Filme muito interessante que mostra a migração do povo cigano e sua influência em vários estilos de dança, entre ela a dança oriental árabe.
Latcho Drom (viagem segura) é um documentário francês de 1993, dirigido e escrito por Tony Gatlif. O filme é sobre a jornada dos povos Romani, do noroeste da Índia até a Espanha, consistindo principalmente de música. O filme, exibido na seção "Un Certain Regard" no Festival de Cannes de 1993, descreve as migrações, canções e danças dos grupos Romani da Índia, Egito, Turquia, Romênia, Hungria, Eslováquia, França e Espanha. Algumas passagens são encenadas, porém não há diálogo nem narração.
O filme ilustra a variedade de condições em que vive o povo cigano, nômades nos desertos quentes da Ásia, ferreiros pobres e moradores de árvores nas planícies congeladas da Europa Oriental, artesãos e comerciantes na região costeira e colinas da África do Norte e Europa Ocidental. Ele também ilustra as semelhanças nos hábitos de viagem, nas melodias e temas musicais.
A jornada se passa ao longo de um ano, iniciando pelo verão, passando pelo outono e inverno e terminando na primavera. Gatlif mantém sua câmera no essencial e elementar da vida: água, a roda, fogo, animais de carga e de sustento, roupas coloridas, joias, instrumentos musicais, música e dança. Por toda parte, através de música e dança, jovens e velhos celebram, encarnam e ensinam os valores culturais da família, da viagem, do amor, da separação e da perseguição.
O filme inclui músicas do grupo romani, Taraf de Haïdouks, Tchavolo e Dorado Schmitt, entre outros, originários da Romênia.
Tony Gatlif (nascido como Michel Dahmani em 10 de setembro de 1948 em Argel, Argélia) é um diretor de cinema francês de etnia romani que também trabalha como roteirista, compositor, ator e produtor.
Bindi é o enfeite que as mulheres indianas usam na testa, e se sua curiosidade aumentou mais ainda quando viu bailarinas dançando com ele... vamos desmistificar isso agora.
A relação entre o bindi e a pineal
A glândula pineal ou epífise tem forma ovóide, semelhante a uma pinha (daí deriva-se o seu nome), do tamanho de um caroço de azeitona e situa-se próxima ao centro do cérebro, posteriormente aos dois tálamos. Sua função está ligada ao ciclo do sono/vigília, ciclos circadianos, secreção de melatonina, relacionando-se com o fotoperíodo e, consequentemente, importante para reprodução animal.
Seus primeiros estudos datam de 300 anos a.C. No âmbito filosófico, podemos mencionar o trabalho do francês René Descartes (1596-1650), o qual atribuía a essa glândula o ponto entre a união do corpo e da alma. Segundo Descartes, a matéria e a consciência/pensamentos são independentes, isto é, a “nossa consciência individual é separada do corpo e continua a existir mesmo sem o corpo”. Então, o nosso corpo e alma se comunicam de forma estreita, através da pineal, ou seja, é um local único onde toda a informação se converge, sendo considerada a “sede da alma”.
Atribuía-se a este órgão endócrino funções transcendentais, sendo conhecido também como “terceiro olho”, devido a semelhança desta estrutura com o órgão da visão. Embriologicamente, ela deriva de células neuroectodérmicas do diencéfalo, desenvolvendo a partir de evaginações medianas que deixam o encéfalo anterior, originando a glândula pineal e a neuro-hipófise, possuindo um vestígio óptico. Todavia, sua função, em mamíferos, não possui ligação direta com a visão. Li e achei interessante esta expressão: “olhos da mente”, pois esta glândula não deixa de ser um tipo de “receptor” da variação luminosa do meio externo. Em muitas espécies de peixes e répteis, contém células fotorreceptoras, por isso, sua constituição é semelhante a dos olhos laterais (córnea, lente e retina), sendo considerados neurologicamente funcionais nestes animais.
Terceiro olho em réptil
Em outras religiões, filosofias ou mitologias, a pineal tem vários significados. Na mitologia egípcia, esta glândula é análoga ao olho do deus Horus (udyat), considerado o deus do sol nascente, que simboliza poder e proteção. Existe uma lenda que conta que o deus Seth arrancou o olho esquerdo de Hórus, que acabou sendo substituído por um amuleto. O olho direito representa o sol e a masculinidade; já o esquerdo, representa a lua, simbolizando o feminino, “com pensamentos e sentimentos, intuição, e a capacidade de enxergar um lado espiritual”.
Os praticantes de yoga e hiduísmo consideram este como o “ajna chakra”, que leva ao autoconhecimento. Na Índia é considerado o “olho de Shiva”, o “olho que tudo vê”. Este ponto é responsável pelo desenvolvimento da espiritualidade. Há dois chakras ou centros de energia, um é o frontal localizado um pouco acima das sobrancelhas, ligado à capacidade intuitiva, percepção sutil, “sexto sentido”, clarividência; o outro é o chakra coronário, localizado no topo da cabeça; ambos são identificados com a pineal.
Vaishnavites (seguidores de Vishnu) usam uma marca em forma de “V” neste ponto, chamada de urdhva-pundra
Sobre o bindi
O ponto sobre a testa é considerado um ponto principal neural em um corpo humano desde os tempos antigos. O destaque deste ponto é comumente usado em vários países do sul da Ásia (Índia, Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e República de Maurício). Em tradições exotéricas também representa o chakra ajna (sexto sentido, terceiro olho ou olho da sabedoria). A área entre as sobrancelhas é um centro de sabedoria e bindi é uma maneira como enfatizar a área do terceiro olho - é um ponto onde você concentrar sua atenção durante a meditação.
No hinduísmo, usa-se o bindi, sinal usado entre os olhos ou no centro da testa. Ele também é conhecido como bindi, na língua Hindi, derivada da palavra bindu em Sânscrito, que significa “ponto”; pottu em Tamil; conhecido também como kumkum, mangalya, tilak, sindhoor, entre outros nomes.
Bindi tradicional tem cor vermelha ou Bordeaux. É um feito com Vermilion (“vermelhão” ou Vermelho chinês: sulfeto de mercúrio vermelho brilhante finamente pulverizado) ou uma pasta de sândalo colorido ou cúrcuma colocado cuidadosamente sobre a testa com os dedos até formar um ponto vermelho regular. “Considerado o símbolo sagrado de Uma ou Parvati, o bindi simboliza a força feminina (shakti) e acredita-se que proteja as mulheres e seus maridos.”
Existem muitos tipos de marcas na testa, conhecidos como tilaka em Sânscrito, e cada uma delas representam uma ramificação do hinduísmo. Alguns exemplos: hindus vaishnavas usam um tilaka em forma de “V” feito de argila branca; tilakas elaborados são usados por hindus em eventos religiosos. A maioria usa um simples bindi, demonstrando que são hindus.
Os seguidores de Shiva usam o shaivite tripundra tilak, formado por três linhas horizontais
"Os homens não usam o bindi, usam apenas o tilak em cerimônias ou ocasiões próprias. Isso porque as mulheres, por sua natureza mais sensível, conseguem com maior facilidade despertar a kundaline (energia em estado potencial localizada na base da espinha dorsal). Essa energia sobe pelos chakras e une o consciente ao subconsciente fundindo em uma só entidade universal todos os elementos de dualidade. Esse despertar do sexto sentido ou abertura do terceiro olho muito comum nas mulheres que não têm essa energia abafada ou reprimida é conhecido na Índia e no ocidente como a famosa “intuição feminina”, uma qualidade de extrema importância para os indianos."
Com o tempo, o bindi tornou-se essencialmente uma questão de decoração e hoje em dia este adorno é usado por mulheres e meninas, não importando a idade, estado civil, crença ou origem étnica. Muitas, inclusive, sequer tem conhecimento do porque da tradição e usam livremente como adorno, ou nem mesmo o usam, provavelmente dada à uma certa ocidentalização da cultura local. Além disso, o bindi não é mais limitado pela cor nem forma e bindi ornamental auto-adesivos são comumente disponíveis.
No ocidente, o uso do bindi é feito muitas vezes como forma de auto expressão, conotando uma tendência da pessoa à filosofias orientalistas, hippies ou boêmias. Este uso divide opiniões e costuma ser tratado como apropriação cultural, não sendo bem visto por algumas pessoas.
Bindi e o Estilo Tribal
Bindi provavelmente entrou neste estilo de dança quando as raízes de um estilo tribal estavam se formando (Jamilla Salimpour); quando a ideia era adotar elementos étnicos nos trajes, adornos e jóias, principalmente da Ásia.
Neste momento, no entanto, o caráter de bindi usado para a dança mudou. Sem mais pontos coloridos em pó foram aplicados entre as sobrancelhas, o bindi tornou-se um pedaço sólido de joalheria colada a uma testa por um adesivo.
Hoje em dia, bindis são usados por quase todos os dançarinos em uma enorme variedade de estilos.
Bindis auto-adesivos são pouco utilizados no estilo tribal, ao invés disso, bindis metal de tamanhos variados com cristais podem ser usados para apresentações estilo.
O mais comum é o uso de bindis maiores, de cores variadas e com aplicações de materiais diferentes como resina, cristais, diferentes tipos de metais, madre-pérola e cerâmica fria.
Como variantes para outros sub-gêneros de fusão tribal, também compõem de penas e outros materiais como bindi.
O bindi é um acessório muito apreciado, mas não é um pré-requisito para um figurino Tribal. É uma questão de gosto de cada dançarino.
Uso o termo “Tarab” para fazer referência ao estilo musical clássico que surgiu na década de 1920, caracterizado por uma estrutura sofisticada, voltada para apresentações nos palcos e nos cinemas.
Tarab, em árabe significa “sensações e sentimentos” e sugere estado de êxtase e de entrega. Estado este, atingido pelo povo árabe ao contemplar a música grandiosa da época. É uma música longa o bastante para que seus ouvintes entrem em contato com suas emoções, de modo a experimentar sensações de alegria, tristeza, prazer, dentre vários outros sentimentos possíveis.
Esse gênero musical nasceu a partir da musicalização de um poema que inicialmente foi composto para ser ouvido. Dançá-lo, foi um passo posterior.
Como o Tarab é um gênero extremamente tradicional, com grande significado para os árabes, ele demanda uma interpretação muito especial por parte da bailarina. Ela deve interpretar a letra da música, exibir uma dança pura, madura e intensa. Uma dança tipicamente árabe. Por isso, é muito importante que a bailarina conheça a tradução da música para interpretá-la de forma correta e o mais emocionada possível.
Portanto, ao dançar esse tipo de música, a bailarina deve se preocupar em fazer uma dança tradicional. Não cabem aqui, os inúmeros movimentos acrobáticos, tais como “quedas turcas”, “espacates” ou “grand batmans“. Mesmo porque não existem esses e tantos outros movimentos impactantes, originalmente na Dança do Ventre.
Se a intenção é ser fiel ao estilo, o mais importante na interpretação de um Tarab é o envolvimento da bailarina com a música e com o que ela expressa. Devendo lançar mão de passos típicos das danças árabes, tais como os movimentos arredondados, os batidos e os shimmies.
Tipos do véu na dança clássica
As bailarinas egípcias que começaram a dançar Tarab usaram o véu de forma muito peculiar, moderada e restrita. Entretanto, o véu usado na época não é o mesmo que estamos acostumados a fazer na Dança do Ventre hoje, cuja inspiração é totalmente ocidental. E como no Tarab, o elemento fundamental não é o véu, tome muito cuidado.
Estude e procure entender a magnitude de um Tarab. Você verá que o nosso belo véu de seda não é a melhor opção para este tipo de música. Por isso, certos trabalhos de véu no Tarab, eu considero como sendo um dos erros mais comuns na Dança do Ventre que poder fazer você se parecer com uma bailarina iniciante.
A presença do véu sempre esteve na dança oriental, desde época do ghawazee e a era dourada, usado no clássico, shaabi até no tarab. Mas qual véu e quando usar ele especialmente no clássico ou no tarab? É um tipo de véu que faz parte do traje, é um conjunto leve do mesmo tecido e mesmo cor, e normalmente amarrado no ombro ou na cintura da bailarina pode até ser solto na apresentação.
Usado apenas em momento solo, tipo momento do taksim ou em giros, começou o canto solta as mãos do véu e expresse a música; nunca é usado na música inteira mesmo que seja toda instrumental.
O que vemos hoje em músicas do tarab?
O que vemos hoje em dia, especialmente no ocidente, e aqui, claro, além da invenção é falta de entendimento da música, sua mensagem.
As bailarinas esquecem que interpretar um tarab ou até clássico do Abdel Haleem ou até Oum Kalthoum mesmo que seja uma versão instrumental, que a música tem poema, tem letra e exige uma interpretação, uma leitura, já vi muitas apresentações com músicas de Oum Kalthoum usando o véu, mais malabarismo com véu do que expressar a música, véus de borboletas, arco íris etc, e isso é um erro sim, não se usa este tipo de véu neste estilo musical.
Nem tudo que achamos bonito tem nexo, e nada é bonito quando retira o verdadeiro sentido, eu já vi interpretações em músicas de Oum Kalthoum usando o Punhal, daqui pouco vamos ver alguns usando o bastão no tarab e vamos tem que achar bonito? Direito de expressar a arte? Não...
Então conheçam estas diferenças, mantenham o valor da música, do poema, Se Suheir Zaki foi observada pela Oum Kaltoum em seus ensaios antes de interpretar uma canção dela, imagina quem não é Suheir Zaki.
É muito importante saber que cada música tem sua letra, sua musicalidade, sua história e sua mensagem. É importante saber que você não esta interpretando Oum Kalthoum, mas uma “música” de Oum Kalthoum.
Vamos dar exemplo, tem musica “ Alf Leila Wa Leila” ou mil e uma noite (um dos grandes clássicos do Oum Kalthoum), fala sobre uma noite do amor que valeu por mil noite, uma expressão de alegria, satisfação do momento, a música tem leitura instrumental impacta, forte que refere o pensamento e imaginação entre um capítulo e outro, exige marcação forte, personalidades. Agora vamos olhar uma música como “Lessa Faker” que é um Tarab, tem uma pergunta, um lamento, uma decepção por uma história e tempo que já passou, é interpretação totalmente é outra.
Muitas se perdem, por conta de ensinamento errado, às vezes, também por conta da música instrumental que está sendo usada mais ainda quando falamos em restaurantes e festinhas. Interpretar uma “música” do Oum Kaltoum é interpretar o estilo musical, a letra, a mensagem.
É tão bonito quando a gente vê que a bailarina entende do que ela representa. É gratificante quando seu esforço, investimento seja construído em base do saber. Bom saber que existe quem entende e canta a música mesmo que seja instrumental e o conselho é estudar o que vai interpretar, não apenas coreografar.
Não são apenas os detalhes que fazem um trabalho seja bonito, mas toda a construção. Espero que esta observação alcance a maior parte, para que todos tenham consciência e conheçam as diferenças.
O Melea Laff (também encontrado como Meleya Laff, Mileya Laff, Melaya Laff ou Melea Laf) é um estilo de dança oriundo do Egito, mais especificamente a dança caricatural das mulheres de Alexandria visando atrair os marinheiros no porto (É difícil acreditar que mulheres "liberais" dançavam provocantemente no mercado, pois para chegar a tamanha ousadia por lá só sendo realmente prostitutas! Ainda assim encontramos na internet muita gente reforçando que a dança nada tem de prostituição, o que no final podemos até "quebrar um galho" quando pensamos no Egito com a dominação britânica, extremamente europeizado de antigamente...), surgido na década de 20 do séc. XX.
Saiba também que Escandarani ou Escandrani, quer dizer Alexandria, e também se usa esse nome para se referir a Meleah Laff.
É um estilo de dança nascido no Egito, que interpreta o estilo das mulheres Bint El Baladi que viviam nessa região e queriam chamar a atenção dos marinheiros no porto ou dos rapazes na cidade.
Mas o Meleah não é uma dança executada nas ruas, e sim uma adaptação da realidade, para os palcos, feitas pelo grande coreógrafo egípcio Mahmoud Redá.
Portanto muitas coisas foram “inventadas” ou “aumentadas” da realidade, para ficar mais bonito nos palcos.
Há dois tipos distintos dessa dança:
* do Cairo - As palavras chave são rio e deserto.
Cairo, uma cidade moderna e agitada, das mulheres mais liberais, que freqüentam o mercado de Khan El Khalili. O Meleah do Cairo é mais engraçado, despojado, uma vez que a mulher é mais debochada, exagerada nos seus gestos. Interpreta-se uma mulher simples e brejeira.
Nos filmes árabes antigos essa mulher sempre aparece solteira e em busca de um marido, rodeada de amigas, gosta de sair, ir às compras e flertar com os rapazes. Usa muitas jóias, brincos, pulseiras e anéis.
Nesse caso as músicas que podem ser usadas para esse tipo de coreografia incluem pop árabe de Hakim, Amro Diab e outros.
Os ritmos mais usados são acelerados, fallahi ou malfouf. Muitas vezes aparece um said no meio, é bom ficar atenta.
Alguns documentos afirmam que essa dança é característica precisamente da região de Ghouria, próxima ao Cairo.
* da Alexandria - As palavras chave são vento e mar.
Na década de 40, Alexandria era a capital do veraneio, invadida por turistas ávidos por suas praias e balneários. Nessa época o meleah estava na moda e fazia parte do vestuário das mulheres, mas o clima quente obrigava-as a usarem um vestido leve por baixo daquele pano grosso.
Ao montar sua coreografia de Meleah Laff, é extremamente importante observar a personalidade dessas mulheres.
As moças de Alexandria eram conhecidas e admiradas por sua beleza, charme e força. Eram independentes e costumavam andar sozinhas. Dessa forma, o Meleah da Alexandria é mais discreto, e o lenço é trabalhado com esmero.
As músicas para esse número normalmente apresentam uma parte especial para a apresentação masculina.
Normalmente essa dança interpreta a ligação das pessoas com o mar. A mulher da Alexandria é retratada como aquela que vive à espera do marinheiro dos seus sonhos, que está sempre no mar trabalhando. Por isso é retratada na maioria das vezes sozinha.
As músicas do Meleah da Alexandria falam de amor, do mar, da pesca, do cotidiano.
Algumas palavras chaves que você pode tentar detectar nessas músicas:
- Escandarani (Alexandria)
- Galabia (vestido)
- Buró ( chador)
- Meleah
Música
Umas das formas de distinguir uma música certa para este estilo, por exemplo, é identificar o nome desta cidade na sua letra (Iscandaria = اسكندريه), visto que os ritmos que podem o compor são bem comuns nas músicas árabes, como o baladi (sempre presente), e também o malfuf que o marca bastante, também usado em outros estilos, como o Hagalla e o Dabke.
Indumentária
A bailarina ostenta em seu figurino este lenço, com o qual realiza os movimentos que caracterizam a dança: ela o gira, o prende junto ao corpo realçando suas curvas, o transpassa entre as pernas, tudo é um jogo da sedução.
O figurino é bastante característico, e é composto por:
- vestido curto (na altura dos joelhos), de babados, podem ser preto ou coloridos de cor lisa ou estampados (floridos), mas sem brilho.
Conforme materiais de estudo encontrados, se for da Alexandria, você usa o tal vestido curto de babados, agora se for do Cairo, é para usar uma galabia!
- chador/ borrka/ buro: para cobrir o rosto, que nada mais é que um lenço tricotado, com amplos buracos, que ao invés de cobrir totalmente, acrescenta mistério ao rosto, esse acessório pode ser tirado ou colocado para trás da cabeça durante a apresentação.
Nota-se que hoje em dia no Cairo, muitas bailarinas ao apresentarem o meleah já não usam mais o chador.
- tiara enfeitada com flores ou pompons, na cabeça;
- lenço na cabeça;
- o tradicional véu do meleah, que deve ser grande, pesado e sem transparência. Pode ser ornado com medalhinhas ou pastilhas nas pontas, dourado ou prata, para dar mais brilho. De corte arredondado ou quadradão mesmo e sempre na cor preta
- tamancos (opcionais), não devem ser muito altos para não atrapalhar a dança, me parece que os tamancos ficam melhor com o figurino do meleah do Cairo, o vestidinho curto de babados, na minha opinião, fica melhor descalço.
Como dançar
O nome Melea Laff significa "lenço enrolado", denominando este estilo como "dança do lenço enrolado". Esse véu ou xale era sempre preto e pesado, escondia o corpo, mas acaba sendo revelador porque as moças o amarravam bem apertado ao corpo, evidenciando suas curvas.
Ao iniciar a performance, o meleah deve estar com uma ponta presa embaixo do braço, passando por baixo dos seios, e a outra ponta cobre a cabeça ou só os ombros e é segurada pela outra mão.
Num vídeo muito antigo da Fifi Abdou, ela mesma aparece enrolada no meleah, mas só passando por cima do ombro esquerdo, e não por cima da cabeça.
De acordo com a bailarina Roxxanne, o braço esquerdo sempre tem que estar coberto pelo meleah, pois o lado esquerdo, no Egito, é reservado para “atos higiênicos” é é uma ofensa oferecê-lo a alguém.
A bailarina traz esse lenço enrolado em seu corpo, e com ele faz os movimentos característicos:
girar o lenço no ar, rodar as pontas do lenço alternadamente ou simultaneamente, amarrar no quadril, prender junto ao corpo realçando as curvas, transpassar entre as pernas, ou até mesmo jogá-lo de lado, num jogo de sedução.
Lembre-se que é uma dança folclórica bem brejeira, portanto seus pés ficam inteiramente no chão e abandonam a ½ ponta alta clássica da dança do ventre.
Os movimentos de quadril também são pesados, ainda que saltitantes e graciosos.
Não deve haver muita preocupação com técnica, e sim com a interpretação correta da sua personagem.
À bailarina, nesse contexto, também é permitido mascar chicletes, fumar arguile, fazer gracinhas, aproximando-se do público, cantar, falar alto, entrar de sapato e tirar no meio da dança de forma despojada. A bailarina fala, gesticula muito, balança os seios e a cabeça. Quando falamos de Meleah Laff, isso tudo pode, faz parte.
A dança Meleah Laff é 50% dança e 50% interpretação cênica. Para dançar Melea Laff é necessário parecer alegre, afinal você está "seduzindo" um marinheiro charmosíssimo que acabou de chegar no porto, ui ui ui! É preciso ser provocante, sorrir, ter entusiasmo na dança. Como nela se interpreta um estereótipo, temos um estilo carregado de gestos, olhares, posicionamentos que dizem mais do que a dança em si: encarna-se aquela mulher livre, que está se divertindo ao chamar a atenção, que paquera, que cativa com sua aparência impetuosa. Melea sem interpretação não é Melea de fato, à primeira vista ele parece não ter mistério, mas envolve aquele quê a mais que qualquer bailarina deveria ter. Não tem jeito, para dançar Melea Laff tem que arrasar!
Fifi adorava interpretar a Meleah em suas apresentações, porque lembrava uma época agradável da história do Egito, quando a economia estava em alta e as mulheres viviam com uma liberdade diferente dos tempos atuais.
Podem ver no vídeo que cito no final do texto, onde a Fifi Abdou aparece dançando meleah, de galabia dourada.
Aqui embaixo fica o vídeo da Suheil para se ter uma ideia da interpretação e da dança do Melea Laff (eu não seria muito objetiva se ficasse falando: são dois passinhos pra cá, chuta assim, olha assado, o negócio é ver!!!). Para quem está pensando em dançar este estilo, prepare-se!!