sábado, 21 de fevereiro de 2015

Dança do Jarro ou Raks Al Brik

Raks Al Brik ou Dança do Jarro é realizada apenas por mulheres. Também é conhecida como dança do Nilo. Uma versão para a sua origem diz que ela tem relação com as cerimônias que eram feitas às margens do rio, pedindo que ele inundasse para fertilizar as terras. Em outra versão, essa dança representava a vida dos povos do deserto, da jovem que ia buscar água com o corpo todo coberto, 
A vida em regiões desérticas e a forte repressão sexual, estimularam a mente de cantadores e músicos. Alguns compunham versos e rimas de amor para cantar a beleza das moças que iam buscar água na fonte. Seus rostos ficavam quase sempre cobertos, assim como todo o corpo; porém, ao se aproximar da água era preciso arregaçar as mangas ou subir um pouco a saia para não molhar os trajes. Era o delírio dos rapazes que poderiam apreciar tudo o que ficava escondido.
Essa tradição é tão antiga que se perde no próprio tempo. As mulheres, para carregarem os pesados jarros cheios de água, colocavam tecidos sobre a cabeça e andavam equilibrando os potes. Muitos desses jarros eram feitos de barro, se caíssem poderiam se quebrar; isso daria muita confusão para uma escrava. Dessa habilidade de equilibrar um jarro sobre a cabeça, nasceu um tipo de dança comum no Norte da África. Muitos senhores de escravas ofereciam para seus hóspedes, exóticas apresentações na hora de servir o vinho. As coreografias eram marcadas por giros e movimentos rápidos dos pés, sem que uma gota sequer do conteúdo dos jarros caísse no chão.
Ao final da apresentação, o líquido era despejado em taças de metal para ser bebido pelos convidados.
Com toda certeza retrata a importância da água para os povos árabes, que a consideram de extremo valor por causa de sua escassez no deserto; representa as cerimônias à beira do rio Nilo ou as caminhadas das mulheres para irem até o rio ou aos oásis em busca de água e no caminho, descansam, refrescam-se, brincam com a água para depois voltar às suas tendas. 
Falando de jarro, nenhuma mulher, fica à beira do rio Nilo dançando e cantando ao buscar a água, não da maneira que costumamos ver por aí nos palcos, ao contrário de um dabke libanês típico, que ocorre normalmente em suas comemorações. A dança com o jarro é uma representação de uma parte da cultura egípcia, ligada ao rio Nilo. Não é folclore, mas a representação de uma parte da cultura mais rural. Essa história começou com um bailarino chamado Mahmoud Reda, que começou a levar para os palcos parte da cultura árabe, representando assim, muito do seu cotidiano.
Ao se representar a Dança com o Jarro, pode-se fazer uma ligação ao elemento água com a bailarina representando e interpretando a rotina das camponesas, que caminhavam de sua casa até o rio, onde descansavam, refrescavam-se, pegavam um pouco de água em seus jarros e retornavam.
Dizem que em ocasiões especiais, como o nascimento de bebês, a dança do jarro também é executada, pois numa visão mística, a água representa o resgate da sensibilidade e dos sentimentos. Para os egípcios, o jarro representa o coração e a ideia principal da dança é permitir que os sentimentos mais agradáveis estejam entre as bailarinas e o público.

Indumentária
Os trajes mais recomendados são os mais reservados, como vestidos ou túnicas, pois essas mulheres cobriam o corpo todo tanto para se proteger do sol como por motivos religiosos. Para imitar o traje das beduínas, o ideal seria, inclusive, utilizar os chadores, véus que cobrem o rosto.
O figurino é sempre um vestido bem rodado até o pé com mangas compridas ou não de estampa lisa, listrada ou com motivos geométricos ou florais. Procure sempre pensar no que as egípcias camponesas costumam usar no cotidiano.
Além do traje, é importante equilíbrio, habilidade e bastante expressão corporal e facial para que a dança incorpore todo o valor simbólico do jarro. Assim, o público pode perceber toda a importância da água e os sentimentos que afloram com essa dança.

O jarro
Os jarros podem ser de cerâmica, apesar de serem mais pesados, e com alça para melhor segurá-lo, mas é possível utilizar de plástico e sem alça. Algumas vezes, jarros transparentes são usados para mostrar que estão cheios de água, e prevalece a exploração da habilidade, do equilíbrio, da destreza em colocar o jarro na cabeça efetuando uma volta de 360° para dispô-lo na cabeça sem derrubar uma gota d'água.
** Podemos fazer esta dança tanto folclórica/celebração/alegria ou  como ritualística/sagrada.**
 
Ritmo
Dentro dessa dança, utiliza-se um vestido bem largo e, geralmente, colorido e o ritmo costuma ser o fallahi, que é um maksoum modificado, mais acelerado (ritmo árabe dos camponeses egípcios - dum kaka dum ka - pode ter variações) e binário e os gestos representando banho, brincadeiras e sede, aliados ao charme, aos passos simples, saltitantes e alegres e à felicidade de estar desfrutando de um rio fértil.
Se possível, ao escolher sua música pro jarro, procure saber a letra, caso seja cantada. Use aquelas em que exaltam seu país ou falam de seu cotidiano, pois são contagiantes e representam a alegria de um povo. É preciso habilidade, equilíbrio e boa expressão facial, pois é uma dança teatral.

A dança
Os movimentos costumam englobar passeio no bosque segurando o jarro na cabeça com uma mão, ou fazendo movimento como se fosse pegar água do chão. Além disso, você pode brincar com ele, colocando ora nos ombros, ora fingindo que está bebendo água ou como uma oferenda aos deuses. Tudo de maneira graciosa e alegre já que estamos celebrando algo tão bom.
Importante lembrar que a Dança com Jarro nada mais é que uma dança fallahim, portanto, os passos básicos são do fallahim. O Jarro é apenas um elemento cênico, como poderia ser as flores, o cesto, etc.

OBS: Fallahi significa que vem do campo, do interior do Egito, palavra vinda de um fallahim.
Os fallahim são os camponeses, os fazendeiros. Há uma variedade de danças e o ritmo fallahi é comumente usado nelas. Dança-se com cestos de coleta de algodões, peneiras, cheios de flores e jarros ou bacias cheias de água. Pode ser dançado livremente ou com casais também.
A identidade interiorana, a simplicidade dos campos, dos agricultores e pecuaristas caracterizam as danças fallahi.
Os ritmos tradicionais como saidi, fallahi, baladi, ayubi, soudi, wahda e suas variações, são comumente utilizados e suas roupas são as galabeyas e trajes típicos de cada região.

Fonte:
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://maritaitdancadoventre.blogspot.com.br/2011/05/danca-com-jarro-raks-al-brik-ou-raks-al.html
http://www.bagdadancadoventre.com/Folclorica.html
http://aluzzasalihah.blogspot.com.br/2010/09/racks-al-brik.html
https://cadernosdedanca.wordpress.com/2010/06/30/danca-do-jarro/
http://hannaaisha.blogspot.com.br/2009/02/danca-do-jarro.html
http://shamskeifir.blogspot.com.br/2014/10/danca-fallahi.html

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Guedra

O povo
Os Tuaregs (abandonados por Deus - este termo não é muito bem aceito, por ter este significado um pouco pesado para aqueles que em sua maioria são muçulmanos) são apenas uma das tribos berberes.
Abandonados por Deus, foi inspirado na sua vida solitária, distante de todos, em meio ao deserto. Uma forma de vida que contribuiu para reforçar suas particularidades: língua berbere, costumes, expressão musical e artística em geral. 
As origens dos Tuaregs, se perdeu, como outras tribos berberes, ao longo da antiguidade. Estudiosos tem afirmado ter encontrado, práticas cristãs e pagãs em seus costumes, ainda que hoje em dia os Tuaregs sejam muçulmanos. Guedra utiliza canções muçulmanas como suas canções, mas isso tem obviamente outras associações. A cultura Tuareg hoje em dia tem sido irrevogavelmente prejudicada pela situação política, a qual tem divido o grupo em diversas áreas sob o controle de diferentes governantes. Outra denominação é Mozagites.
Conhecidos também como pessoas azuis, devido à coloração da pele negra retinta e por seus mantos tingidos de anil. O povo azul é um subgrupo dos Tuaregs. O povo azul pertence ao Grupo dos Tuaregs, mas nem todo tuareg faz parte do povo azul. Eles são chamados assim por serem de fato azuis. Usam um tecido que é tingido por um processo envolvendo a trituração do pó de anil nas roupas através da sua esfregação nas pedras deste material.
Como os povos do deserto não tomam tantos banhos assim, este pó azul acaba sendo esfregado em sua pele e ai se deposita. De fato eles acreditam que esta cor azul é benéfica e também tem um efeito estético. Aparentemente ajuda na hidratação da pele.
Os tuaregs não se referem a si próprios como Tuaregs, porque consideram o termo pejorativo. Eles se auto definem “ Povo do Véu” ou Kel Tagilmus, por conta do hábito que os homens Tuareg tem de usar um tecido sobre a cabeça, a partir de certa idade enquanto as mulheres permanecem descobertas.
Eles tem uma influência matriarcal bastante forte em sua cultura. Os homens chefiam e ocupam posições de conselho, mas a liderança é hereditariamente passada através da mulher. Herança vem pelo lado da mãe, e um homem que se case com alguém que é de fora de sua tribo, deve se mudar para a tribo de sua mulher.
Um homem pode ter mobilidade social, ao se casar com uma mulher que tem um status superior mas as mulheres raramente se casam com alguém que tem uma situação inferior a dela. Os homens Tuareg são reconhecidos como sendo dos mais ferozes guerreiros no deserto, e também como ótimos comerciantes. A posição das mulheres Tuareg em sua estrutura social é absolutamente única.

Casamento Tuareg e a corte
Esqueça qualquer comentário que possa ter escutado acerca das dançarinas Guedra como prostituas, a verdade é que em sua cultura, de acordo com Morroco, é considerada uma vantagem o fato de ter experiência sexual- ambos, homens e mulheres tem muitos amantes antes de se casarem.
O respeito e liberdade dados a mulher Tuareg, é por vezes mal interpretado, pelos membros de outras tribos que são muito mais restritivos com suas mulheres. Onde existe prostituição, ela é fortemente condenada pela sociedade tuareg.
Antes de se casar, as mulheres gozam de liberdade e podem aproveitar a vida como melhor lhes pareça. Elas geralmente não trabalham, mas dançam cantam, e escrevem poemas. Dentro da sociedade Tuareg, existem basicamente duas classes sociais, uma classe mais nobre, e a classe dos escravos.
Em alguns grupos esta relação se estabelece por herança ligada a status. As mulheres nobres que possuem escravas, fazem o menos possível, ou absolutamente não trabalham.
Elas fazem queijo e manteiga, ordenham cabras e colhem tâmaras. Tem que aprender a trabalhar com couro, mas são os homens que demonstram maior habilidade com agulhas, e a costura de roupas.
Diferente de suas vizinhas, as mulheres Tuareg podem escolher seus maridos, os homens podem ter mais de uma mulher, mas raramente fazem uso deste direito. Danças de corte são comuns, e uma das formas, de conhecer pessoas.
A noiva tuareg, retém o controle sobre toda a sua propriedade pessoal, incluindo a criação, se tiverem animais em cativeiro, enquanto é esperado do homem que pague as despesas da família. Depois do casamento é esperado um comportamento de respeito de ambos os lados.
A mulher pode ter amigos de ambos os sexos, de uma maneira similar a cultura ocidental. Um provérbio tuareg diz "Homens e mulheres devem ser um para o outro como os olhos e o coração, e não apenas para a cama".

A música
Nas músicas berberes, predomina a poesia cantada explorando temas como a agricultura, ciclos da natureza, vida pastoral, o amor e a guerra. Eles sofreram invasão romana e depois árabe-muçulmana.
O guedra é uma dança sagrada tuareg. Em árabe Guedra é também o nome de um pote para cozinhar, ou caldeirão, que os nômades carregam com eles por onde vão. Este pote recebia um revestimento de pele de animal, que o transformava em tambor.

A dança
O Guedra é uma dança de invocação, onde se transmite energia através de movimentos dos dedos das mãos e punho, podendo ser realizada por uma mulher, duas ou uma mulher e uma criança que adornam seus dedos com henna. Inicia-se a dança com a cabeça coberta com véu preto ou azul. Cada articulação se move com um padrão cadenciado, em movimentos sincopados de ombros e área peitoral, que seguem as batidas rítmicas do instrumento de percussão, enquanto sua cabeça balança lateralmente e seu cabelo, adornado com todos os tipos de conchas e contas, aumenta a beleza do quadro.Com a intensificação do ritmo, a bailarina cresce e torna-se ofegante, seus contornos faciais parecem tensos e contorcidos, os olhos se fecham, todo o seu ser parece, de repente, estar tomado por um feitiço. Exausta pelo esforço físico e emocional da dança, ela deixa o círculo mágico e outra toma o seu lugar.
O ritual tem início com uma mulher, coberta por um véu preto (Haik), representando a escuridão do caos. As mãos se direcionam aos pontos cardeais, mimetizando os quatro elementos (fogo, terra, ar e água) e o tempo (passado, presente e futuro).  Aos poucos ela vai acompanhando o ritmo com o corpo, mostrando a ordem cósmica necessária para a criação do Universo e suas criaturas. Os gestos das mãos simbolizam, a beleza, o amor entre os elementos, o drama, a tristeza.  O ritmo constante como a batida do coração, trás para fora as mãos que descrevem vívidas e expressivos movimentos.
A cabeça é desvelada, com olhos fechados, balançando suavemente como um pêndulo. O ritmo é sustentado por uma guedra ou pote perto da terra, como um pequeno tambor de cerâmica coberto por pele. A pulsação se mantém através do ritmo e da misteriosa linguagem das que dançam. O canto dos espectadores se modifica passando por respirações e um choro gutural. A bailarina gradualmente se despe de seus véus e finalmente desfalece, caindo sobre si mesma. O propósito da dança é servir como benção para amigos ou um casal no dia de seu enlace. A própria comunidade pode ser a razão do encontro. Outras vezes, o ritual pode ser simbolicamente a manifestação da submissão do ser na presença de Deus. E pode ser também considerada uma dança de cura.  O papel desta dança é tido como esotérico na medida em que carrega diversos significados e simbolismos.
É puramente uma dança de purificação e felicidade. Os movimentos são simples, mas como em todas as danças de transe, você precisa se soltar, e permitir o envolvimento total para que de fato a experiência tenha fundamento. A questão é que as danças de transe de fato funcionam, e induzem a um estado alterado de consciência, que pode e deve ser sentido por aqueles que a experimentam.

Indumentária
A roupa tradicional é essencial para a dança. A túnica azul é feita à maneira romana, dois tecidos presos nos ombros por fivelas, pode-se dançar com um longo kaftan. Esta dança nunca deve ser executada usando a versão mais comum de traje que temos, sutiã e cinturão acompanhados de saia e véu. Isto é absolutamente impraticável. O véu negro que cobre a cabeça e todo o corpo da bailarina no início da dança é um tecido bem largo. Ele fica preso na frente da roupa por dois alfinetes, que tem uma longa corrente guarnecida entre eles. A touca na cabeça é decorada com conchas, e tranças artificiais pendem dele.A dançarina entrelaça seu cabelo com as tranças falsas para manter este adereço de cabeça no lugar, ele é decorado e tem sua estrutura feita de um arame fino. O adereço deixa um espaço de ventilação acima da cabeça o que é bastante prático para alguém que mora no deserto, ao mesmo tempo o espaço permite que as tranças se movimentem e libera os meneios de cabeça. As mãos são decoradas com desenhos feitos de henna, e ficam enfatizadas dentro do contexto geral, enquanto a maior parte do corpo está totalmente coberta.

O ritmo
O ritmo guedra, de acordo com Morroco, poderia ser comparado ao ritmo Bulerias do Flamenco, pois tem um padrão rítmico similar;  devido à complexidade. Não é tradicionalmente tocado pelo derbak ou tabla, e nem possui os agudos taks que estamos acostumadas quando se trata de musica árabe para dança.
Possui um sentido diferente das danças de transe, Zaar e Hadraa, já que é puramente alegre e não está conectada à sacrifícios de animais.
Executado com apenas um instrumento o ritual do Guedra depende do canto e das palmas. As mulheres tocavam sinos e eram completamente cobertas por um véu negro.
A base rítmica  : Duh Dah m Duh Dah/ Dun Dah m Duh Dah.
As palmas são alternadas entre o grupo, uma parte bate 1 e a outra bate 2.  Normalmente é um ritual noturno, realizado à luz da lua e ao redor do fogo, não impede de atualmente você assistir um show especial para turistas, em plena luz do meio dia (são as condições de dessacralização que a vida contemporânea nos reserva).

Os instrumentos
Os instrumentos usados são feitos com potes de barro, cobertos com pele de animais, presas com cordas.

 


Fonte:
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://ventrequeencanta.com.br/guedra.html
http://www.portaldoegito.com.br/guedra
http://dancas-africanas.blogspot.com.br/2008/12/dana-de-tribos-berberes-que-vivem-na.html

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Dança do Bastão ou Dança da Bengala ou Raks El Assaya

Há uma dança masculina originária de El Saaid, região do Alto Egito, chamada Tahtib (arte marcial masculina - os homens se enfeitavam como pavões e simulavam uma luta entre si, usando esta dança para mostrar sua força e postura e desviavam dos golpes de acordo com o ritmo da música). Nela são usados longos bastões chamados Shoumas. Estes bastões eram usados pelos homens para caminhar e para se defender.
Note que Saaid também é o nome do ritmo originário desta região. Provavelmente a dança feminina surgiu como forma de paródia do Tahtib, pois as mulheres costumam apresentar-se utilizando um bastão leve ou uma bengala, imitando-os, porém com movimentos mais graciosos e charmosos. 
A bengala era utilizada por pastores, e quando eles tinham que ir para a guerra deixavam a missão pastoril para suas mulheres e filhos. Quando retornavam das batalhas notavam que o número de ovelhas aumentava e eram bem saudáveis, então os homens da tribo injuriados demonstravam com a bengala sua destreza com as mãos. Eles dançavam nas festas utilizando a bengala com movimentos bem másculos que mais pareciam uma luta que uma dança, só que as mulheres dançavam utilizando a mesma coisa com graciosidade e sensualidade e neste campo os homens não podiam competir.

Ritmo
Para dançar com o bastão não é qualquer ritmo, o usado é o Said ou Maalub el Balady, nome originário de El Saaid, no Alto Egito (mais comum e o mais usado). É um ritmo 4/4 e possui muitas variações. As músicas desta dança seguem uma linha egípcia, alegre e com batidas específicas.
Porém pode ser dançado também com Maksoum, Malfouf ou até mesmo o Baladi. Durante a dança, a mulher apresenta toda a sua habilidade, equilíbrio e charme. Costuma-se chamar esta dança feminina de Raks El Assaya (assaya é o nome do bastão usado para longas caminhadas). É uma das danças mais alegres, caracterizada por movimentos com saltinhos e gingadas, além dos muitos movimentos com o bastão - giros, batidas, contornos, etc.
A Raks El Assaya foi introduzida nos grandes espetáculos de dança do ventre pelo coreógrafo Mahmoud Reda. Fifi Abdo teria sido a primeira grande dançarina a apresentar performances com a bengala. Porém ela se apresentava com roupas masculinas. 
Hoje, a dança com bastão se tornou a mais famosa das folclóricas, sendo muito comum em meio a apresentações de dança do ventre ao redor do mundo, o que salta aos olhos no Líbano, nos Estados Unidos e também aqui no Brasil, além, é claro, de no Egito. 

Indumentária
Numa apresentação que se pretende folclórica é imprescindível usar a galabía (túnica árabe) ou um vestido fechado, o qual o ventre da dançarina fica coberto, podendo ser justo ou mais folgado com aberturas laterais, medalhões, com um lenço ou xale no quadril e lenços na cabeça e moedas. 
Usa-se vestido nesta dança para lembrar as esposas dos pastores, os quais, tangiam rebanhos com bastões e ao final do dia, já nas aldeia ou oásis, em volta das fogueiras, dançavam alegremente com suas mulheres.
Mas com a popularização do Saidi tornou-se comum apresentações com vestidos justos e decotados e outras variações menos comuns de vestido. A roupa conhecida como bedlah (saia e bustiê - roupa padrão de Dança do Ventre) não deve ser usada para esta dança, e de fato isso não é muito visto por aí, a não ser com um vestido de renda por cima do bedlah - o que resulta num visual muito bonito.
 
Dançando
Movimentos delicados onde as mulheres apenas manejam o bastão demonstrando suas habilidades com o objeto, usando-o também como uma “moldura” para mostrar o corpo durante a execução de seus movimentos.
As mulheres demonstram toda sua habilidade girando o bastão de várias formas (giros verticais, horizontais e transversais) sempre com muito charme, delicadeza e em harmonia com o trabalho dos quadris, busto e cabeça, requebrando habilidade e jogo de corpo da bailarina. São utilizados nesta dança muitos passos saltados e movimentos de ombros. Ao dançar, a bailarina demonstra destreza, equilíbrio e sensualidade, e sua expressão deve ser de alegria.

A bengala
A curva da bengala deve estar geralmente pra baixo durante a dança. Mas também cabe lembrar que há bengalas sem essa curva, que se assemelham mais a um bastão. Qualquer um desses modelos é apropriado para dançar.

Fonte: 
http://rosangelabronca.blogspot.com.br/p/estilos-de-danca.html
http://www.angelfire.com/co2/dventre/saidi.html
http://musidanca.blogspot.com.br/2011/01/raks-al-assaya-ou-danca-do-bastao-ou.html
http://www.hindsaid.com.br/d_ventre/bastao_bengala.htm

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Mergulhando na história do Egito: Esfinge (documentário)

Na realidade, comecei assistindo ao documentário "O mistério da esfinge" (1993, 92 minutos) em que Charlton Heston apresenta este documentário que explora a possibilidade de a Grande Esfinge do Egito ser milhares de anos mais velha do que se imaginava.
Achei fascinante! Mas como não está disponível no youtube pra compartilhar (é do netflix)... compartilho com vocês outro documentário. Digamos, que um complementa o outro e que eu assisti em ordem inversa: primeiro esse do youtube (a história conhecida) e depois o do netflix (contesta a conhecida e trás novas curiosidades).

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Dança dos 7 Véus

Hijab: assim é a palavra “véu” em árabe, e significa “o que separa duas coisas”.
Separa o conhecido do desconhecido. Não apenas um enfeite, um acessório a mais, o véu mostra existir algo muito precioso que está escondido. Apenas o véu, de toda a indumentária usada na dança, permite uma interação tão sutil e suave do corpo com as vestes.
Reza a lenda que sua origem remota no antigo Egito, a Dança dos Sete Véus era executada pelas sacerdotisas em homenagem à Deusa Ísis, e representava um ritual de experiências sucessivas de auto-conhecimento até a ascensão espiritual. A sacerdotisa envolve-se com os sete véus, na seguinte ordem de cores: vermelho, laranja, verde, azul, lilás, branco. A veste por baixo dos véus é de cor clara. Os sete véus podem representar os sete chacras hindus (básico, esplênico, plexo solar, cardíaco, laríngeo, frontal e coronário). Ao longo da execução da “Dança dos Sete Véus”, retiram-se sucessivamente, com graça e mistério, os sete véus, cujas cores se relacionam ao arco-íris. A retirada de cada véu, plena de fascínio, sugere a revelação gradual da Luz.
De onde veio a simbologia para o número Sete? Lembremos que a Numerologia nasceu no Egito e veio ao ocidente através do grego Pitágoras. Para Pitágoras, tudo era número. O filósofo transmitiu sua sabedoria a seus discípulos, os quais guardavam absoluto sigilo sobre seu conhecimento. Passado muito tempo, os ensinamentos pitagóricos foram chegando até nós, como ruínas de um templo. O número Sete simboliza a combinação do Três (Céu) com o Quatro (Terra): o 3, representado por um triângulo, é o Espírito; o 4, representado por um quadrado, é a Matéria.
O Sete simboliza a totalidade dos mundos. A Dança dos Sete Véus eleva a bailarina em direção à plenitude do conhecimento.
Há também a versão de que inicialmente era dançada com 49 véus, passando mais tarde a ser realizada com apenas 7 véus, e era realizada em homenagem à Deusa Babilônica Ishtar ou Astarte, deusa do amor e da fertilidade. Segundo os babilônios, Tamuz, seu amado teria perdido a vida e foi levado para o reino dos mortos, e Ishtar, por amor, resolveu ir também para o reino dos mortos a fim de resgatá-lo. Determinada, Ishtar atravessou os 7 portais do mundo dos mortos, passando pelas 7 câmeras que haviam dentro de cada portal e lutando com os 49 demônios guardiões dos portais, Ishtar derrotou e dominou todos os demônios, deixando cair um de seus pertences durante as lutas em cada portal: um véu ou uma joia (cada um deles representando um de seus sete atributos: beleza, amor, saúde, fertilidade, poder, magia e o domínio sobre as estações do ano) Chegando assim, completamente nua ao final do último portal.
O véu representaria o que ocultamos dos outros e de nós mesmos. Ao deixar os véus Ishtar revela sua verdadeira essência e consegue unir-se a Tamuz, se tornando senhora do mundo dos mortos, e guardiã das chaves dos portais, que eram abertos somente para os iniciados.
No Egito, as sacerdotisas em seus templos, ofereciam a dança dos sete véus para a Deusa Isis, que dentro dela existe, e lhe dá beleza e força, representava um ritual de experiências sucessivas de auto-conhecimento até a ascensão espiritual, e era realizada em homenagem aos mortos. As sacerdotisas retiravam não só os véus, mas todos os adereços sobre o seu corpo, para simbolizar a sua entrada no mundo dos mortos sem apego a bens materiais. Os sete véus aludiam aos mistérios da deusa Isis.
Na Grécia a dança dos sete véus era realizada nos cultos da deusa grega Afrodite, a deusa do amor.
Com o tempo, a dança passou a ser realizada por bailarinas, que limitavam-se a retirar os véus, perdendo assim seu caráter espiritual, e ganhando uma conotação erótica, que permaneceu por muitos anos, até a redescoberta de sua verdadeira origem e significado.
Os sete véus simbolizam as sete cores do arco-íris, os sete planetas conhecidos na época da civilização egípcia antiga (que estão representados na dança como possuidores de qualidades e defeitos que influenciam o temperamento das pessoas), as sete notas musicais, os sete dias da semana, e os sete chacras (pontos energéticos do corpo humano). Na Dança dos Sete Véus, cada véu corresponde a um grau de iniciação, rumo á ascensão espiritual:
1º: Nesta iniciação a pessoa deverá trabalhar o domínio das tendências físicas inferiores básicas: purificação da alimentação, manutenção do corpo livre ao máximo de toxinas, transmutação da luxúria em amor, entre outras coisas. Neste estágio, a pessoa começa a tomar consciência de si mesma, como alma.    2º: Esta iniciação desenvolve o controle da camada emocional. Os desejos egoístas são substituídos pelo desejo de servir a humanidade e entra-se num trabalho intenso com a natureza emocional e psicológica. Aqui, o indivíduo toma consciência de quem é realmente, de todos os aspectos do seu eu, aceita-os e trabalha os aspectos negativos. A meta da segunda iniciação é fundir as metas e desejos pessoais, com as metas do Todo.      3º: Aqui o domínio do pensamento é o foco central. As formas de pensamento têm que se tornar claras e definidas, assim como os nossos propósitos ou desejos. Os pensamentos devem ser dirigidos para os planos superiores. O indivíduo precisa aprender a trabalhar com os bloqueios físicos, emocionais e mentais, não os negando, mas encontrando as suas raízes; e isso para muitas pessoas é a parte mais difícil.
4º: Existe um período de sacrifício e desapego profundos nesta iniciação, que também é chamada de "crucificação", e aqui a pessoa tem que trabalhar os medos, e as perdas. Neste estágio, a visão aumenta espantosamente e o interesse verdadeiro passa a ser elevar a humanidade, pois a essência da alma sabe que forma uma unidade com tudo o que existe. Aqui, o iniciado não é mais uma alma aprisionada, mas sim a própria alma. 
5º: É a revelação e ocorre no plano átmico. A vontade de servir, assume fundamental importância. A pessoa toma total consciência dos papéis desempenhados na evolução da Terra e do universo. Aqui a pessoa entra em pleno contacto com o seu poder pessoal, com o amor, e a luz. 
6º: Esta é a "iniciação da ascensão"; que se inicia agora e completa-se na 7.ª iniciação. Aqui a pessoa sente-se numa total unidade, vivenciando o amor incondicional divino e uma profunda paz. É necessário invocar e ser a Luz e o Amor.
7º: A partir daqui, não somos mais atraídos pelos mundos inferiores a não ser pela vontade de servir. Neste plano, a vontade espiritual se encontra plenamente ativada, entrando em pleno funcionamento ao lado do amor incondicional e da sabedoria. Neste estágio o amor incondicional, as motivações puras e o brilho da própria luz, reluzem na aura do iniciado.

Exemplo de coreografia solo:
Vermelho - Marte - Chacra Básico: sua retirada significa a vitória do amor cósmico e da confiança sobre a agressividade e a paixão. Entra-se com o véu vermelho (medindo 3 metros), movimentos fortes de véu e quadris, como batidas e shimies.
Laranja - Júpiter - Chacra Esplênico: dissolve o impulso dominador e dá vazão ao sentimento de proteção e ajuda ao próximo. O véu preso no quadril. Movimentos de shimies, oitos, redondos; o véu acompanha com movimentos do quadril.
Amarelo - Sol - Chacra Plexo Solar: elimina o orgulho e a vaidade excessiva, trazendo confiança, esperança e alegria. O véu cobrindo a barriga. Movimentos de ondulações, oitos laterais, oitos com ondulações, redondo interno e redondo grande.
Verde - Mercúrio - Chacra Cardíaco: mostra a divisão e a indecisão sendo vencidas pelo equilíbrio entre os opostos. O véu no busto ou em um dos braços. Movimentos de busto e braços.
Azul - Vênus - Chacra Laríngeo: revela que a dificuldade de expressão foi superada, em prol do bom relacionamento com os entes queridos. O véu no pescoço ou no outro braço preso a um bracelete. Véus verde e azul juntos com movimentos de cabeça.
Lilás - Saturno - Chacra Frontal: mostra a dissolução do excesso de rigor e seriedade, a conquista da consciência plena e o desenvolvimento da percepção sutil. O véu cobre o rosto (chador). Expressão de olhos e cabeça. Tira-se o chador.
Branco ou Prateado (união de todas as cores) - Lua - Chacra Coronário: mostra a imaginação transformada em pensamento criativo e pureza interior. O véu branco na cabeça (como véu dos beduínos). Retira-se o véu, utilizando-o com movimentos de giros e de casulo.
Durante a dança a bailarina realiza movimentos de meditação e de transe. A retirada de cada um dos véus, presos ao corpo da dançarina, representa a dissolução dos aspectos mais nefastos e a exaltação das qualidades pessoais. 


Os véus são retirados lentamente durante os movimentos. Retiram-se alguns véus, e outros são usados para se realizarem movimentos mais complexos. Duração da música: 07 (sete) minutos, sendo 01 (um) minuto para cada véu. Escolhe-se uma música que possibilite muitas variações de movimentos. Por baixo dos véus, usa-se preferencialmente roupa branca, de modelo à escolha da bailarina. Muitas bailarinas perfumam seus véus com aromas femininos e delicados. O perfume propicia um halo de mistério em torno de quem dança! Experimente e veja como a platéia se envolve com seus movimentos! A bailarina também pode assumir uma personagem: a sacerdotisa em busca da sua verdade. O despertar de sua consciência, de sua força e poder, dentro do mais perfeito equilíbrio.
Exercício de criatividade: Para cada minuto na sua Dança dos Sete Véus, associe uma nota musical, um planeta, um dia da semana... um passo de dança, um ritmo... Essa brincadeira estimula sua inteligência emocional e incentiva os sentidos da artista como um todo.

“A dança dos sete véus tem sido considerada como parte das tradições do Oriente Médio, mas não é praticada no Oriente. Foi uma criação da fantasia europeia e tem sido preservada pela industria do entretenimento.” 
Dance of Seven Veils, Shira

Shira escreve um longo artigo sobre a história da Dança dos Sete Véus, acredito que ela foi uma das primeiras bailarinas americanas a desmascarar a fantasia relacionada ao estilo. 
O artigo dela foi de extrema importância na época, porque até os anos 90, os sete véus eram ensinados como parte da tradição oriental. Mas, mais interessante é que ela considera a dança como parte do processo de criação artística ocidental estimulante para a criatividade da bailarina como intérprete.
Assim como Shira eu acredito que a bailarina tem a capacidade transformar algo  deturpado em  sublime. Isso é a função do artista não é!?
Acredito que no Ocidente a dança dos sete véus é um ícone que envolve todo o imaginário e a curiosidade sobre o Oriente.
A figura sedutora de uma mulher coberta por véus esvoaçantes atordoou a fantasia de muitos durante todo o século XX e até pouco tempo atrás era sinônimo de dança do ventre. 
Ao classificarmos como um mito orientalista (fantasia ocidental a respeito do oriente) não podemos desqualificá-la como menor em relação as demais,  a fantasia deu vazão para algo muito bonito e que inquieta nosso imaginário de tão sensual e misteriosa que é. Temos que considerar também os aspectos terapêuticos que foram estudados a partir deste estilo. Entre sagrado e profano a fantasia se transforma em mito, adequado ao nosso contexto cultural.
Eu, particularmente, não gosto muito de algumas coreografias, tenho a sensação de que a bailarina se parece com uma banquinha de retalhos ambulante e estruturei tamanhos aos véus justamente para evitar essa impressão.

Sete Véus: 
3 véus de 2mX1,20m 
2 véus de 1,20X1m
2 veus de 70cmX50cm
Assim os três maiores ficam presos pelos seus dedos e você pode brincar com eles durante um tempo. Os dois menores ficam presos ou como parte da saia ou como uma túnica transparente (sem aparecer os nós) e os menores amarrados como lenços ao redor da cintura. (Preciso desenhar isso para ficar mais claro, farei assim que estiver em terra firme!)

Fonte:
http://tatimgm.blogspot.com.br/2012/10/danca-dos-7-veus.html
http://www.seteveus.com.br/escola.htm
http://zahrali.tumblr.com/