sábado, 27 de agosto de 2016

Como se vestir bem?

Roupas de Dança do Ventre. Quem nunca se deslumbrou com elas????
Isso tanto é verdade, que muitas de nós chegaram ao mundo da dança, atraídas justamente pelo glamour, o brilho e a sensualidade de muitos figurinos exibidos nos palcos.
Mas mais do que belos, brilhantes e sensuais, esse grande objeto de desejo e fascínio vem se transformando com o passar dos anos e podem cumprir vários papéis dentro da dança.
Com tantas opções de roupas de Dança do Ventre, algumas perguntas passaram a ser inevitáveis, mas muita calma nessa hora porque tentarei responder a tudo.

Como escolher as roupas de Dança do Ventre certas para cada show?
Ter foco se torna imprescindível. Pelo menos é nisso em que eu acredito. Por isso, para não ficarmos perdidas no genérico, a primeira coisa que eu gostaria de detalhar aqui com você, é a questão do show em si.
Qual a Dança que Você vai Fazer? 
Reconhecer o gênero musical que você vai dançar é super importante para a correta escolha do figurino.
Não basta, na minha opinião, saber distinguir apenas o que é folclórico do que não é. É preciso entender a música que você vai dançar e procurar identificar o que se deseja criar a partir dela:
Você quer ser fiel ao estilo? Isto é, quer dançar de forma bem típica, característica? Entender como uma bailarina árabe dançaria genuinamente aquela música? Ou… pelo contrário. Você quer dançar livremente, criando sua própria leitura da música e da dança? Quer utilizar o máximo de licença poética para criar o efeito desejado em cena?
Essas questões podem influenciar na sua decisão quanto à correta escolha das suas roupas de Dança do Ventre. Isto é, se o seu desejo é ser o mais fiel possível às raízes daquilo que você vai dançar, será necessária uma boa pesquisa para identificar o figurino mais adequado. Principalmente no que diz respeito ao Folclore Árabe. Do contrário, você corre o risco de cometer erros básicos. E isso pode se refletir também, na escolha das suas roupas de Dança do Ventre. 
Entende-se aqui, Dança do Ventre, num sentido bem amplo, tá? Não só a dança show, mas também as danças folclóricas, as danças populares e as fusões. Mas continuando, por outro lado, você pode escolher fazer uma apresentação sem se preocupar tanto com o contexto cultural da dança e da música escolhida. Você pode querer investir numa criação própria. Isto é, passar para o público a forma particular com que você se relaciona com uma determinada canção. 
Nesse caso, quem sabe um figurino bem pensado, de cara, já não te auxilie nessa proposta?! Isto é, numa melhor comunicação entre você e o seu público. A cor, o estilo, o modelo das roupas de Dança do Ventre podem ser determinantes nesse processo de decisão. E você sabendo definir isso muito bem, meio caminho já terá sido percorrido ainda no atelier de costura. 
Apresentação Solo - Quando vamos dançar sozinhas, a coisa tende a ficar mais fácil, mais simples de se definir. Se você já resolveu o primeiro ponto, isto é, o tipo de dança que pretende fazer, o próximo passo é escolher aquilo que mais gosta, o que lhe cai melhor e o que lhe parece mais confortável.
Eu acredito que a bailarina deva se sentir plena na hora da sua apresentação. E essa plenitude passa por vários aspectos. E no que diz respeito ao figurino, acho importante ressaltar:
  • O Conforto – Para não impedir os movimentos e também, não machucar a bailarina;
  • A Segurança – Para que o top e cinturão não abram ou a saia não caia em cena;
  • O Bom Acabamento – Para que os bordados não se desfaçam durante a apresentação;
  • Adequação da Matéria-Prima – Para que o figurino tenha um bom caimento e valorize os movimentos da bailarina durante a dança.

As roupas de Dança do Ventre no geral, precisam ser bem desenhadas, bem cortadas e bem adaptadas ao biotipo da bailarina, para que elas possam funcionar durante toda a sua apresentação.
Imagine que a bailarina vai ser vista de diversos ângulos, executando todo tipo de movimento, sob o olhar atento do público. O figurino tem que contar a favor da sua dona. Tem que ser um aliado fiel e resistente para que tudo brilhe até o último aplauso.
Então, você que é solista, fique atenta a todos os detalhes do seu show. E pense nas suas roupas de Dança do Ventre não só sob o ponto de vista estético. Mas também, sob o ponto de vista técnico, isto é: em plena sintonia com os seus movimentos, com as suas expressões e com a imagem que você deseja passar.
Apresentação em Grupo - Na  minha opinião, o que está em jogo numa apresentação em grupo é o conjunto acima de tudo. Não importa se você acha que verde não lhe cai bem ou se rosa não é sua cor preferida. Não importa se você prefere um figurino justo ou rodado, moderno ou clássico.
A função das roupas de Dança do do Ventre, nesse caso, é criar um conjunto. É atender a um determinado humor. É cumprir as expectativas do responsável pela criação artística daquela apresentação, e nesse cenário, nem sempre é possível negociar.
Cada bailarina do elenco deve ser madura o suficiente para entender que está emprestando seu corpo, seu rosto e sua expressão, para um propósito muito maior que e o efeito cênico criado por todas. Isto é, você não está mais sozinha. Agora, você faz parte de um time. E é esse time, como um todo, que tem que brilhar. Interesses pessoais, muitas vezes, precisam ficar em segundo plano.
Shows em Ambientes Pequenos - Quando o público está muito próximo às bailarinas, suas roupas de Dança do Ventre poderão ser apreciadas de perto e em detalhes. Pra mim, neste tipo de show, mais intimista, funciona muito bem até mesmo aquele bordado meticuloso, com peças pequenas, delicadas e que fazem toda diferença quando se olha de perto. Detalhes grosseiros na costura, um figurino mal acabado ou mal conservado, serão facilmente percebidos. E o mesmo se aplica aos acessórios.
Por essa razão, eu sempre reservo meus melhores figurinos para esse tipo de show e faço uma vistoria meticulosa nas minhas roupas de Dança do Ventre, dias antes de entrar em cena.
Show em Teatros e Grandes Ambientes - Não é porque o público está longe que você não vai se apresentar com um figurino decente, né? Não se trata disso. Mas, sem, dúvida alguma, dependendo da iluminação, do efeito cênico pretendido e da distância do público (principalmente as primeiras filas) pouco importa se seu figurino é ricamente bordado ou não.
Eu já vi figurinos belíssimos morrerem em cena porque a sua beleza estava em detalhes muito pequenos e o material usado no bordado não refletia suficientemente a luz. E foi por isso, que eu passei a utilizar o conceito de “figurino cênico” nas minhas produções artísticas, tanto em solos, quanto na apresentação em grupo das minhas alunas. Eu explico.
A roupas de Dança do Ventre voltadas primordialmente para uma finalidade cênica, deverão atender, pra mim, aos seguintes critérios mínimos:
  • Serem bem acabadas, de modo a oferecerem qualidade, conforto e segurança às bailarinas em cena;
  • Serem obrigatoriamente bordadas com materiais que reflitam muita luz, tais como os canutilhos, pedras médias a grandes, paetês e lantejoulas holográficas. Essas últimas têm efeito de strass à longa distância;
  • Possuírem um baixo custo, quando oferecerem uma limitação na sua utilização. Isto se aplica àqueles figurinos que são belíssimos quando apreciados à longa distância, mas que são pobres em detalhes quando vistos de perto.

Por várias vezes minhas turmas optaram por esse tipo de figurino, principalmente quando não havia real interesse de investir num figurino mais caro, uma vez que não ser tratavam de roupas de Dança do Ventre exclusivas. Isto é, várias colegas teriam a mesma roupa, todas da mesma cor.
Não estou dizendo aqui, que figurinos ricamente bordados não funcionam nos grandes palcos, tá? Lógico que funcionam! Depende do material que for utilizado na sua confecção. Apenas quero deixar aqui, outra opção de se fazer algo mais em conta, com qualidade e efeitos dignos de uma grande apresentação.

Qual o figurino vai ser mais adequado para o impacto que se pretende causar?
Arrisco dizer que quando falamos em causar impacto durante uma apresentação de Dança do Ventre, a primeira imagem que vem à cabeça é a da bailarina surpreendendo o público com algum movimento inesperado. Inclusive, existem muitos cursos no mercado com a proposta de ensinar os ditos "movimentos impactantes". Muito legal essa ideia. 
No entanto,  não é exatamente disso que estou falando aqui. Eu me refiro à impressão e ao sentimento que a bailarina deseja causar no seu público. Em que estado de ânimo ela encontrou a plateia e em que estado de ânimo ela deseja deixá-la, ao final da sua apresentação.
Acredito que, toda bailarina tem potencial pra conduzir o seu público como um maestro conduz os seus músicos. Basta que esteja consciente do seu propósito e use alguns artifícios para isso.
Neste artigo eu vou discutir dois recursos bem simples de serem colocados em prática:
Usar o Senso Comum - Todos nós somos dotados de várias ideias pré-concebidas e utilizá-las nas apresentações de dança me parece ser um dos caminhos mais fáceis, práticos e rápidos de alcançar os nossos objetivos. Por exemplo: O romantismo está muito associado a sons suaves, a movimentos lentos, às expressões de contemplação. É comumente um conceito que nos remete ao passado, a uma época de mais delicadeza, com predomínio do sonho sobre a realidade e quando o assunto é figurino, as roupas de Dança do Ventre também podem nos trazer esses conceitos. Um traje esvoaçante, com tecidos e bordados delicados, mostrando certo recato, por exemplo, tendem a despertar e potencializar o sentimento de romantismo na plateia.
Isso não significa dizer que você, uma artista, não possa quebrar esses paradigmas e usar outros conceitos (como escuro, pesado e frio) para despertar o mesmo sentimento de romantismo. Lógico que pode! Só vai depender da sua habilidade para unir conceitos normalmente antagônicos, à mensagem que deseja passar. Sendo assim, é provável que você tenha mais trabalho para transmitir a mensagem correta. Mas nada lhe impede de criar por diferentes caminhos. A arte nos propicia isso. Optar pelo senso comum é apenas o caminho mais fácil.
Usar a Psicologia das Cores - Está amplamente comprovado que as cores são eficientes recursos para despertar emoções. No nosso dia a dia, utilizamos as cores para decidir o que comprar, o que vestir, às vezes até o que comer. Logo, conhecer um pouco a respeito de como as cores influenciam as pessoas pode ser muito útil na hora de montar o seu espetáculo inteiro ou até mesmo uma única apresentação.
Sabendo disso, acredito que vale muito à pena entender melhor a influência das cores sobre nossas emoções, para utilizar os mesmos conceitos na hora de escolher as nossas roupas de Dança do Ventre. Por que não??? Veja alguns exemplos logo aqui abaixo:

Qual modelo, cor ou estilo fica melhor em mim?
Além dos aspectos mencionados acima, que podem interferir na escolha correta do seu figurino, é importante se pensar na adequação daqueles detalhes, ao biotipo e, quando possível, à personalidade da bailarina. Eu digo “quando possível” porque existem situações, como já mencionei neste artigo, nas quais o mais importante é o conjunto da obra e não os aspectos individuais.
No entanto, como cada bailarina do grupo precisa se sentir confortável e segura em cena, o aspecto individual não pode ser negligenciado totalmente. Do contrário, o grupo não funciona. Nesse caso, a palavra de ordem pra mim é equilíbrio. Equilíbrio entre o individual e o coletivo.
Você, com certeza, já tem uma ideia do que combina mais com o seu jeito e, portanto, o que lhe cai melhor. Mas tome cuidado para não ser crítica demais com a sua aparência, ao ponto de não lhe permitir novas experiências. Muitas vezes estamos presas em modelos de beleza que não correspondem à realidade e, por isso, nada têm a acrescentar nas nossas vidas. Por isso, seja generosa consigo mesma e escolha suas roupas de Dança do Ventre com sabedoria.
Vestido ou Duas Peças? Por mais bonito e elegante que seja o traje, tem muita gente que torce o nariz quando vê uma bailarina dançando com uma peça única. O nosso meio está tão acostumado com o “padrão duas peças” que muitas bailarinas não admitem outra possibilidade de figurino. Tanto que criam uma série de regras sem muito sentido para o uso dos glamourosos vestidos bordados. Mas o fato é que não existe muita regra quanto ao uso do vestido, em se tratando de Dança do Ventre num sentido mais restrito, isto é, a dança show.
Há muito os vestidos foram incorporados na Dança do Ventre porque, a depender da época e do local, não se admite bailarinas (principalmente as bailarinas árabes) dançando com barriga a mostra. Lembre-se que as roupas de Dança do Ventre de duas peças, que tanto conhecemos hoje, não foi uma proposta genuinamente árabe. Portanto, se ele lhe cai bem, se valoriza o seu corpo, a sua presença em cena, os seus movimentos… querida, nenhum impedimento. Se joga!!! 
Vestidos são extremamente elegantes, oferecem mais áreas para serem bordadas e podem ser tão ou mais sensuais do que as roupas de duas peças. Portanto, escolha o que mais lhe agrada e veja no vestido, uma ótima alternativa para você variar as suas roupas de Dança do Ventre e surpreender ainda mais o seu público cativo.
Figurinos Ousados - Na minha opinião, os figurinos mega decotados podem ficar lindos em cena, quando a bailarina sabe utilizá-lo de forma a valorizar sua dança e sua imagem. Por isso, não gosto de fazer o discurso nem do “contra” e nem do “a favor”. Tudo depende. Se o suas roupas de Dança do Ventre são ousadas, lhe caem bem e valorizam o que você tem de melhor, saiba usá-las com dignidade e se jogue!
Contudo, quem não se sente à vontade em expor muito o próprio corpo, não pense que sensualidade só está presente em trajes mínimos, decotados e transparentes. Sensualidade, acima de tudo, é uma questão de atitude. Não importa o quanto do seu colo ou das suas pernas estejam à mostra. Nunca se esqueça disso!
Tamanho do Top e do Cinturão - Eu, no que diz respeito ao Top, particularmente acho que quanto mais área pra ser bordada, melhor. Mais rico tende a ficar o seu figurino. Os ateliers, de modo geral, sabem que um ou dois tamanhos acima do manequim da bailarina tendem  a ser a medida  ideal para a parte superior das roupas de Dança do Ventre.
O top maior tende a valorizar e modelar os seios. Mas isso não quer dizer que o Top não possa ser decotado. São conceitos diferentes e que podem estar em perfeita harmonia com o conforto e com a segurança que o figurino pode e deve oferecer à bailarina.
Quanto ao cinturão, acho importante que ele fique na medida certa do seu quadril, cobrindo por completo o cós da saia que está por baixo. Observe se ele não está apertado demais, deformando o seu corpo ao criar dobras no seus quadris. Por outro lado, ele também não pode ficar muito solto, ao ponto de dançar mais do que você.
Saias Justas ou Rodadas? Curtas ou Longas? A arte é libertadora! Ela nos permite criação e inovação em todos os sentidos e isso se reflete também nas roupas de Dança do Ventre, abrindo um leque infinito de possibilidades. Muitas bailarinas, incluindo as de nacionalidade árabe, abusam dos figurinos curtos e mega justos. E muitas vezes, é uma questão de modernidade e ousadia.
Geralmente os figurinos mais justos, com corte reto e as saias mais curtas, dão exatamente esse aspecto mais atual. Contudo, eu prefiro não fechar muito essa questão. Acho que o mais importante é você ver o modelo que mais valoriza o seu corpo. Aquele que mais tem a ver com a sua proposta de apresentação, aliando o modelo da saia com outros elementos.
Tudo conta. Cor, tipo de bordados, detalhes e tecidos. Dessa forma, faça suas escolhas e acerte em cheio na mensagem que você quer passar enquanto dança.
Comprimento das Saias Longas - Muitas bailarinas têm verdeiro pânico de pisarem nas sua saias e, por isso, acabam deixando o comprimento das suas roupas de Dança do Ventre curto demais. Geralmente na altura dos tornozelos. Eu, particularmente gosto da saia tocando o chão quando não estou na ponta dos pés. Assim, fica elegante e confortável ao mesmo tempo.
Além do mais, é preciso entender que uma coisa é como o figurino se comporta quando você está parada. Outra coisa é quando você está em movimento e, principalmente, na meia ponta. Outro fator importante é que, dependendo do seu biotipo, sua saia deve ser mais comprida na parte de trás para não ficar curta e desalinhada no seu corpo. Já pensou nisso?
O fato é que não tem mistério não. Na hora de experimentar o seu traje, antes de comprá-lo ou de finalizá-lo, esboce alguns movimentos, desloque-se na meia ponta e, depois, decida sobre o comprimento que mais lhe deixa bem vestida e confortável ao mesmo tempo.
Saias curtas demais ou longas demais, com toda certeza, vão comprometer o seu visual e, às vezes, até mesmo a sua dança. Por isso, outra boa dica é treinar! Experimente. Habitue-se com o comprimento adequado e seja feliz!

Fonte:
http://www.blognilzaleao.com.br/roupas-de-danca-do-ventre/

sábado, 20 de agosto de 2016

Brasil: que estilo você dança?

Dream of Jeannie - influência americana
O Brasil tem um estilo próprio de interpretar a Dança do Ventre, assim como a Rússia e o Japão conquistaram o seus postos, mas o que significa isso exatamente?
Para começar precisamos entender que estilos de Dança do Ventre influenciaram a primeira geração de bailarinas, um pouco de história é sempre importante. Antes de jogar aquela "Dançamos o estilo egípcio com um jeitinho brasileiro" começaremos com um pouco de contextualização porque a questão é mais profunda.
Primeiro, houve no passado um número significativo de imigrantes vindos de nações dominadas pelo Império Otomano, eram famílias libanesas, sírias, armênias e gregas.
Como referencial as bailarinas brasileiras estudavam as americanas e nos Estados Unidos, que despontava como grande divulgador da Dança do Ventre na América, o estilo estudado (denominado atualmente por American Cabaret ou Cabaret Clássico)  era também uma mistura de Danca do Ventre Turca, Grega, Síria, Libanesa - um mix dos Balcãs, pois, da mesma forma que no Brasil,  imigrantes destes países por lá se estabeleceram.
Sharazad - pioneira no Brasil
As primeiras bailarinas que surgiram, Shahrazad, Samira, Rita, Selma Mileidy e Zeina eram de origem libanesa, armênia e suas danças traziam características de seus países de origem, assim como os restaurantes eram sírio-libaneses e em consequência as músicas também. 
A própria Shahrazad, mestra de tantas bailarinas conhecidas atualmente (Lulu Sabongi, Suheil, Hayat) começou de forma autodidata. Sharazad estudou e desenvolveu um processo didático que foi o mais estudado no Brasil durante os anos 80 e 90. Nesta mesma época sabia-se muito pouco a respeito do Oriente e o acesso às informações era mais complicado do que é hoje em dia; as aulas baseavam-se na plena confiança à mestra.
Mesmo que as músicas egípcias tocassem como trilha sonora dançava-se com shimmies libaneses, floor work turco, snujs à grega e assim por diante, como é possível assistir no DVD American Belly Dance Legends.
Não se deve classificar essa fusão de forma depreciativa, pois havia uma autêntica busca pela técnica de uma Dança do Ventre Genuína, não é por menos que esse momento estruturou um estilo: o American Belly Dance e que atualmente é respeitado mundialmente e influenciou toda a América Latina, principalmente o Brasil durante os anos 70 e 80.
Nájua - autodidata
Eu mesma, posso dizer que tive toda a minha primeira formação no American Belly Dance, pois desde as primeiras aulas e a bailarina a qual me inspirei por muitos anos foi Suhaila Salimpour. No Brasil, a bailarina Nájua, agora radicada do México, era uma das professoras mais conhecidas juntamente com Lulu Sabongi e Fátima Fontes.
A mudança deu início quando Omar Naboulsi, Lulu Sabongi iniciaram uma série de workshops (que acontece até hoje também em outras escolas e eventos, como a Luxor, o Mercado Persa) em que bailarinas nativas vieram ao Brasil e as brasileiras se voltaram para o Oriente.
Aos poucos foi-se percebendo diferenças de estilo, de acordo com a nacionalidade, posteriormente, Mahmoud Reda e Haqia Hassan bateram definitivamente o martelo da Dança do Ventre Egípcia no Brasil.
Mesmo assim ainda tem muita confusão ao redor do que realmente se dança por aqui. 
Samia Gamal - Cabaret Egípcio
Se por um lado, a motivação em aprender conduz as brasileiras a estudarem todos os estilos e influências e misturas possíveis tornando-as ousadas, criativas e originais, por outro cai-se no abismo de não saber ou ter idéia do que se está dançando e ser indiferente a essa questão, o que é pior!
Ou mesmo, a própria auto estima da cultura em relação aos requebrados fazem muitas vezes dos sutis shimmies, pops e locks um verdadeiro rebolation. Por isso, não caia naquela, de que por ser brasileira dá para assistir uns videozinhos e sair dançando.
Mesmo porque, observando americanas, européias e mesmo as bailarinas árabes, a brasileira projeta mais o quadril, os movimentos são mais amplos e se não forem bem estudados, é mais fácil de identificar os erros. 
Há claro um gingado que favorece quando o assunto é a mistura inter-cultural de shimmies, mas, abertura para as fusões é tão grande que  muitas vezes atrapalha. Leve em consideração que a frase: Menos é muito! É melhor fazer pouco e direito do que executar uma enciclopédia de shimmies mal feitos!
A alguns anos atrás eu me apresentei no Restaurante Cartago, em Cascais Portugal, juntamente com bailarinas de outras nacionalidades e a preferência pelos meus solos se dava pelo fato de serem danças ao estilo cabaret egípcio, enquanto que as demais executavam estilos pop turco e pop libanês. 
Fui graciosamente elogiada pelo mestre de cerimônias, como: "nossa Samia Gamal brasileira", isso ressoou como uma lição que repasso a todas: o estudo dedicado honrará o seu nome! 
Em outro momento, estive em férias em Sharm El Sheik e a bailarina que estava se apresentando no hotel era brasileira. Extremamente delicada e fluente, ela dançou ao estilo libanês. Foi perfeita! Senti-me orgulhosa da produção nacional, em contraposição assisti uma em Londres que é melhor não dizer mais nada.
Jilina
Eu particularmente, não sou purista, embora valorize o estudo aprofundado e o respeito ao contexto de cada cultura, acredito que a criação artística deve estar livre e as grandes lendas da Dança do Ventre sempre estiveram abertas para isso. Não deve haver um sistema militar classificando o que é certo ou errado. Mas, é mais do que importante, necessário, obrigatório saber o que se dança, por exemplo, se for interpretar um Inta Omri de Oum Kulthun é mais respeitoso e adequado seguir o estilo egípcio clássico ou cabaret egípcio. 
Obviamente que o seu estilo próprio estará embutido na sua forma de interpretar o cabaret egípcio, afinal se sua formação veio de qualquer uma das bailarinas brasileiras, elas todas começaram com Shahrazad, Samira e tiveram suas bases no American Belly Dance Style
O Brasil tem um tempero miscigenado, onde reinam as raízes sírio-libanesas, um pouquinho do samba, um gosto pela música pop egípcia e uma paixão pela Haqia Hassan. 
Com o boom das Bellydance Superstars e as diversas vindas de Jillina ao Brasil, o American Belly Dance Style ressurgiu salpicado com o estilo egípcio moderno. 
Não é por menos que haja tantas dúvidas...

Fonte:
http://isiszaharabellydance.blogspot.com.br/2011/01/afinal-que-estilo-de-danca-do-ventre-se.html

sábado, 13 de agosto de 2016

Para dançar ainda melhor

Para a gente conseguir aproveitar todas as realizações dançantes que nos esperam, nada melhor do que estar bem preparada! Então...seguem algumas dicas para quem quer dançar ainda melhor:

- Mantenha uma turma regular. Cursos pontuais são ótimos para aprofundar um assunto, mas são as turmas regulares as grandes responsáveis por manterem nosso corpo e nossa mente ativos. E também por melhorarem a mecânica dos nossos movimentos, entre outros aspectos importantes;
- Improvise. Sim! O treino de improviso abrange muitos benefícios. Onde puder (e não precisa ter ninguém olhando), coloque uma música de sua preferência e dance! Dance muito! Esse treino é um dos mais completos que existe. Enquanto dançamos desenvolvemos:  nossa musicalidade, a ligação dos movimentos, nossas preferências, nossa emoção, inúmeras percepções, criatividade, fluidez, agilidade etc... Se tiver tempo, pegue músicas maiores. Se não tiver, pegue músicas curtas. E não se preocupe em sair tudo perfeito. Apenas dance. Pode ser uma única música, se não tiver muito tempo. Já vai valer muito a pena!;
Dance uma música por dia, durante dez dias seguidos. Respeitando o tempo da música de acordo com o seu tempo disponível e depois registre aqui sua experiência ;) ;
- Dedique-se aos exercícios de repetição. Podem parecer chatos, mas são eles os responsáveis por condicionar o corpo a fazer movimentos limpos e adquirir controle sobre eles;
- Seja mais coerente na hora de avaliar suas performances. A auto avaliação é muito importante para nosso desenvolvimento. Mas para isso, temos que encontrar um meio termo entre sermos exigentes em excesso e boazinhas demais. A auto avaliação deve ser verdadeira com os erros e também generosa com os acertos;
- Procure desenvolver sua criatividade. Treinos, improvisos, dinâmicas, vídeos, eventos, outros tipos de expressões artísticas...
- Procure desenvolver sua sensibilidade. Exercícios de meditação, de teatro, imaginar que história a música conta... normalmente ajudam muito;
- Aceite desafios. E seja generosa se não der tudo certo. A tentativa já merece uma recompensa. Mas prepare-se bem para as chances de darem certo aumentarem.
- Dedique-se: "talento é 1% inspiração e 99% transpiração". Thomas Edison;
- Escute mais música. Se for árabe melhor. Mas toda música é bem vinda;
- Mantenha o seu corpo equilibrado: saudável, ágil e tonificado;
- Mantenha uma rotina de estudos, mas permita-se quebrar essa rotina de vez em quando em busca de novidades. A rotina e a disciplina nos fazem crescer, mas as novidades alimentam nossa alma e criatividade!
-  Planeje-se bem. Mas não deixe de aproveitar as surpresas que a vida colocar nos seu caminho;
-  E, para terminar, busque sempre um equilíbrio entre o que te faz bem e o que te faz feliz. Remédio não é bom, mas é preciso. Circo não enche barriga, mas alimenta a alma…

Bons estudos!

Fonte:
http://www.centraldancadoventre.com.br/publicacoes/artigos/26/para-dancar-ainda-melhor-em-2015/17245

sábado, 6 de agosto de 2016

Quando você ouve música árabe?

Se você dança há um tempo já sabe que dança do ventre e música árabe estão sempre juntas. Uma deve seguir a outra. Uma aduba e inspira a outra. O corpo da bailarina deve traduzir os sons da música em movimento.
Pra isso acontecer, a gente tem que ter o ouvido bem apurado. Temos que ter cada vez mais intimidade com a música árabe, perceber suas nuances, suas alterações, ritmos, velocidades, instrumentos.
Uma das formas de se ter conhecimento da música é escutar várias e com frequência. Por isso a gente te pergunta: quando você ouve música de Dança do Ventre? Só nas aulas que você ministra ou faz? Mas isso é muito pouco...
Sim, sabemos que a vida está cada vez mais corrida e você ouve bem menos do que gostaria. Por isso aqui tem dicas de quando você pode ouvir as deliciosas canções árabes, pra treinar cada vez mais seu ouvido. Desta forma você concilia sua vida corrida com sua paixão pela dança e sua vontade de dançar cada vez melhor.

Vamos às dicas:
Indo para o trabalho de carro: Se você vai de carro para o trabalho aqui está uma ótima opção: escute no aparelho de seu carro. Seja em CD, MP3, ou tablet. (só não coloque muito alto som pra não te atrapalhar a dirigir!).
Indo para o trabalho de transporte público: Não é porque você não vai de carro que não pode curtir suas músicas favoritas. Grave elas num MP3 e aproveite o caminho pra se inspirar, pra lembrar dos movimentos que aprendeu na aula passada ou nos passos que pretende usar na próxima coreografia.
Quem trabalha em casa: Se você não precisa se deslocar pra chegar ao trabalho, não se preocupe. Talvez você tenha ainda mais oportunidades de ouvir as músicas. Enquanto faz as tarefas domésticas ou enquanto faz outros trabalhos, coloque no aparelho de som ou no MP3.
Quem trabalha no computador: Se seu trabalho no computador permitir, aproveite para escutar o que adora. Coloque suas músicas de dança do ventre preferidas e lembre dos fones de ouvido pra não atrapalhar quem trabalha ao lado!
Quem lava a louça (acho que todas!): Se você já passou dos 11 anos de idade é provável que tenha que lavar louça, e todo dia, ou toda semana. E já que temos que lavar louça, que tal fazer isso ouvindo músicas que a gente adora e se inspira? Uma forma da tarefa ficar menos chata e nos deixar mais animadas.

Aproveite os momentos pra se aproximar mais da música árabe.

Fonte:
http://www.centraldancadoventre.com.br/publicacoes/artigos/26/quando-voce-ouve-musica-arabe/17289