos Sete Véus, cada véu corresponde a um grau de iniciação, rumo á ascensão espiritual:
1º: Nesta iniciação a pessoa deverá trabalhar o domínio das tendências físicas inferiores básicas: purificação da alimentação, manutenção do corpo livre ao máximo de toxinas, transmutação da luxúria em amor, entre outras coisas. Neste estágio, a pessoa começa a tomar consciência de si mesma, como alma. 2º: Esta iniciação desenvolve o controle da camada emocional. Os desejos egoístas são substituídos pelo desejo de servir a humanidade e entra-se num trabalho intenso com a natureza emocional e psicológica. Aqui, o indivíduo toma consciência de quem é realmente, de todos os aspectos do seu eu, aceita-os e trabalha os aspectos negativos. A meta da segunda iniciação é fundir as metas e desejos pessoais, com as metas do Todo. 3º: Aqui o domínio do pensamento é o foco central. As formas de pensamento têm que se tornar claras e definidas, assim como os nossos propósitos ou desejos. Os pensamentos devem ser dirigidos para os planos superiores. O indivíduo precisa aprender a trabalhar com os bloqueios físicos, emocionais e mentais, não os negando, mas encontrando as suas raízes; e isso para muitas pessoas é a parte mais difícil.
4º: Existe um período de sacrifício e desapego profundos nesta iniciação, que também é chamada de "crucificação", e aqui a pessoa tem que trabalhar os medos, e as perdas. Neste estágio, a visão aumenta espantosamente e o interesse verdadeiro passa a ser elevar a humanidade, pois a essência da alma sabe que forma uma unidade com tudo o que existe. Aqui, o iniciado não é mais uma alma aprisionada, mas sim a própria alma.
5º: É a revelação e ocorre no plano átmico. A vontade de servir, assume fundamental importância. A pessoa toma total consciência dos papéis desempenhados na evolução da Terra e do universo. Aqui a pessoa entra em pleno contacto com o seu poder pessoal, com o amor, e a luz.
6º: Esta é a "iniciação da ascensão"; que se inicia agora e completa-se na 7.ª iniciação. Aqui a pessoa sente-se numa total unidade, vivenciando o amor incondicional divino e uma profunda paz. É necessário invocar e ser a Luz e o Amor.
7º: A partir daqui, não somos mais atraídos pelos mundos inferiores a não ser pela vontade de servir. Neste plano, a vontade espiritual se encontra plenamente ativada, entrando em pleno funcionamento ao lado do amor incondicional e da sabedoria. Neste estágio o amor incondicional, as motivações puras e o brilho da própria luz, reluzem na aura do iniciado.
Exemplo de coreografia solo:
Vermelho - Marte - Chacra Básico: sua retirada significa a vitória do amor cósmico e da confiança sobre a agressividade e a paixão. Entra-se com o véu vermelho (medindo 3 metros), movimentos fortes de véu e quadris, como batidas e shimies.
Laranja - Júpiter - Chacra Esplênico: dissolve o impulso dominador e dá vazão ao sentimento de proteção e ajuda ao próximo. O véu preso no quadril. Movimentos de shimies, oitos, redondos; o véu acompanha com movimentos do quadril.
Amarelo - Sol - Chacra Plexo Solar: elimina o orgulho e a vaidade excessiva, trazendo confiança, esperança e alegria. O véu cobrindo a barriga. Movimentos de ondulações, oitos laterais, oitos com ondulações, redondo interno e redondo grande.
Verde - Mercúrio - Chacra Cardíaco: mostra a divisão e a indecisão sendo vencidas pelo equilíbrio entre os opostos. O véu no busto ou em um dos braços. Movimentos de busto e braços.
Azul - Vênus - Chacra Laríngeo: revela que a dificuldade de expressão foi superada, em prol do bom relacionamento com os entes queridos. O véu no pescoço ou no outro braço preso a um bracelete. Véus verde e azul juntos com movimentos de cabeça.
Lilás - Saturno - Chacra Frontal: mostra a dissolução do excesso de rigor e seriedade, a conquista da consciência plena e o desenvolvimento da percepção sutil. O véu cobre o rosto (chador). Expressão de olhos e cabeça. Tira-se o chador.
Branco ou Prateado (união de todas as cores) - Lua - Chacra Coronário: mostra a imaginação transformada em pensamento criativo e pureza interior. O véu branco na cabeça (como véu dos beduínos). Retira-se o véu, utilizando-o com movimentos de giros e de casulo.
Durante a dança a bailarina realiza movimentos de meditação e de transe. A retirada de cada um dos véus, presos ao corpo da dançarina, representa a dissolução dos aspectos mais nefastos e a exaltação das qualidades pessoais.
Os véus são retirados lentamente durante os movimentos. Retiram-se alguns véus, e outros são usados para se realizarem movimentos mais complexos. Duração da música: 07 (sete) minutos, sendo 01 (um) minuto para cada véu. Escolhe-se uma música que possibilite muitas variações de movimentos. Por baixo dos véus, usa-se preferencialmente roupa branca, de modelo à escolha da bailarina. Muitas bailarinas perfumam seus véus com aromas femininos e delicados. O perfume propicia um halo de mistério em torno de quem dança! Experimente e veja como a platéia se envolve com seus movimentos! A bailarina também pode assumir uma personagem: a sacerdotisa em busca da sua verdade. O despertar de sua consciência, de sua força e poder, dentro do mais perfeito equilíbrio.
Exercício de criatividade: Para cada minuto na sua Dança dos Sete Véus, associe uma nota musical, um planeta, um dia da semana... um passo de dança, um ritmo... Essa brincadeira estimula sua inteligência emocional e incentiva os sentidos da artista como um todo.
“A dança dos sete véus tem sido considerada como parte das tradições do Oriente Médio, mas não é praticada no Oriente. Foi uma criação da fantasia europeia e tem sido preservada pela industria do entretenimento.” Dance of Seven Veils, Shira
Shira escreve um longo artigo sobre a história da Dança dos Sete Véus, acredito que ela foi uma das primeiras bailarinas americanas a desmascarar a fantasia relacionada ao estilo.
O artigo dela foi de extrema importância na época, porque até os anos 90, os sete véus eram ensinados como parte da tradição oriental. Mas, mais interessante é que ela considera a dança como parte do processo de criação artística ocidental estimulante para a criatividade da bailarina como intérprete.
Assim como Shira eu acredito que a bailarina tem a capacidade transformar algo deturpado em sublime. Isso é a função do artista não é!?
Acredito que no Ocidente a dança dos sete véus é um ícone que envolve todo o imaginário e a curiosidade sobre o Oriente.
A figura sedutora de uma mulher coberta por véus esvoaçantes atordoou a fantasia de muitos durante todo o século XX e até pouco tempo atrás era sinônimo de dança do ventre.
Ao classificarmos como um mito orientalista (fantasia ocidental a respeito do oriente) não podemos desqualificá-la como menor em relação as demais, a fantasia deu vazão para algo muito bonito e que inquieta nosso imaginário de tão sensual e misteriosa que é. Temos que considerar também os aspectos terapêuticos que foram estudados a partir deste estilo. Entre sagrado e profano a fantasia se transforma em mito, adequado ao nosso contexto cultural.
Eu, particularmente, não gosto muito de algumas coreografias, tenho a sensação de que a bailarina se parece com uma banquinha de retalhos ambulante e estruturei tamanhos aos véus justamente para evitar essa impressão.
3 véus de 2mX1,20m
2 véus de 1,20X1m
2 veus de 70cmX50cm
Assim os três maiores ficam presos pelos seus dedos e você pode brincar com eles durante um tempo. Os dois menores ficam presos ou como parte da saia ou como uma túnica transparente (sem aparecer os nós) e os menores amarrados como lenços ao redor da cintura. (Preciso desenhar isso para ficar mais claro, farei assim que estiver em terra firme!)
Fonte:
http://tatimgm.blogspot.com.br/2012/10/danca-dos-7-veus.html
http://www.seteveus.com.br/escola.htm
http://www.seteveus.com.br/escola.htm
http://zahrali.tumblr.com/
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